quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Três países africanos, uma urgência comum: a paz

Quênia, Uganda e na República Centro-Africana, os três destinos da primeira viagem apostólica do papa Francisco à África, apresentam realidades muito complexas e problemáticas em nível político, social e religioso.
Desde a independência, o Quênia é governado por um sistema parlamentar que sofre o flagelo da corrupção, provocando fortes desigualdades sociais que crescem em vez de diminuir.
Os católicos, embora sejam 8 milhões num total de mais de 44 milhões de quenianos, desempenham papel ativo na vida do país em termos acadêmicos, mediante a formação humana da geração mais jovem, em termos de meios de comunicação, para dar voz aos marginalizados, e principalmente, com o anúncio missionário e o testemunho do Evangelho.
O país sofre com a tentativa de desestabilizar a vida política nacional com a presença de formações jihadistas como o movimento islâmico al-Shabaab, autor de vários ataques sangrentos no Quênia. O último foi o de abril passado, em Garissa, que matou 150 pessoas, quase todas estudantes cristãos.
Além de lutar contra a desigualdade social e convidar toda a sociedade civil a promover o bem comum, o país precisa da convivência pacífica entre os diferentes credos para criar um clima de paz, cooperação e desenvolvimento em todos os setores da sociedade.
Uganda tem a distinção de contar com 85% de cristãos na população. O país foi visitado em 1969 pelo beato Paulo VI, que convidou os católicos locais a se tornarem protagonistas da evangelização do seu país e a espalharem a cultura cristã na vida social.
A terra de Uganda foi fecundada pelo sangue de 22 mártires, funcionários do rei Baganda, que, depois de se converterem ao catolicismo, foram mortos por causa da sua fé cristã sob o reinado de Mwanga II, entre 15 de novembro de 1885 e 27 de janeiro de 1887.
A presença de diversos grupos étnicos no país - cada um defendendo os próprios interesses - tem contribuído para a gestão do poder pelas elites, excluindo grande parte da sociedade civil. O país tem a urgência de incluir socialmente todos os seus grupos étnicos, para promover a difusão dos direitos humanos e civis.
A República Centro-Africana está sofrendo há vários anos uma sangrenta guerra civil. A centelha do conflito foi a deposição do presidente François Bozizé, em 2012, pela coalizão Seleka. Mesmo após a dissolução desta formação rebelde, em 2013, a guerra civil continuou no país por causa da entrada de células jihadistas subversivas, compostas por mercenários chadianos e sudaneses que se opuseram aos grupos leais ao ex-presidente Bozizé.
Muitos meios de comunicação têm atribuído motivos religiosos ao conflito, mas a guerra foi movida por razões econômicas. A República Centro-Africana tem no subsolo enormes reservas de petróleo, diamantes, ouro, ferro e urânio.
A urgência para este país é o fim imediato dos conflitos e a urgência de estabelecer a paz para construir uma sociedade justa e equitativa, mediante uma etapa de reconciliação e de perdão, a exemplo de outras realidades afetadas pelo flagelo da guerra civil.
Outro imperativo urgente para este país é lançar um apelo à comunidade internacional, que deve contribuir para restaurar a paz e a justiça restituindo os direitos fundamentais dos excluídos da sociedade.

Fonte: Zenit.

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