Os bispos envolvidos na ordenação episcopal ilegítima de Joseph Guo Jincai, em novembro do ano passado, devem esclarecer o ocorrido perante a Santa Sé e seus próprios fiéis, para curar a ferida infligida à unidade da Igreja.
É o que diz a mensagem divulgada hoje pela Santa Sé, no final da 4ª Reunião Plenária da Comissão para a Igreja Católica na China.
Esta mensagem surge vários meses depois de as autoridades chinesas terem obrigado, através de pressões, vários bispos a conferir a ordenação episcopal ao secretário da Associação Patriótica, Joseph Guo Juncai, como novo bispo de Chengde, sem mandato pontifício.
Ao tomar conhecimento disso, a Santa Sé fez uma declaração pública mostrando a consternação do Papa pelo que aconteceu.
Naquele comunicado de 24 de novembro, anunciava-se a aplicação de penas canônicas oportunas (excomunhão ‘latae sententiae') ao ordenado e aos envolvidos, e até mesmo se estudava a possibilidade de declarar a ordenação inválida.
Na atual mensagem, a Comissão afirma que, "com base nas informações e provas recebidas até agora, não há motivos para ser considerada inválida, mas é seriamente ilegítima, porque foi concedida sem o mandato pontifício, e isso também torna ilegítimo o exercício do ministério".
A Santa Sé afirma a sua proximidade aos católicos chineses e pede aos sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos que "compreendam as dificuldades dos seus próprios bispos, que os incentivem e apoiem com sua solidariedade e oração".
Recebido pelo Papa
Após a reunião, os membros da Comissão foram recebidos por Bento XVI, como foi confirmado pela mensagem.
Durante esse encontro, o Papa "reconheceu o desejo de unidade com a Sé de Pedro e com a Igreja universal, que os fiéis chineses não deixam de expressar, mesmo em meio a muitas dificuldades e aflições".
Segundo o Papa, a fé da Igreja, exposta no Catecismo da Igreja Católica e que deve ser defendida, mesmo à custa de sacrifícios, "é o alicerce sobre o qual as comunidades católicas na China devem crescer na unidade e comunhão".
O Pontífice recordou, no final do encontro, "o convite urgente a toda a Igreja para dedicar o dia 24 de maio, memória litúrgica da Santíssima Virgem Maria, Auxílio dos cristãos, à oração pela Igreja na China".
Dificuldades
Por outro lado, a Comissão constatou "o clima geral de desorientação e ansiedade sobre o futuro, o sofrimento de algumas circunscrições privadas de pastores, as divisões internas em outras, as preocupações de outras que não dispõem de pessoal ou recursos suficientes para lidar com fenômenos de crescente urbanização e de despovoação das áreas rurais".
Junto com isso, afirmam também a vitalidade das comunidades cristãs e de suas instituições de caridade, apesar das dificuldades.
Neste sentido, encorajaram os bispos a que velem pela formação dos crentes na fé e pela importância de estabelecer, na medida do possível, "onde faltam e são necessários, novos lugares de culto e de educação na fé".
A mensagem refere-se também "às dificuldades que os seminaristas encontram tanto para estudar no exterior como na vida do seminário, valorizando também exemplos de coragem e paciência".
Mas acima de tudo, as maiores dificuldades estão relacionadas com a unidade entre os fiéis e, para superá-las, diz a mensagem, é necessária a oração: "É possível organizar várias iniciativas que vos ajudarão a renovar a vossa comunhão de fé em Jesus, nosso Senhor, e de fidelidade ao Papa, para que a unidade entre vós seja cada vez mais profunda e visível".
Finalmente, a Comissão mostrou sua satisfação pela notícia de que a diocese de Xangai pode iniciar a causa de beatificação de Paulo Xu Guangqi, que era um discípulo do jesuíta Matteo Ricci.
Fonte: Zenit.
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