Vicariato desta comunidade participará do Sínodo das Igrejas do Oriente Médio
A comunidade dos católicos de língua hebraica que vive em Israel estará representada no Sínodo das Igrejas do Oriente Médio, que se celebrará em Roma, em outubro de 2010.
Sua presença, “modesta e quase silenciosa, pode levar a um testemunho cristão importante: coexistência, reconciliação, diálogo, enriquecimento mútuo, que são possíveis”.
É o que indica a ZENIT o vigário patriarcal responsável por esta comunidade, padre David Neuhaus, S.J.
O jesuíta participou da reunião anual da Conferência de bispos latinos de regiões árabes (CELRA), celebrada em Roma de 16 a 19 de novembro.
O vicariato da comunidade dos católicos de língua hebraica conta atualmente com seis centros no país e nove sacerdotes.
“O trabalho é verdadeiramente buscar as ovelhas perdidas, aquelas pessoas que não sabem que existe esta Igreja de língua hebraica e que é possível viver uma vida católica em hebraico entre a sociedade israelense judaica”, explica padre Neuhaus.
Entre os projetos desta comunidade, destaca a publicação de uma série de livros de catequese para crianças, com a colaboração da organização Ajuda à Igreja que Sofre.
Também a organização de atividades de formação e de acampamentos para crianças, de sessões para casais e de iniciativas de formação para os sacerdotes e catequistas desta comunidade.
Diálogo e reconciliação
O jesuíta indica, como desafio para os católicos de língua hebraica, “viver profundamente a comunhão com nossos irmãos e irmãs de fé, os árabes cristãos, em um contexto de conflito nacional, e nosso êxito pode ser sinal de esperança para nosso país”.
“Rezar em hebraico, viver como católico em hebraico, viver como uma minoria católica em uma sociedade judaica é uma realidade muito nova para a Igreja”, acrescenta.
“De fato, somos uma Igreja quase invisível”, diz, já que as igrejas e instituições católicas do lugar (escolas, hospitais, centros sociais) são ou de língua árabe ou estrangeiras.
O vigário destaca que sua comunidade aprecia a ajuda que os peregrinos oferecem aos cristãos árabes, “que vivem em uma situação muito difícil”.
Indica ainda que “nós também temos necessidades e às vezes é muito difícil encontrar os meios de trabalhar para preservar estas expressão essencial da Igreja na Terra Santa”.
O pequeno vicariato da comunidade dos católicos de língua hebraica nasceu em 1955, quando os primeiros religiosos, religiosas, sacerdotes e leigos fundaram a obra de São Jaime, para responder à nova realidade do estabelecimento do Estado de Israel.
Havia que atender à imigração massiva de judeus, que incluía os judeus convertidos, os católicos cônjuges de judeus e os católicos que chegavam para trabalhar em Israel.
Durante os primeiros anos, as comunidades paroquiais de língua hebraica estabeleceram-se em todas as grandes cidades para os milhares de católicos que não eram árabes, mas se tinham convertido em cidadãos de Israel ou em residentes de longa temporada.
Os estatutos fundacionais da obra destacam o trabalho pastoral, mas também a consagração ao diálogo com o povo judeu e o trabalho pela reconciliação.
Estas comunidades converteram-se no lugar de oração pela paz e em uma ponte entre a Igreja majoritariamente árabe palestina e a população judaica israelense.
Atualmente, uma parte da comunidade católica de língua hebraica pertence ao povo judeu e outra parte vem das “nações”, ainda que forma “uma só comunidade em Jesus Cristo”, dentro da Igreja Católica.
O vicariato integra o Patriarcado Latino de Jerusalém, mas “não vivemos no mundo islâmico e de língua árabe, mas no mundo judaico e de língua hebraica”, explica o padre Neuhaus.
Para o vigário, é como “um sinal escatológico, uma promessa de paz e de reconciliação que nós estejamos presentes nesta conferência episcopal, porque cremos de todo coração: “Destes dois povos fez um, derrubando o muro que os separava, a inimizade” (Ef. 2, 14).
Liturgia em hebraico
“Os primeiros povoadores que nos precederam fizeram um trabalho enorme para traduzir a liturgia, desenvolver uma música sacra em hebraico, criar um vocabulário teológico cristão em hebraico, começar uma presença cristã de reconciliação e de conhecimento mútuo no seio da sociedade judaica”, explica.
Desde os primeiros anos do vicariato, o número de seus fiéis diminuiu, não apenas por causa da emigração, mas sobretudo por causa da assimilação.
“A nova geração de católicos israelenses de língua hebraica tende a encontrar seu lugar na sociedade judia laica”, indica o vigário.
“Nós não temos instituições educativas nem de outro tipo. Nossas comunidades, muito pequenas, não criam um meio social para nossos jovens, que tendem a se casar com judeus, e muito frequentemente nossos jovens se convertem ao judaísmo para se casar.”
“Nosso maior desafio atualmente é tentar transmitir a fé às novas gerações”, acrescenta.
Após cerca de 20 anos, estas comunidades enriqueceram-se com a chegada de uma onda migratória da ex-União Soviética.
Estes milhares de pessoas de língua russa inserem-se no povo cristão, sendo alguns católicos.
Por isso, atualmente, o vicariato tem também um apostolado em língua russa, ainda que suas crianças aprendam rapidamente a língua hebraica.
“O grande desafio é preservar a fé cristã destas crianças e prepará-las para uma vida no seio de uma sociedade judaica, de língua hebraica em Israel”, indica padre Neuhaus.
Seguindo com a história do vicariato, seu representante explica que, em 1990, o patriarca latino Michel Sabbah nomeou um vigário patriarcal para essas comunidades pela primeira vez, o padre beneditino Jean-Baptiste Gourion.
Em 2003, João Paulo II o nomeou bispo, o que ajudou “a dar uma certa visibilidade a esta presença da Igreja em Israel”.
Para o vigário, “um novo desafio importante hoje em dia é abrir-se ao mundo dos trabalhadores estrangeiros que vêm por longos períodos e que aprendem o hebraico para exercer seu trabalho”.
“Às vezes, seus filhos nascem aqui e vão à escola em hebraico –explica. Estas crianças, por definição, convertem-se também em católicos de língua hebraica.”
Um singular Igreja do Oriente Médio
Esta comunidade já está preparando sua participação no Sínodo das Igrejas do Oriente Médio, pois integra esta realidade, ainda que essas Igrejas vivam hoje em sua maioria em um contexto islâmico e de língua árabe.
De fato, como parte da CELRA, o vigário de católicos de língua hebraica participou da reunião anual da Conferência, em que se começou o trabalho de preparação ao Sínodo do Oriente Médio, que se celebrará de 10 a 24 de outubro de 2010.
Os representantes da CELRA mantiveram diversos encontros em Roma estes dias. Reuniram-se com Bento XVI e com o novo secretário da Congregação para as Igrejas Orientais, Dom Cyril Vasil.
Segundo padre Neuhaus, a viagem de Bento XVI ao Chipre, em junho de 2010, “será a ocasião de remeter aos bispos católicos de todo Oriente Médio o Instrumentum laboris da assembleia sinodal de outubro.
A CELRA
A Conferência de bispos latinos de regiões árabes foi formada em 1963 “como fruto do Concílio e agrupa os bispos latinos das regiões árabes”. Trata-se de Líbano, Síria, Iraque, Golfo árabe (que inclui os principados árabes, Arábia Saudita, Iêmen), Kuwait, Somália e Djibouti, Egito e os quatro países do Patriarcado latino de Jerusalém (Jordânia, Palestina, Israel e Chipre).
O Patriarca de Jerusalém é o presidente da CELRA e todos os bispos da Conferência reúnem-se uma vez por ano. A cada dez anos, seu encontro acontece em Roma, como este de 2009.
“Apesar dos enormes problemas, há comunidades cheias de vitalidade e de alegria –assegura o jesuíta– e muitas iniciativas para reforçar a fé dos fiéis, a formação, renovar seu senso e sua identidade cristã, e ajudar os pobres e os que sofrem.”
Sua presença, “modesta e quase silenciosa, pode levar a um testemunho cristão importante: coexistência, reconciliação, diálogo, enriquecimento mútuo, que são possíveis”.
É o que indica a ZENIT o vigário patriarcal responsável por esta comunidade, padre David Neuhaus, S.J.
O jesuíta participou da reunião anual da Conferência de bispos latinos de regiões árabes (CELRA), celebrada em Roma de 16 a 19 de novembro.
O vicariato da comunidade dos católicos de língua hebraica conta atualmente com seis centros no país e nove sacerdotes.
“O trabalho é verdadeiramente buscar as ovelhas perdidas, aquelas pessoas que não sabem que existe esta Igreja de língua hebraica e que é possível viver uma vida católica em hebraico entre a sociedade israelense judaica”, explica padre Neuhaus.
Entre os projetos desta comunidade, destaca a publicação de uma série de livros de catequese para crianças, com a colaboração da organização Ajuda à Igreja que Sofre.
Também a organização de atividades de formação e de acampamentos para crianças, de sessões para casais e de iniciativas de formação para os sacerdotes e catequistas desta comunidade.
Diálogo e reconciliação
O jesuíta indica, como desafio para os católicos de língua hebraica, “viver profundamente a comunhão com nossos irmãos e irmãs de fé, os árabes cristãos, em um contexto de conflito nacional, e nosso êxito pode ser sinal de esperança para nosso país”.
“Rezar em hebraico, viver como católico em hebraico, viver como uma minoria católica em uma sociedade judaica é uma realidade muito nova para a Igreja”, acrescenta.
“De fato, somos uma Igreja quase invisível”, diz, já que as igrejas e instituições católicas do lugar (escolas, hospitais, centros sociais) são ou de língua árabe ou estrangeiras.
O vigário destaca que sua comunidade aprecia a ajuda que os peregrinos oferecem aos cristãos árabes, “que vivem em uma situação muito difícil”.
Indica ainda que “nós também temos necessidades e às vezes é muito difícil encontrar os meios de trabalhar para preservar estas expressão essencial da Igreja na Terra Santa”.
O pequeno vicariato da comunidade dos católicos de língua hebraica nasceu em 1955, quando os primeiros religiosos, religiosas, sacerdotes e leigos fundaram a obra de São Jaime, para responder à nova realidade do estabelecimento do Estado de Israel.
Havia que atender à imigração massiva de judeus, que incluía os judeus convertidos, os católicos cônjuges de judeus e os católicos que chegavam para trabalhar em Israel.
Durante os primeiros anos, as comunidades paroquiais de língua hebraica estabeleceram-se em todas as grandes cidades para os milhares de católicos que não eram árabes, mas se tinham convertido em cidadãos de Israel ou em residentes de longa temporada.
Os estatutos fundacionais da obra destacam o trabalho pastoral, mas também a consagração ao diálogo com o povo judeu e o trabalho pela reconciliação.
Estas comunidades converteram-se no lugar de oração pela paz e em uma ponte entre a Igreja majoritariamente árabe palestina e a população judaica israelense.
Atualmente, uma parte da comunidade católica de língua hebraica pertence ao povo judeu e outra parte vem das “nações”, ainda que forma “uma só comunidade em Jesus Cristo”, dentro da Igreja Católica.
O vicariato integra o Patriarcado Latino de Jerusalém, mas “não vivemos no mundo islâmico e de língua árabe, mas no mundo judaico e de língua hebraica”, explica o padre Neuhaus.
Para o vigário, é como “um sinal escatológico, uma promessa de paz e de reconciliação que nós estejamos presentes nesta conferência episcopal, porque cremos de todo coração: “Destes dois povos fez um, derrubando o muro que os separava, a inimizade” (Ef. 2, 14).
Liturgia em hebraico
“Os primeiros povoadores que nos precederam fizeram um trabalho enorme para traduzir a liturgia, desenvolver uma música sacra em hebraico, criar um vocabulário teológico cristão em hebraico, começar uma presença cristã de reconciliação e de conhecimento mútuo no seio da sociedade judaica”, explica.
Desde os primeiros anos do vicariato, o número de seus fiéis diminuiu, não apenas por causa da emigração, mas sobretudo por causa da assimilação.
“A nova geração de católicos israelenses de língua hebraica tende a encontrar seu lugar na sociedade judia laica”, indica o vigário.
“Nós não temos instituições educativas nem de outro tipo. Nossas comunidades, muito pequenas, não criam um meio social para nossos jovens, que tendem a se casar com judeus, e muito frequentemente nossos jovens se convertem ao judaísmo para se casar.”
“Nosso maior desafio atualmente é tentar transmitir a fé às novas gerações”, acrescenta.
Após cerca de 20 anos, estas comunidades enriqueceram-se com a chegada de uma onda migratória da ex-União Soviética.
Estes milhares de pessoas de língua russa inserem-se no povo cristão, sendo alguns católicos.
Por isso, atualmente, o vicariato tem também um apostolado em língua russa, ainda que suas crianças aprendam rapidamente a língua hebraica.
“O grande desafio é preservar a fé cristã destas crianças e prepará-las para uma vida no seio de uma sociedade judaica, de língua hebraica em Israel”, indica padre Neuhaus.
Seguindo com a história do vicariato, seu representante explica que, em 1990, o patriarca latino Michel Sabbah nomeou um vigário patriarcal para essas comunidades pela primeira vez, o padre beneditino Jean-Baptiste Gourion.
Em 2003, João Paulo II o nomeou bispo, o que ajudou “a dar uma certa visibilidade a esta presença da Igreja em Israel”.
Para o vigário, “um novo desafio importante hoje em dia é abrir-se ao mundo dos trabalhadores estrangeiros que vêm por longos períodos e que aprendem o hebraico para exercer seu trabalho”.
“Às vezes, seus filhos nascem aqui e vão à escola em hebraico –explica. Estas crianças, por definição, convertem-se também em católicos de língua hebraica.”
Um singular Igreja do Oriente Médio
Esta comunidade já está preparando sua participação no Sínodo das Igrejas do Oriente Médio, pois integra esta realidade, ainda que essas Igrejas vivam hoje em sua maioria em um contexto islâmico e de língua árabe.
De fato, como parte da CELRA, o vigário de católicos de língua hebraica participou da reunião anual da Conferência, em que se começou o trabalho de preparação ao Sínodo do Oriente Médio, que se celebrará de 10 a 24 de outubro de 2010.
Os representantes da CELRA mantiveram diversos encontros em Roma estes dias. Reuniram-se com Bento XVI e com o novo secretário da Congregação para as Igrejas Orientais, Dom Cyril Vasil.
Segundo padre Neuhaus, a viagem de Bento XVI ao Chipre, em junho de 2010, “será a ocasião de remeter aos bispos católicos de todo Oriente Médio o Instrumentum laboris da assembleia sinodal de outubro.
A CELRA
A Conferência de bispos latinos de regiões árabes foi formada em 1963 “como fruto do Concílio e agrupa os bispos latinos das regiões árabes”. Trata-se de Líbano, Síria, Iraque, Golfo árabe (que inclui os principados árabes, Arábia Saudita, Iêmen), Kuwait, Somália e Djibouti, Egito e os quatro países do Patriarcado latino de Jerusalém (Jordânia, Palestina, Israel e Chipre).
O Patriarca de Jerusalém é o presidente da CELRA e todos os bispos da Conferência reúnem-se uma vez por ano. A cada dez anos, seu encontro acontece em Roma, como este de 2009.
“Apesar dos enormes problemas, há comunidades cheias de vitalidade e de alegria –assegura o jesuíta– e muitas iniciativas para reforçar a fé dos fiéis, a formação, renovar seu senso e sua identidade cristã, e ajudar os pobres e os que sofrem.”
(Anita S. Bourdin)
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