O arcebispo de Braga e presidente da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa), Dom Jorge Ortiga, considera que a Igreja em Portugal “poderá estar a viver um momento histórico”, ao ser “desafiada a ‘repensar-se’ para delinear, no discernimento do Espírito, uma pastoral adequada aos novos tempos”.
O prelado falou nessa terça-feira, em Braga, na abertura dos trabalhos do Conselho Presbiteral Arquidiocesano.
“Não é pretensão encontrar alternativas pastorais que visem apenas substituir ou passar a novos modelos. A crise obriga-nos a ir ao âmago das questões e reconhecer que num mundo em constante transformação não bastam meras adaptações”, disse.
Para Dom Ortiga, “emerge a interpretação da atual crise como ressurgimento de um discipulado a caminho de Emaús, pronto a escutar e a viver a surpreendente novidade da Palavra de Deus”.
O arcebispo adverte que, nas horas de mudança, “somos tentados a ceder a um certo saudosismo, que inibe a força e alegria para encetarmos um novo dinamismo pastoral. É imperioso dar espaço e ‘oportunidade ao inédito’”.
Mas o que falta para realizar quotidianamente uma nova primavera na Igreja? – pergunta –. “Bento XVI, citando João Paulo II na sua homilia do Porto, considera que ‘a Igreja tem necessidade sobretudo de grandes correntes, movimentos e testemunhos de santidade entre os fiéis’”.
“Para que esta primavera aconteça é indispensável permanecermos conscientes de que somos os primeiros destinatários do Evangelho, o qual exige de nós fidelidade e seguimento”, afirma.
Segundo o presidente da CEP, na aceitação desta visão “surge necessariamente uma apelo à conversão do nosso modo de estar em Igreja”.
“Por isso – prossegue –, inquieta-me o modo e o tempo que os sacerdotes têm dedicado à Evangelização da Boa-nova de Cristo.”
“Algumas questões se colocam: Onde está centralizada a nossa pastoral? O que nos move? O que é ser discípulo de Cristo, hoje? (...) Atuamos como discípulos ou como mercenários da religião e da caridade?”
Apesar de reconhecer que “são muitos os bens exemplos de padres e leigos que seguem a Cristo radicalmente e que levam uma vida coerente com aquilo em que acreditam”, Dom Jorge Ortiga adverte que, “contudo, outros permanecem à margem do Evangelho e da comunhão eclesial”.
“Uma certeza acompanha-nos: não basta adaptar modelos; é preciso que cada um se sinta parte implicada nessa mudança”, afirma.
Fonte: Zenit.
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