Quando se conhecem, judeus e cristãos colaboram e se apreciam profundamente, segundo afirmou hoje um rabino diante do Sínodo dos Bispos do Oriente Médio.
David Rosen, conselheiro do Grão-Rabinato de Israel, diretor do Departamento para os Assuntos Inter-Religiosos do Comitê Judaico Americano, convidado especial para participar da assembleia episcopal, fez uma longa análise sobre o estado das relações judaico-católicas.
Segundo o rabino, "hoje, a relação entre a Igreja Católica e o povo judeu vive uma abençoada transformação da nossa época, que possivelmente não tem comparação histórica".
Considerou que os Estados Unidos talvez sejam o país em que este diálogo mais progrediu, "onde judeus e cristãos vivem em uma sociedade aberta, um ao lado do outro, como vibrantes minorias seguras de si mesmas e comprometidas civicamente".
"Hoje, os Estados Unidos se gloriam, literalmente, de contar com dezenas de instituições acadêmicas de estudos e relações católico-judaicas, enquanto no resto do mundo, se houver três já seria muito", acrescentou o rabino.
Relações "despercebidas" quando há maiorias predominantes
Estas relações, no entanto, "passam despercebidas", segundo o representante judeu, "na maioria dos países onde o catolicismo é a força social predominante".
"Confesso que me surpreendeu encontrar-me com membros do clero católico, às vezes inclusive da hierarquia de alguns países, que desconhecem não só o judaísmo contemporâneo, mas também a Nostra Aetate", o documento do Concílio Vaticano II que foi um marco histórico nas relações judaico-católicas.
Segundo o rabino, "o único Estado do mundo onde os judeus são maioria é o Estado de Israel; este problema se acentua devido ao contexto político e sociológico".
"Até há pouco tempo, a sociedade israelense, em sua grande maioria, não era consciente das profundas mudanças nas relações católico-judaicas", constatou.
Mudanças de percepção em Israel
Isso, no entanto, mudou na última década, devido a dois fatores. Em primeiro lugar, os comoventes gestos de João Paulo II em sua visita a Israel, no ano 2000, após o início das plenas relações bilaterais entre Israel e a Santa Sé, seis anos antes.
A segunda causa da mudança de percepção em Israel sobre o cristianismo é a imigração, pois se duplicou a presença de cristãos nesse país, segundo o rabino.
Em concreto, fez referência aos quase 50 mil cristãos praticantes que emigraram a Israel nas últimas duas décadas, provenientes da União Soviética.
"Ao estar intimamente em contato com a sociedade judaica por meio de laços familiares e culturais, possivelmente representem a primeira minoria cristã que se considera parte integrante da maioria judaica, desde a primeira comunidade cristã", afirma.
Além disso, há 250 mil trabalhadores emigrantes das Filipinas, Leste da Europa, América Latina e África Subsaariana, que nos últimos anos chegaram a Israel e que vivem uma religiosidade dinâmica.
O rabino, reconhecendo o direito do Estado de Israel de defender-se da violência, constatou também que "a grave situação dos palestinos, em geral, e dos palestinos cristãos, em particular, deveria ser de grande preocupação para os judeus, tanto de Israel como da Diáspora".
"Para mim, como israelense de Jerusalém, a angustiante situação da Terra Santa e o sofrimento de tantas pessoas nos diferentes lados da divisão política é uma fonte de muita dor", afirmou.
A minoria cristã, um barômetro no Oriente Médio
Por último, Rosen considerou que "a situação das minorias é sempre um profundo reflexo da condição social e moral de uma sociedade em sua totalidade".
"O bem-estar das comunidades cristãs do Oriente Médio é uma espécie de barômetro da condição moral dos nossos países. O grau de direitos civis e religiosos e de liberdade de que gozam os cristãos é testemunha da saúde ou doença das respectivas sociedades no Oriente Médio", assegurou.
Fonte: Zenit.
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