segunda-feira, 8 de setembro de 2014

"Insultar não é cristão"

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de ontem, domingo, extraído do capítulo 18 de Mateus, apresenta o tema da correção fraterna na comunidade dos fiéis, isto é, como eu tenho que corrigir outro cristão quando ele não faz uma coisa boa. Jesus nos ensina que, se o meu irmão cristão comete um pecado contra mim, me ofende, eu devo ter caridade para com ele e, em primeiro lugar, falar com ele pessoalmente, explicando-lhe que o que ele disse ou fez não é bom. E se o seu irmão não me ouvir? Jesus sugere uma intervenção progressiva: primeiro, voltar a falar-lhe com duas ou três outras pessoas, para ter mais consciência do erro que ele cometeu; se, apesar disso, não aceita a exortação, deve-se apresentar à comunidade; e se não ouvir sequer a comunidade, é preciso fazê-lo sentir a fratura e o distanciamento que ele mesmo provocou, destruindo a comunhão com os irmãos na fé.
As etapas deste percurso mostram o esforço que o Senhor pede à sua comunidade para acompanhar aqueles que erram, a fim de que não se perca. É necessário, antes de qualquer coisa, evitar o clamor da crônica e a murmuração da comunidade - essa é a primeira coisa, evite isso -. “Vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo!” (V.15). A atitude é de delicadeza, prudência, humildade, atenção para com quem pecou, de maneira a evitar que as palavras possam ferir e matar seu irmão. Porque, vocês sabem, até mesmo as palavras matam! Quando falo mal, faço uma crítica injusta, quando eu "descarno" um irmão com a minha língua, isso é matar a reputação do outro! Mesmo as palavras matam. Prestemos atenção nisso. Ao mesmo tempo, esta discrição de falar com ele sozinho tem a finalidade de não mortificar inutilmente o pecador. Se há uma conversa entre os dois, ninguém percebe isso e está tudo acabado. É à luz desta necessidade, compreende-se a serie sucessiva de intervenções, que inclui a participação de algumas testemunhas e até mesmo da comunidade. O objetivo é ajudar a pessoa a perceber o que ela fez, e que com a sua culpa ofendeu não apenas um, mas todos. Mas também para nos ajudar a nos libertar da ira e do ressentimento que só fazem mal: a amargura do coração que traz ira e ressentimento, e que nos leva a insultar e agredir. É muito feio ver sair da boca de um cristão um insulto ou uma agressão. É feio. Sabe? Nada de insultos! Insultar não é cristão. Entenderam? Insultar não é cristão.
Na verdade, diante de Deus todos nós somos pecadores e necessitados de perdão. Todos. Jesus, de fato, nos disse para não julgar. A correção fraterna é um aspecto do amor e da comunhão que deve reinar na comunidade cristã, é um serviço recíproco que podemos e devemos fazer uns aos outros. Corrigir o irmão é um serviço, e é possível e eficaz se cada um se reconhece pecador e necessitado do perdão do Senhor. A mesma consciência que me faz reconhecer o erro do outro, antes, me lembra que eu mesmo errei tantas vezes.
Por esta razão, no início da Missa, sempre somos convidados a reconhecer diante do Senhor que somos pecadores, expressando com palavras e gestos o arrependimento sincero do coração. E dizemos: “Senhor, tende piedade de mim, Senhor. Eu sou um pecador! Confesso, Deus Onipotente, meus pecados”. E nós não dizemos: “Senhor, tende piedade dessa pessoa que está ao meu lado, ou daqueles, que são pecadores”. Não! Tende misericórdia de mim. Todos somos pecadores e necessitados do perdão do Senhor. É o Espírito Santo que fala ao nosso espírito e nos faz reconhecer nossas culpas à luz da Palavra de Jesus. E é o mesmo Jesus que convida a todos, santos e pecadores, à sua mesa, nos tirando das encruzilhadas das estradas, das diversas situações vida (cf. Mt 22,9-10). E entre as condições que são comuns dos que participam da celebração eucarística, duas são fundamentais: todos somos pecadores e a todos Deus doa a sua misericórdia. São duas condições que abrem as portas para ir bem à Missa. Devemos nos lembrar sempre disso antes de corrigirmos fraternalmente o nosso irmão.

Peçamos por intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, que amanhã celebraremos a festa litúrgica da sua Natividade.

Fonte: Zenit.

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