As profundas feridas deixadas na Romênia por décadas de comunismo devem ser curadas através da recuperação dos valores e da reconstrução do tecido social.
Assim afirmou o Papa Bento XVI ao receber hoje em audiência Bogdan Tătaru-Cazaban, novo embaixador da Romênia na Santa Sé, na apresentação de suas cartas credenciais.
O país balcânico empreendeu um processo de reconstrução, observou o Papa, ainda que continue havendo muitas feridas abertas, um desafio que é necessário enfrentar com justiça e ao mesmo tempo com caridade.
"A gestão da herança deixada pelo comunismo é difícil devido à desintegração da sociedade e do indivíduo", reconheceu o Pontífice.
Por isso, acrescentou, é necessário "enfrentar a difícil tarefa de ordenar de forma justa os assuntos humanos, fazendo um bom uso da liberdade. E a verdadeira liberdade pressupõe a busca da verdade, do bem, e se realiza precisamente reconhecendo e fazendo o que é oportuno e justo".
Um dos primeiros requisitos para a reconstrução do tecido social, afirmou o Papa, é apoiar a família: "É preciso fazer todos os esforços para que ela cumpra sua função de fundamento da sociedade".
Outro requisito é a educação nos valores, disse Bento XVI. "Diante de grandes ideais, os jovens aspiram à virtude moral e a uma vida aberta aos demais por meio da compaixão e da bondade".
O Pontífice também destacou que "a integridade, honra e retidão (...) devem inspirar e conduzir todos os membros da sociedade para uma boa gestão".
Entre os desafios da Romênia, sobressai a realidade multicultural e multiétnica. "Semelhante variedade pode ser considerada como um obstáculo para a unidade nacional, mas pode ser vista também como um enriquecimento da sua identidade, ao constituir-se em uma de suas características".
"Isso deve ser feito de maneira de cada indivíduo tenha seu lugar legítimo na sociedade, acima desta variedade e respeitando-a", afirmou o Papa ao novo embaixador.
Católicos e ortodoxos
Outro dos temas abordados pelo Papa foi a relação entre católicos e ortodoxos, e entre comunidades religiosas em geral, que "também se viu afetada por estas décadas escuras; e algumas destas feridas ainda hoje continuam vivas".
"Estas requerem ser tratadas por meios aceitáveis para cada uma das comunidades. É necessário, de fato, reparar as injustiças herdadas do passado, sem temer fazer justiça."
Bento XVI sugeriu um duplo enfoque para este diálogo: por um lado, "no âmbito estatal, favorecendo um diálogo autêntico entre o Estado e os diferentes responsáveis religiosos"; e, por outro lado, "incentivando relações harmônicas entre as diversas comunidades religiosas do seu país".
Neste ponto, sublinhou a importância do diálogo ecumênico com os ortodoxos, que são o maior grupo no país, assim como a boa disposição da Igreja Católica.
A Igreja "vê no diálogo ecumênico um caminho privilegiado para voltar a encontrar seus irmãos na fé e para construir com eles o Reino de Deus, respeitando a especificidade de cada um".
"O testemunho da fraternidade entre católicos e ortodoxos, em um espírito de caridade e de justiça, deve prevalecer sobre as dificuldades e abrir os corações à reconciliação", exortou o Papa.
O diálogo ecumênico, concluiu Bento XVI, "não deixará de ser um fermento de unidade e de concórdia, não somente para o seu país, senão também para a Europa inteira".
Fonte: Zenit.
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