O governo cubano encerrou o processo de libertação dos prisioneiros de consciência, os "presos contrarrevolucionários" - na terminologia do sistema -, resultado do diálogo tripartite da Igreja Católica e dos governos espanhol e cubano. O presidente Raúl Castro fez o anúncio em seu discurso no VI Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC), realizado em Havana.
Castro, em seu discurso, atribuiu as deficiências da marcha do país ao seu partido, o PCC, e convidou-o a fazer uma "severa autocrítica".
Em relação ao processo de libertação dos prisioneiros de consciência e políticos, o presidente disse, em seu discurso, que estava concluindo o processo de libertação dos "presos contrarrevolucionários", fruto do diálogo iniciado em julho de 2010 entre a Igreja Católica, o ministro espanhol dos Assuntos Exteriores, Miguel Ángel Moratinos, e o próprio Castro. Este reconheceu a colaboração do governo espanhol.
Os dissidentes, entretanto, manifestaram a sua decepção com as palavras de Castro. "Nesse discurso não há nenhuma mudança na forma como se fala da dissidência, os mesmos insultos, a mesma satanização" comentou no Twitter a blogueira Yoani Sánchez, de Cuba, que recebeu, entre outros prêmios de prestígio, o Ortega y Gasset de Jornalismo.
Nenhum dos 750 recebidos pela Espanha desde julho passado (ex-presos políticos e familiares) achou um emprego e, portanto, continuam dependendo do apoio que lhes oferecem três ONGs financiadas pelo governo, informa ‘Europa Press'.
As três ONGs colaboradoras são a Cruz Vermelha, a ‘Comisión Española de Ayuda al Refugiado' (CEAR), e a ‘Asociación Comisión Católica Española de Migraciones' (ACCEM), herdeira, esta última, da homônima criada pela Conferência Episcopal para ajudar os migrantes espanhóis em países europeus.
Estas entidades confirmaram a ‘Europa Press' que nenhum cubano exilado conseguiu um contrato em todo o tempo em que levam Espanha e um deles fez apenas trabalhos "esporádicos" como encanador, pedreiro e carpinteiro.
Embora o número total de ex-presos políticos e suas famílias que foram para a Espanha tenha ascendido a 763 (115 famílias), aqueles que permanecem no país são 750, uma vez que várias famílias se mudaram para os Estados Unidos, Chile e República Checa.
Aqueles que optaram por solicitar asilo político, levaram seis meses para conseguir uma autorização de trabalho, mas aqueles que aceitaram a proteção subsidiária, recomendada pelo governo espanhol, conseguiram em apenas um mês após sua chegada. Até o mês passado, o governo concedeu 41 estatutos de refugiados político - por ter "fundados receios" de que eles seriam perseguidos por motivos políticos na ilha - e 231 de proteções subsidiárias.
Enquanto isso, no interior da ilha, alguns sonham com uma "refundação" de Cuba. As linhas desta sonhada refundação estão no suplemento digital da revista da arquidiocese de Havana, ‘Espacio Laical', intitulado "Cuba: rumo a um novo contrato social?" (cf. http://www.espaciolaical.org/contens/esp/sd_125.pdf).
Fonte: Zenit - (Nieves San Martín)
Nenhum comentário:
Postar um comentário