"A todos os cristãos do mundo, nós pedimos: não nos abandonem", disse Dom Shlemon Warduni, bispo auxiliar caldeu de Bagdá, após os recentes atentados terroristas contra cristãos e igrejas no Iraque.
Em entrevista à Agência Fides, o prelado disse que a situação no Iraque "é motivo de preocupação e tristeza”. A guerra e a ocupação militar trouxeram instabilidade política e ingovernabilidade, causando "miséria e destruição", e forçando um terço da comunidade cristã do país a emigrar.
"É uma tragédia de enormes proporções, que deve ser mostrada aos olhos do mundo", disse ele.
A falta de planejamento político e a debilitação das instituições, observou, "têm feito proliferar o terrorismo, que hoje tem em sua agenda a desestabilização do país".
Mencionando os recentes atentados contra igrejas cristãs em Mossul, ocorridos nas duas últimas semanas, e em Bagdá, onde um carro-bomba posicionado em frente a uma igreja matou duas pessoas e feriu outras 30, o prelado disse que “a tranqüilidade constitui apenas um breve descanso entre dois atentados”.
Segundo o bispo, os ataques evidenciam que “há um plano para nos atingir (os cristãos). Dirigir dez artefatos explosivos contra igrejas num único dia tem um significado claro de intimidação”.
Dom Warduni expressou também sua rejeição pelo projeto em discussão de reunir todas as igrejas cristãs na região da planície de Nínive, qualificando-o com “absurdo e insensato”. “Significaria confinar os cristãos a um gueto, engaiolando-os, esmagando-os entre os curdos e árabes em conflito”.
“Não pedimos um tratamento privilegiado, mas apenas respeito à nossa dignidade, à nossa liberdade e aos nossos direitos fundamentais: viver em paz, anunciar o Evangelho e contribuir para a construção de nossa Nação.”
“Os governos que promovem a democracia e os direitos humanos, sempre prontos a defender seus interesses econômicos no Iraque, deveriam trabalhar para erradicar o terrorismo e promover a paz e a legalidade no país".
Denunciando a manipulação política da situação de instabilidade, o prelado disse que diferentes partidos políticos tentam “atrair (os cristãos) para sua órbita para seus próprios interesses”, pedindo que sejam tomadas ações concretas: “Nos fazem sempre muitas promessas, mas queremos fatos”, acrescentando que os cristãos no país “jamais agiram com violência, tendo sempre buscado a paz para todo o Iraque”.
Para Dom Louis Sako, arcebispo de Kirkuk, trata-se de uma situação de “limpeza étnica e religiosa”, que vem sendo intensificada pela proximidade do Natal. “A situação é muito tensa” acrescentando: “onde está o governo central”?
Enfatizando a necessidade de um governo unificador forte “capaz de reprimir a violência” e pedindo um posicionamento claro por parte das igrejas e partidos cristãos “em nome da paz e da convivência entre as diferentes etnias e religiões" - porque “destruir esse mosaico” – concluiu – “seria destruir todo o Iraque”.
Fonte: Zenit.
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