Bento XVI incentiva a instituição de uma comissão bilateral Santa Sé - Irã, na carta que enviou ao presidente da República Islâmica do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
O texto, divulgado hoje pela Sala de Imprensa da Santa Sé, foi entregue ao presidente iraniano pelo presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, cardeal Jean-Louis Tauran, durante um encontro realizado no dia 9 de novembro, em Tehran.
"Tenho certeza de que a criação de uma comissão bilateral será especialmente útil no tratamento de questões de interesse comum, incluindo a o status jurídico da Igreja Católica em seu país", declara o Pontífice na carta.
"Os católicos presentes no Irã e os que estão espalhados pelo mundo realizam esforços para colaborar com seus concidadãos, para contribuir leal e honestamente para o bem comum das sociedades nas quais vivem, convertendo-se em construtores de paz e de reconciliação", recorda.
Neste espírito, expressa "a esperança de que as relações cordiais já felizmente existentes entre a Santa Sé e o Irã continuem progredindo, assim como as da Igreja local com as autoridades civis".
Na carta ao presidente do Irã, Bento XVI se mostra profundamente certo de que "o respeito à dimensão transcendente da pessoa humana é uma condição indispensável para a construção de uma ordem social justa e uma paz estável".
"De fato, a relação com Deus é o fundamento último da inalienável dignidade e do caráter sagrado de toda vida humana", acrescenta.
"Quando a promoção da dignidade da pessoa humana é a principal inspiração da atividade política e social que está comprometida na busca do bem comum, criam-se fundamentos sólidos e duradouros para construir a paz e a harmonia entre os povos."
A paz, recorda o Bispo de Roma, "é, antes de tudo, um dom de Deus, que se solicita na oração, mas também é o resultado dos esforços das pessoas de boa vontade".
"Desse ponto de vista - destaca -, os crentes de todas as religiões têm uma responsabilidade especial e podem desempenhar uma função decisiva, cooperando em iniciativas comuns."
E acrescenta: "O diálogo inter-religioso é um caminho fundamental para a paz".
Neste contexto, o Papa recorda a Assembleia Especial para o Oriente Médio, do Sínodo dos Bispos, realizada no Vaticano de 10 a 24 de outubro.
E qualifica como "um momento significativo de reflexão e partilha sobre a situação no Oriente Médio e sobre os grandes desafios das comunidades católicas presentes lá".
"Em alguns países - constata -, essas comunidades enfrentam circunstâncias difíceis, discriminação e inclusive violência, e carecem da liberdade para viver e professar publicamente sua fé."
E indica: "Tenho certeza de que o trabalho do Sínodo trará bons frutos para a Igreja e para o conjunto da sociedade".
A carta responde a uma mensagem que o presidente do Irã havia dirigido ao Papa. Como explica o Pontífice no início, tem como objetivo "reconhecer as cordiais palavras de saudação e as reflexões" que o presidente enviou a Bento XVI pelos "bons ofícios" do vice-presidente do Irã, Hojjat ol Eslam Haj Sayyed Mohammad Reza Mir Tajjadini.
O cardeal Tauran participou do 7º Colóquio do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso com o Centro para o Diálogo Inter-Religioso do Islamic Culture and Relations Organization.
Este encontro foi realizado na capital do Irã entre os dias 9 e 11 de outubro, com o tema "Religião e sociedade: perspectivas cristãs e muçulmanas".
Durante a recepção do presidente Ahmadinejad ao cardeal Tauran, na qual o purpurado lhe entregou a carta do Papa, na última terça-feira, destacou-se a necessidade de promover a colaboração entre cristãos e muçulmanos ao serviço da paz no mundo.
Fonte: Zenit.
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