Os participantes do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, que dedicaram o dia de ontem a preparar, por equipes, as propostas que serão entregues a Bento XVI, reconheceram que essa região é hoje uma terra de mártires.
Segundo Dom Edmond Farhat, arcebispo titular de Biblos (Líbano) e antigo núncio apostólico na Áustria, "grande parte do Oriente Médio muçulmano está em crise. Não pode fazer justiça a si mesmo. Não encontra aliados nem no âmbito humano, nem no político e muito menos no científico. Sente-se frustrado. Luta".
"Sua frustração teve como consequência as revoluções, o radicalismo, as guerras, o terror, o chamado (da'wat) a voltar aos ensinamentos radicais (salafismo). O radicalismo, que só busca vingança, recorre à violência."
"Julga ter uma maior repercussão se atacar os corpos constituídos, sendo a Igreja o mais frágil e acessível. Ao não conhecer a noção de gratuidade, acusa a Igreja de ter segundas intenções, de proselitismo, de ser cúmplice das potências que imperam."
Dessa forma, constata, "do Iraque à Turquia, do Paquistão à Índia, multiplicaram-se as vítimas, que não são outra coisa senão inocentes e benévolos servidores (Dom Luigi Padovese e o Pe. Andrea Santoro na Turquia; o advogado assassinado junto à sua família no Paquistão; o bispo Pierre Claverie e os religiosos e religiosas da Argélia; os sacerdotes, religiosos e fiéis inocentes, assassinados durante a guerra do Líbano). Todos eram alvos fáceis".
O arcebispo constata que o Sínodo "nos convida a não ter medo. Isso não quer dizer que sejamos indiferentes, mas é o momento da purificação e das dores do parto, também na sociedade muçulmana".
"Depende de nós continuar nosso caminho em tais condições. É a nossa missão. É um papel que ninguém pode desempenhar por nós. É falar não só de Deus Todo-Poderoso, mas de Jesus Cristo, seu Filho, em árabe."
"Não somente não devemos ter medo, senão que devemos transmitir a mensagem às gerações futuras. A Igreja no Oriente Médio, banhada pelo sangue dos seus mártires, animada pelos mestres, santos e bem-aventurados, florescerá como a vinha do Senhor e dará muitos frutos", explica o prelado.
"Hoje, a Igreja é vítima de injustiças e calúnias. Como no Evangelho, muitos vão embora, outros se cansam ou escapam. Os frustrados e os desesperados se vingam sobre os inocentes. Por trás dos assassinatos físicos e dos fracassos mais desgarradores, está o pecado."
"A ação de Deus continua na história - concluiu. A Igreja no Oriente Médio vive agora seu caminho de cruz e de purificação, que leva à renovação e à ressurreição. Os sofrimentos e as angústias do presente são o choro do recém-nascido. Se duram, é porque este tipo de demônio que atormenta nossa sociedade só se afasta com a oração. Talvez não tenhamos rezado o suficiente!"
Fonte: Zenit.
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