quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sagrada Família de Jesus, Maria e José



Como no presépio, o olhar de fé faz-nos abraçar simultaneamente o Menino divino e as pessoas que Lhe estão ao lado: a sua Mãe Santíssima, e José, o seu pai adotivo. Que luz se desprende deste «ícone de grupo» do Santo Natal! Luz de misericórdia e de salvação para o mundo inteiro, luz de verdade para cada homem, para a família humana e para as famílias individualmente. Como é belo para os cônjuges verem-se refletidos na Virgem Maria e no seu esposo José! Como é consolador para os pais, especialmente se têm uma criança pequena! Como é iluminador para os noivos, atraídos pelos seus projetos de vida!
Recolher-nos em torno da gruta de Belém, contemplando ali a Sagrada Família, faz-nos saborear de modo especial o dom da intimidade familiar, e impele-nos a oferecer calor humano e solidariedade concreta naquelas situações, infelizmente numerosas, em que, por vários motivos, falta a paz, a harmonia e, numa palavra, falta a «família». (cf.: João Paulo II –Ângelus - Domingo, 29 de Dezembro de 1996).
A família tem a sua origem naquele mesmo amor com que o Criador abraça o mundo criado, como se afirma já «ao princípio», no livro do Gênesis (1, 1). Uma suprema confirmação disso mesmo, no-la oferece Jesus no Evangelho: «Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho unigênito» (Jo 3, 16). O Filho unigênito, consubstancial ao Pai, «Deus de Deus, Luz da Luz», entrou na história dos homens através da família: «Pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-Se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, (...) amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria tornou-Se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado» (3). Se for certo que Cristo «revela plenamente o homem a si mesmo» (4), fá-lo a começar da família onde Ele escolheu nascer e crescer. Sabe-se que o Redentor passou grande parte da sua vida no recanto escondido de Nazaré, «submisso» (Lc 2, 51) como «filho do homem» a Maria, sua Mãe, e a José, o carpinteiro. Esta sua «obediência» filial não é já a primeira manifestação daquela obediência ao Pai «até à morte» (Fl 2, 8), por meio da qual redimiu o mundo?
O mistério divino da Encarnação do Verbo está, pois, em estreita relação com a família humana. Não apenas com uma — a de Nazaré —, mas de certo forma com cada família, analogamente a quanto afirma o Concílio Vaticano II do Filho de Deus que, na encarnação, «Se uniu de certo modo com cada homem» (5). Seguindo a Cristo que «veio» ao mundo «para servir» (Mt 20, 28), a Igreja considera o serviço à família uma das suas obrigações essenciais. Neste sentido, tanto o homem como a família constituem «a via da Igreja». (Cf.: Carta do Papa João Paulo II às famílias - 1994 – Ano da Família)
A mensagem que vem da Sagrada Família é, antes de tudo, uma mensagem de fé: a casa de Nazaré é aquela onde Deus está verdadeiramente no centro. Para Maria e José esta opção de fé concretiza-se no serviço ao Filho de Deus que lhes foi confiado, mas exprime-se também no seu amor recíproco, rico de ternura espiritual e de fidelidade.
Eles, com a sua vida, ensinam que o matrimonio é uma aliança entre o homem e a mulher, aliança que empenha na fidelidade recíproca e se apóia na comum entrega a Deus. Aliança tão nobre, profunda e definitiva, que constitui para os crentes o sacramento do amor de Cristo e da Igreja. A fidelidade dos cônjuges, por sua vez, põe-se como rocha sólida sobre a qual se apóia a confiança dos filhos.
Quando pais e filhos respiram juntos este clima de fé, dispõem duma energia que lhes permite enfrentar provas mesmo difíceis, como mostra a experiência da Sagrada Família. (cf.: João Paulo II –Ângelus - Domingo, 29 de Dezembro de 1996).

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