Toda decisão econômica tem impacto direto sobre a pessoa humana, que está no foco de toda atividade e deve ser priorizada em relação a qualquer outro interesse.
É o que disse Bento XVI na manhã desta quinta-feira, ao receber em audiência os novos embaixadores junto à Santa Sé da Dinamarca, Uganda, Sudão, Quênia, Cazaquistão, Bangladesh, Finlândia e Letônia.
"Em um mundo cada vez mais globalizado, os esforços para promover o desenvolvimento humano integral e uma ordem econômica sustentável devem considerar a relação fundamental entre Deus, a criação e suas criaturas", disse o Papa em seu discurso ao representante dinamarquês, Hans Klingenberg.
Sob essa perspectiva, “as tendências à fragmentação social e as iniciativas de desenvolvimento desigual podem ser superadas ao se reconhecer a dimensão moral unificante que está na constituição de cada ser humano, e as conseqüências morais de toda decisão econômica”.
Lembrando que a capital dinamarquesa, Copenhague, está hospedando a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o Papa destacou que "as decisões políticas e diplomáticas envolvidas ao se tratar uma questão tão complexa testam nossa determinação de renunciar às supostas vantagens nacionalistas ou de curto prazo, e de dar espaço a soluções de longo prazo para toda a família humana”.
"Uma mudança fundamental no comportamento humano - individual ou coletivo - exige a conversão do coração."
O Papa também ressaltou que os deveres para com o meio ambiente não podem nunca ser separados dos deveres para com a pessoa humana.
Neste sentido, denunciou como "muitas vezes os esforços para promover um entendimento integral do meio ambiente tiveram de conviver com uma visão reducionista da pessoa humana", que tende a não respeitar “a dimensão espiritual dos indivíduos” e, por vezes, é “hostil à família".
A Santa Sé, disse ainda o Papa ao dirigir-se ao embaixador do Cazaquistão, Mukhtar B. Tileuberdi, "encoraja as Nações a respeitarem a pessoa humana em sua totalidade, reconhecendo tanto as necessidades espirituais como as materiais de todos".
"O homem é a fonte, o centro e o fim de toda a vida econômica e social", explicou. Neste contexto, a Igreja atua "como fermento em cada sociedade, para enfatizar a dignidade do homem, dar-lhe a força necessária para atingir uma visão mais clara de si mesmo, e para reunir as energias ao serviço do desenvolvimento humano autêntico."
“Usando o intelecto e cultivando os recursos que Deus nos deu, valorizando a dignidade humana e respeitando a vida, promovendo a vocação do homem para construir um humanismo aberto aos valores espirituais e transcendentes”, será possível empreender um desenvolvimento “que defenda a dignidade da pessoa humana, enquanto se mantém sensível às necessidades de uma economia sustentável”, disse o Pontífice ao embaixador da Letônia, Einars Semanis.
Combater a pobreza e promover a educação
Para que um autêntico desenvolvimento integral seja possível, disse o Papa a Abdul Hannan, embaixador de Bangladesh, é necessário reduzir a pobreza, o que está “inextricavelmente ligado à ampliação do trabalho digno”.
O trabalho, disse, representa "a expressão da dignidade humana, permitindo a homens e mulheres realizar seus talentos, desenvolver suas habilidades e fortalecer seus laços de solidariedade."
A solidariedade, por sua vez, "tem também uma dimensão espiritual, porque ao compartilhar os frutos de seu trabalho, especialmente com os mais necessitados, as pessoas testemunham a bondade do Todo-Poderoso e sua preocupação com os mais pobres e mais fracos".
A melhoria das condições de vida depende também do sistema educacional, disse o Papa: “na era da globalização, fica cada vez mais claro que um maior acesso à educação é fundamental para o desenvolvimento em qualquer nível”, acrescentando que “acima de tudo, é essencial aos educadores que compreendam a natureza da pessoa humana e tratem cada estudante com um indivíduo único e precioso, fornecendo alimento para a alma e a mente”.
Coexistência pacífica das religiões
Falando ao embaixador de Bangladesh, Bento XVI lembrou também a importância da convivência pacífica entre os fiéis de diferentes religiões.
"Rezo para que muçulmanos, hindus, cristãos e todas as pessoas de boa vontade em cada país deem um testemunho incansável da coexistência pacífica, que é a vocação de toda a raça humana".
"A intimidação e a violência corroem as bases da harmonia social e devem ser condenadas como ofensivas à vida e à liberdade."
"As religiões” - disse Bento XVI ao embaixador do Cazaquistão – “têm muito a oferecer para o desenvolvimento, especialmente quando o lugar de Deus é reconhecido na esfera pública".
“Os grupos religiosos”, acrescentou falando ao representante da Finlândia, Alpo Rusi, “podem chamar a atenção para certos valores que estão em risco de erosão, no processo de secularização."
Fonte: Zenit.
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