Coordenadores de pastoral das cem dioceses de maior população participaram, em Brasília, do Seminário sobre Pastoral Urbana, organizado pelo Instituto Nacional de Pastoral (INP). O evento, que terminou hoje, 12, discutiu durante quatro dias o fenômeno urbano a partir de quatro categorias: territorialidade e desterritorialidade; midiatização e mediatização; subjetividade e autonomia; novas formas de sociabilidade e exclusão.
Foram convidados 12 especialistas em sociologia, teologia, psicologia e comunicação que analisaram estas categorias do ponto de vista sociopolítico, teológico e pastoral. Uma constatação unânime entre os especialistas é que não se pode reduzir o fenômeno urbano à cidade.
Segundo o presidente do INP, padre Agenor Brighenti, um olhar amador e empírico não é suficiente para entender o fenômeno urbano. “Além do imprescindível saber popular, que não é anticientífico, é preciso recorrer a uma análise científica e profissional, sem esperar, entretanto, que as ciências sejam capazes de explicar tudo o que se passa nas cidades”, sublinha Brighenti.
Segundo a doutora em geografia, Maria Adélia Aparecida de Souza, é difícil falar da Pastoral Urbana, apenas estudando e agindo na cidade. “O modo de vida urbano, hoje, invadiu o campo, ou seja, esse mundo tornou-se totalmente dependente do movo de vida e de relações urbanas, possibilitado pela acessibilidade de todos aos objetos técnicos disponíveis”, lembra a professora.
Adélia explicou o que se deve entender por territorialidade. “O território usado é condição da existência e não atributo da ‘coisa’”, explicou. “Território usado, espaço banal, é espaço de todos os homens e mulheres, de todas as instituições e de todas as organizações”, completou.
Padre Moneol Godoy, que aprofundou a territorialidade do ponto de vista teológico, concorda com Adélia. “Territorialidade, em termos de pastoral urbana, não se identifica com espaço. Ela é este, porém, revestido das dimensões políticas, humanas, afetivas, culturais engendradas por um segmento da sociedade. Entendemos que territorialidade é o espaço já identificado com um determinado sistema de vida”, aponta.
A teóloga Lúcia Pedrosa-Pádua analisou a categoria da subjetividade e a autonomia sob o ponto de vista teológico. “A subjetividade-autonomia é valorizada dentro da própria reflexão teológica cristã. Nesta, o sujeito é chamado a se desenvolver como pessoa – sujeito livre, responsável e capaz de amar”, disse a teóloga. “Devemos aprofundar nas formas de desenvolvimento de uma subjetividade aberta: que reconhece o outro em sua dignidade e singularidade de pessoa, que respeita o ambiente e que se abre a Deus enquanto Outro, e não como projeção das necessidades e interesses próprios”, acrescentou.
Na perspectiva pastoral, as novas formas de sociabilidade e exclusão foram analisadas pelo padre Alfredo José Gonçalves, mais conhecido como padre Alfredinho.
“O mundo urbano ajunta e separa; facilmente cria muros. O que mais existe no mundo urbano são muros e segurança”, disse padre Alfredinho. Ele alertou para que esta separação não ocorra também na Igreja.
Fonte: CNBB
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