Entrevista com Franco Miano, presidente da Ação Católica Italiana
Por Chiara Santomiero
Imigração, legalidade, justiça, trabalho, além de economia, ética, passando ainda por cultura, meio ambiente, temas globais: estes são alguns dos pontos que serão abordados nas 16 convenções públicas, uma para cada região eclesial, organizadas pela Ação Católica Italiana (AC) como preparação para a Semana Social dos Católicos, à luz da Doutrina Social da Igreja e da encíclica Caritas in Veritate. ZENIT falou com Franco Miano, presidente da organização.
-Qual é objetivo destes encontros?
-Miano: Há um objetivo geral de divulgar o trabalho da AC, que está sempre preocupada com os problemas sociais e pretende participar ativamente de sua solução. A atenção dada à vida no país está ligada à natureza fundamental da associação, composta de leigos ativa e dinamicamente inseridos na vida da Igreja, fato testemunhado pelos 140 anos de história da associação.
Especificamente, os encontros se propõem a contribuir para as preparações para a Semana Social dos Católicos, que ocorrerá entre 14 e 17 de outubro do próximo ano, na Calábria, e cujo tema será “Católicos na Itália de hoje. Uma agenda de esperança para o futuro do país”, tendo como reflexão central a questão do bem comum. A característica comum a todos os encontros será a abordagem dos problemas específicos de cada região, sem perder de vista as dimensões nacionais e internacionais destes problemas.
A referência essencial é a “Nota sobre a situação do país”, publicada em setembro passado, na qual a AC divulga suas reflexões a respeito dos principais temas que animam o debate político na Itália – particularmente os temas da imigração, relação entre o norte e o sul do país, a crise econômica e precarização do trabalho.
-Quais são as responsabilidades de um membro da Igreja neste contexto?
-Miano: Para os católicos, esta é uma oportunidade de expressar na prática a Doutrina Social da Igreja, que não pode permanecer uma mera teoria, como ensina a Caritas in Veritate. O cardeal Bagnasco, presidente da conferência episcopal italiana, pede, em carta dirigida à AC em outubro passado, que “atuemos com força na vida cotidiana de nossa comunidade”. Uma associação de leigos com AC, diz o cardeal, tem muito a contribuir “pelas pastorais mais próximas à vida das pessoas”.
-É possível fazer um balanço parcial das realizações alcançadas nos encontros?
-Miano: Já estamos no sexto encontro, e o ciclo será completado, com o último encontro, em abril de 2010, na cidade de Turim. A participação têm sido intensa em todos os encontros, graças à relevância imediata dos temas tratados. Particularmente significativo foi o ocorrido em Ambruzzo-Molise, sobre o tema “Fé, cultura e trabalho: um caminho de reconstrução e esperança”.
As muitas instituições que participaram dos eventos destacaram que, ao lado da Cáritas, a AC tem assumido desde o início um compromisso com uma assistência próxima que fosse além das necessidades materiais, atuando na reconstrução das comunidades e das igrejas.
O maior mérito da associação é o de estar sempre presente nos momentos mais difíceis, para que ninguém se sinta sozinho. É essa característica que mais chama a atenção em todos os encontros: a identidade unificada da AC, expressa em sua dedicação constante às comunidades e às pessoas, no seu amor pelas igrejas locais, conforme os ensinamentos do Concílio Vaticano II.
Fonte: Zenit.
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