domingo, 14 de setembro de 2014

Exaltação da Santa Cruz



Para compreender esta festa devemos voltar a Constantino. Ele havia mandado construir em Jerusalém uma basílica no Gólgota e no Sepulcro de Cristo Ressuscitado. A dedicação desta basílica se realizou a 13 de setembro de 335. No dia seguinte foi mostrado ao povo o lenho da Cruz. Assim, o dia 14 de setembro foi dedicado à exaltação da santa cruz, isto é: o triunfo da cruz.
O símbolo da cruz sacralizou, por séculos, todos os cantos da terra e todas as manifestações sociais e privadas. Atualmente corre o risco de ser varrido ou, pior, instrumentalizado por uma moda de consumo. Hoje com o pretexto de ser um Estado laico, se quer eliminar o símbolo da cruz nos lugares públicos, para não fazer propaganda cristã. Se confunde a sã laicidade do Estado com uma luta anti religiosa que se esforça de impedir ao homem uma relação com a transcendência.    
Mas o principio da laicidade consiste na recíproca autônoma entre a ordem temporal e espiritual. Autonomia não significa indiferença, mas a proibição do Estado de entrar nas questões religiosas e pela autoridade religiosa na preclusão de exercer dentre o Estado um poder temporal. Por isso, o Estado não pode proibir a um crente de mostrar externamente a sua fé com um símbolo de extrema importância e significado.   
Mas, além disso, a cruz  não é só monopólio dos cristãos, desde sempre é o símbolo do sofrimento humano. O crucifixo é o símbolo universal da injustiça humana, ensina a paciência, a compreensão, a solidariedade para com todos que sofrem perseguições e violência. É o sinal mais laico que pode existir. Naquela simples cruz se resume a história do gênero humano, são denunciadas todas as barbáries que o homem perpetrou iniciando do assassinato de Abel até os massacres e genocídios de hoje.
Natália Ginzburg, agnóstica, escreveu em 1988 que o crucifixo é o sinal do sofrimento humano, faz parte da história da humanidade. Eliminar o crucifixo significa destruir o elemento fundamental da nossa história. Ele não provoca nenhuma discriminação. Está calado, não fala. Tudo suporta por amor. É o sinal da completa doação. Representa todos, também os laicos, os agnósticos e os ateus, porque todos sofrem injustiças.
Seria bom que este símbolo nos fizesse voltar aos verdadeiros ‘crucifixos’: os pobres, doentes, anciãos, explorados, etc. Mas para compreender tudo isso precisa sabedoria. São Paulo escreveu: “A pregação da cruz é loucura para os que se perdem [...] Nós proclamamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos [...] Cristo é sabedoria de Deus” (I Cor 1, 18, 23-24).
Cristo crucificado e ressuscitado é a nossa única e verdadeira esperança. Fortificados pela sua ajuda, também os seus discípulos se tornam homens e mulheres de esperança. Não de esperanças transitórias e fugazes, que depois deixam cansado e desiludido o coração humano, mas da verdadeira esperança, dom de Deus que, sustentada do alto, tende a conseguir o sumo Bem e está certa de o alcançar. Desta esperança, tem necessidade também o mundo de hoje.

Fonte: Zenit.

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