A Igreja Católica, com sua tradição bimilenar prepara o Natal dando aos seus fiéis um tempo de reflexão, através da liturgia e da Palavra. O Ano Litúrgico gira em torno das duas grandes festas do mistério de nossa salvação: o Natal e a Páscoa. O intuito é recordar vivencialmente estes momentos marcantes do cristianismo. Já adentramos no Advento domingo passado, que nos predispõe para o Natal. Serão quatro semanas, onde cada lar e coração, prepara o ambiente para receber um visitante ilustre. De fato, assim como nos preparamos para receber personalidades, ainda mais deveríamos fazê-lo para celebrar o Natal. Vamos meditar as passagens bíblicas da narrativa de Lucas, através delas o povo cristão é convidado a preparar os caminhos para a vinda do Rei da Paz. O Cristo Senhor, que há dois mil anos nasceu como homem numa manjedoura em Belém da Judéia, deseja ardentemente nascer em nossos corações: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo" (Ap 3, 20).Este tempo nos impulsiona a aprofundar a espera do Senhor que virá para visitar o seu povo. Deixemo-nos, desta forma, nos transformar por Cristo. Ele nos amou de modo incondicional assumindo nossa humanidade, de tal modo que São Paulo expressa: "Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rom 8,38-39).Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia nos convida a vigiar e esperar a vinda gloriosa do Salvador. Um dia, o Senhor voltará para colocar um fim na História humana, mas o nosso encontro com Ele também está marcado para logo após a morte. Nas duas últimas semanas, lembrando a espera dos profetas e de Maria, nós nos preparamos mais especialmente para celebrar o nascimento de Jesus, em Belém. Os Profetas anunciaram esse acontecimento com riqueza de detalhes.A liturgia do Advento vai demonstrando claramente a paixão de Deus pelo ser humano. Mesmo que este cometa tantas desgraças, "Deus não quer a morte do pecador, mas que este se converta e viva". Jesus quer o mesmo: "Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância" (Jo 10,10). Por isso Ele chamou os pecadores à conversão: "Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus" (Mt 4,17); "convertei-vos e crede no Evangelho" ( Mc 1,15).Estas semanas lembram a vinda de Cristo aqui na terra para nos proporcionar um antegosto do céu, porém, recorda que o melhor ainda está por vir! Eis o motivo para começar a nos alegrar de todo o coração!Por que, afinal, alegramo-nos tão pouco pelo céu? Porque pouco ou nada nos ocupamos com ele. Quando alguma coisa nos interessa, nos envolvemos com ela, por exemplo, com um hobby especial, essa ocupação nos satisfaz. Exatamente o mesmo acontece com o céu. Se neste tempo do Advento, no qual vivemos agora, nos ocupássemos mais com o céu, a nossa alegria antecipada também seria muito maior!Onde está o nosso coração, ali também estão as coisas com que mais nos ocupamos; e onde estiverem essas coisas, também estará sempre o nosso coração. Portanto, ocupemo-nos intensamente com a preparação do nascimento do Menino Deus. Sabemos muito bem porque nestes dias as crianças vivem numa espera tão ansiosa: por causa dos presentes e doces que receberão. Pois bem, o tempo do Advento é caracterizado pela espera. Por isso, muitos filhos de Deus também almejam novas bênçãos justamente neste período. Almejamos uma vida nova, calcada no exemplo do Cristo.
*Assessor de Comunicação e Coordenador de Pastoral da Diocese de
Dourados.
Pe. Crispim Guimarães*
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