quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O direito à vida e à liberdade

Publicamos a seguir o discurso de Miklós Soltész, ministro húngaro de Assuntos Sociais e da Família, pronunciado em Roma neste sábado, 10 de dezembro, na entrega do Prêmio Europeu Para a Vida Madre Teresa de Calcutá.

“Uma característica dos tempos decadentes sempre foi o medo da graça de um filho”. Esta é uma frase escrita por um bispo da Transilvânia, que ficou preso pelo regime comunista durante um longo tempo por causa de sua fé. Nos anos setenta, o bispo escreveu as suas reflexões sobre a família, o casamento e as responsabilidades dos pais. Ele alertava sobre os perigos do pensamento da sociedade liberalista e sua mensagem ainda é muito oportuna.

Nos últimos meses, nós, húngaros, temos experimentado ataques e críticas contra quem se posiciona a favor da família entendida como um valor.

Durante a nossa presidência de turno da União Europeia, procuramos chamar a atenção para a importância da família com uma série de eventos cujo título era A Europa para as famílias, as famílias para a Europa.

Algumas organizações tentaram nos convencer a desistir da família como tema e a esvaziar a mensagem do seu valor. Eles falharam.

Fazendo uso de fundos europeus em favor da igualdade de oportunidades, nós lançamos uma campanha para proteger os meninos e as meninas concebidos, indicando a adoção como alternativa ao aborto.

Mas isto não agradou aos órgãos competentes da União Europeia, que nos obrigaram a retirar os manifestos e cancelaram o financiamento que já estava concedido.

Tudo isso foi feito porque, de acordo com a autoridade competente, a proteção da vida em gestação não é compatível com o conceito europeu, e o direito das mães ao aborto vem antes de qualquer coisa. Mas eles não contavam com a providência, porque uma campanha de poucas dezenas de milhares de euros conseguiu fazer um eco mundial.

A este propósito, eu gostaria de agradecer ao Presidente do Movimento pela Vida, Carlo Casini, pela postura abertamente assumida no Parlamento Europeu, onde alguns tentaram usar esse caso para criticar a Hungria. No entanto, graças à nossa luta comum e a esta campanha, o número de interrupções voluntárias da gravidez se reduziu em dois mil casos.

Alguns políticos europeus também criticaram a nossa decisão de incluir na nova Constituição o primeiro verso do hino húngaro, que diz: "Deus abençoe os húngaros".

Fomos criticados por ter ressaltado que a Hungria protege a instituição do casamento natural como uma comunhão de vida entre um homem e uma mulher, fundamentada na sua decisão voluntária de dar vida a uma família. Isso também foi criticado porque inserimos na Constituição que a vida deve ser protegida desde o momento da concepção.

Em comparação com os principais países europeus, eu acredito que o papel do nosso país é particularmente importante na conservação e na proteção dos valores familiares. O futuro da Europa depende com certeza da cooperação econômica e financeira dos países-membros. Mas, se a União Europeia não redescobrir os seus próprios valores fundamentais, como são as suas raízes cristãs, o respeito pelas famílias e a importância da procriação, não será possível superar a crise.

Setenta anos atrás, um bispo escreveu: “Até a ciência, a essa altura, já concorda plenamente com o fato de que as mães sofrem mais pelos filhos não nascidos do que por aqueles que nasceram”. Por isso mesmo é importante o nosso apelo à Europa, que assim poderá sofrer menos por causa dos filhos que nunca nasceram.

Espero que os ideais em que Chiara Lubich acreditava possam dar forças para a Europa e para todos vocês.

Fonte: Zenit.

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