Em um momento em que o mundo cristão “volta a ser visitado pela prova do martírio” e em que se vêem tantos “sofrer e morrer ao nosso redor”, os cristãos podem oferecer ao mundo “a certeza da nossa fé de que há um resgate para a dor”.
O padre Raniero Cantalamessa, ofmcap., fez essa afirmação na homilia da cerimônia desta Sexta-feira Santa, presidida pelo Papa, na Basílica de São Pedro.
“Há uma verdade a se proclamar com força na Sexta-feira Santa. Aquele que contemplamos sobre a cruz é Deus ‘in persona’. Sim, é também o homem Jesus de Nazaré, mas esta é uma pessoa com o Filho do Pai Eterno.”
“Até que não se reconheça e leve a sério o dogma fundamental da fé cristã – o primeiro definido dogmaticamente em Niceia – que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o próprio Deus, da mesma substância do Pai, a dor humana permanecerá sem resposta”, disse.
Segundo o pregador do Papa, os cristãos possuem uma “pérola”: a “Ressurreição!”. Citando o apóstolo Paulo e o Apocalipse, disse: "‘Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada’ (Rm 8, 18), e ainda ‘Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição’ (Ap 21, 4).”
Cantalamessa indicou ainda que os cristãos, no anúncio da ressurreição e da vida, nunca se esqueçam de “sofrer com os que sofrem, chorar com os que choram”.
“Neste momento, sofrer e chorar em particular com o povo japonês, imerso em uma das mais terríveis catástrofes naturais da história. Podemos dizer a esses nossos irmãos em humanidade que estamos admirados por sua dignidade e exemplo de postura e ajuda mútua que deram ao mundo.”
“A globalização tem ao menos este efeito positivo: a dor de um povo se torna a dor de todos, suscita a solidariedade de todos. Dá-nos a chance de descobrir que somos uma família humana, ligada no bem e no mal. Ajuda-nos a superar as barreiras de raça, cor e religião”, disse.
Catalamessa indicou ainda que se recolha o ensinamento de eventos como este. “Terremotos, furacões e outros desastres que atingem inocentes e culpáveis nunca são um castigo de Deus. Dizer o contrário disso significa ofender a Deus e os homens”, disse.
“Mas servem de alerta: neste caso, a advertência de não se iludir que bastam a ciência e a técnica para se salvar. Se não formos capazes de estabelecer limites, nós mesmos podemos nos tornar, estamos vendo, a ameaça mais grave de todas.”
Ele recorda que também houve um terremoto no momento da morte de Cristo: ‘O centurião e seus homens que montavam guarda a Jesus, diante do estremecimento da terra e de tudo o que se passava, disseram entre si, possuídos de grande temor: Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!’ (Mt 27, 54).
“Mas houve um outro ainda ‘maior’ no momento de sua ressurreição: ‘E eis que houve um violento tremor de terra: um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela’ (Mt 28, 2).”
“Assim será sempre – afirmou o pregador do Papa –. A cada terremoto de morte sucederá um terremoto de ressurreição de vida.”
“Alguém disse: ‘Agora só um deus pode nos salvar’. Temos a garantia de que o fará porque ‘de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único’”.
Fonte: Zenit.
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