Bento XVI afirmou hoje, durante a homilia da Missa Crismal, celebrada na Basílica de São Pedro, que os cristãos, “Povo de Deus”, correm o risco, sobretudo no Ocidente, de deixar de ser povo, por ter se afastado de Deus.
O pontífice dedicou a homilia a falar do significado dos Santos Óleos, que são abençoados neste dia na Igreja, e especialmente do Crisma, o mais nobre, utilizado na Confirmação e na Ordenação Sacerdotal.
Esta “unção sacerdotal” converte os cristãos em “santuário de Deus no mundo”, explicou. Mas questionou em seguida se esta missão está se realizando hoje, ou se, pelo contrário, em lugar de “abrimos aos homens o acesso a Deus”, “escondemo-lo?”
“Porventura nós, povo de Deus, não nos tornamos em grande parte um povo marcado pela incredulidade e pelo afastamento de Deus? Porventura não é verdade que o Ocidente, os países centrais do cristianismo se mostram cansados da sua fé e, enfastiados da sua própria história e cultura, já não querem conhecer a fé em Jesus Cristo?”
O Papa convidou todos os fiéis a “bradar a Deus: Não permitais que nos tornemos um ‘não povo’! Fazei que Vos reconheçamos de novo!”
Nesse sentido, afirmou a importância da beatificação de João Paulo II, “grande testemunha de Deus e de Jesus Cristo no nosso tempo, como homem cheio do Espírito Santo”.
“Apesar de toda a vergonha pelos nossos erros, não devemos esquecer que hoje existem também exemplos luminosos de fé; pessoas que, pela sua fé e o seu amor, dão esperança ao mundo.”
Buscar Deus
Falando do sentido do Óleo dos catecúmenos, que se impõe às pessoas que vão receber o Batismo, Bento XVI explicou que este sinal diz que “não só os homens procuram a Deus, mas o próprio Deus anda à nossa procura”.
“O fato de Ele mesmo Se ter feito homem descendo até aos abismos da existência humana, até à noite da morte, mostra-nos quanto Deus ama o homem, sua criatura. Movido pelo amor, Deus caminhou ao nosso encontro.”
Deus – afirmou o Papa – “sai ao encontro da inquietude do nosso coração, da inquietude que nos faz questionar e procurar, com a inquietude do seu próprio coração, que O induz a realizar o ato extremo por nós”.
“A inquietude por Deus, o caminhar para Ele, para melhor O conhecer e amar não deve apagar-se em nós. Neste sentido, nunca devemos deixar de ser catecúmenos”, disse.
Curar o homem
Sobre o significado do Óleo da Unção dos Enfermos, o Papa afirmou que “a primeira e fundamental cura tem lugar no encontro com Cristo, que nos reconcilia com Deus e sara o nosso coração despedaçado”.
“Mas, além deste dever central, faz parte da missão essencial da Igreja também a cura concreta da doença e do sofrimento. O óleo para a Unção dos Enfermos é expressão sacramental visível desta missão.”
O Papa agradeceu “a todos aqueles que, em virtude da fé e do amor, se põem ao lado dos doentes, dando assim, no fim das contas, testemunho da bondade própria de Deus”.
“O óleo para a Unção dos Enfermos é sinal deste óleo da bondade do coração, que estas pessoas – juntamente com a sua competência profissional – proporcionam aos doentes. Sem falar de Cristo, manifestam-n’O.”
Fonte: Zenit.
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