O rito ou tradição bizantina envolve majoritariamente o oriente cristão. A ele pertencem cerca de 300 milhões de pessoas, em sua imensa maioria ortodoxas. Os grego-católicos somam 8,5 milhões de fiéis.
Igreja grego-melquita
A igreja grego-católica melquita tem sua orgigem em Antioquia, durante o Concílio da Calcedônia (451), proveniente da palavra melek, com a qual se identificavam os que aceitaram Calcedônia. Os melquitas, originariamente de rito antioqueno, passaram para a tradição bizantina.
Após a conquista da Síria pelos muçulmanos, estes cristãos foram gradualmente aceitando influências culturais árabes, entre elas o idioma. Esta Igreja seguiu o Patriarcado de Constantinopla no cisma de 1054.
Contudo, graças à pregação de missionários dominicanos (século XIV) e sobretudo jesuítas (século XVI), foi-se criando paulatinamente entre os melquitas uma simpatia com Roma, que orquestrou a eleição de Cirilo VI, que foi excomungado pelo Patriarca de Constantinopla e confirmado pelo Papa Bento XIII, em 1724.
O chefe da igreja melquita, Gregório III Laham, leva o título de Patriarca católico grego-melquita de Antioquia e todo o Oriente, Alexandria e Jerusalém. A igreja conta com quase 1,2 milhão de fiéis e tem sua sede em Damasco, estende-se por todo Oriente Médio e tem uma comunidade significativa nos Estados Unidos.
Segundo o especialista Pier Giorgio Gianazza, esta igreja é a mais “árabe” de todas as igrejas católicas orientais. Está empenhada num importante diálogo ecumênico com o Patriarcado ortodoxo de Antioquia.
Conta com várias instituições assistenciais e educativas, é muito ativa também no diálogo com os muçulmanos.
Igreja católica grega
Cerca de oitocentos anos depois do cisma de 1054, em 1856, começou a formar-se uma pequena comunidade de gregos católicos, fundamentalmente em Constantinopla, à raiz da pregação de um sacerdote grego de rito latino.
O Papa Pio X escolheu em 1911 um ordinariato para estes católicos bizantinos, que chegaram a ter seu próprio seminário. Contudo, com a derrota do império otomano após a Primeira Guerra Mundial, muitos deles migraram para Atenas, e os que ficaram, sofreram perseguição.
Esta comunidade católica de rito bizantino é muito pequena atualmente, com cerca de 2.500 membros, e se divide em dois exarcados, de Atenas, cujo hierarcas são Dimitrios Salachas, e o de Constantinopla, que praticamente desapareceu em número de fiíes.
Igreja romena bizantina
A Igreja Católica Romena também foi produto de migração, especialmente de católicos alemães e rutenos, à Transilvânia, que então era território húngaro e de maioria ortodoxa.
Após o cisma de Lutero, estendeu-se o protestanismo calvinista na Romênia, o que levou em 1697 o bispo ortodoxo da Transilvânia em Alba Iulia, Teofil Seremi, a unir-se com Roma, em 1700. Contudo, uma boa parte dos romenos permaneceu ortodoxa.
Ainda no princípio, os católicos bizantinos dependiam da Igreja húngara de rito latino. Mas o Papa Pio X criou uma eparquia própria, Hajdudorog, em 1912. Durante o regime comunista, esta igreja foi suprimida, e seus fiéis, obrigados a unirem-se aos ortodoxos.
A clandestinidade durou até a revolução contra Ceaucescu de 1989. Atualmente, esta igreja conta com cerca de 550 mil fiéis. Para diferenciar-se dos ortodoxos, os grego-católicos romenos utilizam o romano na liturgia. Seu atual chefe é o arquieparca maior Lucian Mureşan.
Igreja rutena
Esta igreja está vinculada historicamente com a Rutênia, cujo território compreendia a atual Ucrânia, Bielorrússia e uma parte da Réssia europeia.
Como vimos ao falar da Igreja bizantina eslovaca, uma parte da Igreja rutena participou na chamada União de Uzhhorod. Houve depois outras duas uniões, em 1664 e 1713, após o que praticamente quase todos os rutenos passaram à obediência de Roma.
Para os rutenos, o Papa Clemente XIV criou a eparquia de Mukachevo (1778). Após a Primeira Guerra Mundial, e com a dissolução do Império austro-húngaro, a Rutênia foi dividida entre Checoslováquia, Ucrânia e Bielorrússia.
A igreja rutena atual encontra-se no território da Ucrânia. Durante o domínio comunista, esta igreja também foi forçada a ser ortodoxa, e em muitos lugares seus fiéis foram diretamente deportados para a União Soviética. Outros muitos conseguiram migrar para os Estados Unidos.
Igreja grego-católica ucraniana
Trata-se da igreja mais numerosa de todas, com 5,5 milhões de fiéis. Também é a mais dispersa, pois seus fiéis estão divididos, pela migração, em mais de 40 países diferentes.
Seu território está mais ou menos relacionado com o antigo Patriarcado de Kiev. Após o cisma de 1054, esta igreja viveu momentos difíceis, passando os séculos aproximando-se paulatinamente da Polônia. O patriarca de Kiev assistiu ao Concílio de Florença em 1440 e concordou em retornar à obediência de Roma. Isso foi interpretado para os russos como sinal de inimizade.
Os grego-católicos ucranianos acudiram em várias ocasiões a Roma para pedir proteção, diante ao expansionismo russo por um lado e a influência latinizadora dos polonese por outro. Em 1596, toda a hierarquia eclesiástica ucraniana passou a Roma no Sínodo de Brest.
Com a dominação russa, os grego-católicos sofreram uma perseguição sistemática, até o ponto de sobreviverem apenas no leste da Ucrânia, sobre domínio austro-húngaro (Galitzia). No final do século XIX, praticamente tinham desaparecido.
Em Galitzia, depois da Segunda Guerra Mundial, os comunistas perseguiram ainda com mais gana os greco-católicos, encarcerando toda sua hierarquia, chefiada pelo cardeal Slipyj. Após a queda do Muro, houve na Ucrânia uma “ressurreição” dos católicos. O Papa João Paulo II visitou o país em 2001.
Igreja ítalo-albanesa
Esta igreja procede da imigração, especialmente à Calábria e Tarento durante o século XV, por causa da perseguição muçulmana. Alguns imigrantes já eram bizantinos católicos, e outros uniram-se a Roma depois de sua chegada à Itália.
Em 1595, o Papa Clemente VIII reconheceu a presença destes fiéis e deu instruções para que fossem atendidos em suas necessidades, e em 1742, outro papa, Bento XIV, lhes deu um primeiro código canônico. Em 1919 foi fundada a eparquia de Lungro, e em 1937 a eparquia de Piana degli Albanesi.
Atualmente agrupa cerca de 67 mil fiéis. Ali também está o único monastério italiano de rito bizantino, Santa Maria di Grottaferrata, que tem mais de mil anos de idade.
Igreja Russa
A igreja grego-católica russa surgiu em 1905 de um cisma da igreja ortodoxa russa, ao redor do poeta Vladimir Sergeyavich Soloviev, que afirmava que era possível ser fiel ortodoxo e estar unido a Roma. Um de seus seguidores, o sacerdote Nicolás Tolstoi, tornou-se católico e organizou uma pequena comunidade em Moscou.
Apesar das perseguições, primeiro pelo regime czarista e logo a brutal repressão comunista, continuou existindo um exarcado apostólico na clandestinidade, e criou-se outro para os católicos refugiados na China com sede em Xangai.
Atualmente existe um “renascimento” desta comunidade, ainda que não tenha formalmente um hierarca próprio. Conta com 3.800 fiéis e sua liturgia não tem diferenças com a ortodoxa russa.
Fonte: Zenit.
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