Uma delegação de bispos americanos estará presente na inauguração de um seminário em La Habana, o primeiro do país em mais de 50 anos. Uma coleta nos Estados Unidos ajudou a financiar o centro de estudos de futuros sacerdotes.
O seminário representa mais um passo no diálogo da Igreja com o governo de Raúl Castro, que se percebe na multiplicação de pequenas publicações católicas ou na excarceração e expatriação de presos políticos.
Em uma nota de ontem, a Conferência Episcopal dos Estados Unidos informou que uma delegação do próprio Subcomitê para a Igreja na América Latina viajará a Cuba de 3 a 6 de novembro de 2010 para assistir à abertura do novo seminário nacional, situado a 48 quilômetros de La Habana.
Além de assistir à inauguração do seminário, o grupo visitará paróquias e missões em La Habana, que estão sendo apoiadas economicamente pela Coleta para a Igreja na América Latina. A arrecadação anual, nas dioceses dos Estados Unidos, dirige-se a projetos pastorais; proporciona apoio a diferentes projetos em Cuba, incluindo a construção do novo seminário. A delegação também visitará a diocese de Pinar del Río.
Permitir construir um seminário pela primeira vez desde a revolução castrista, a excarceração e deportação de presos políticos (muitos deles, jornalistas), abrir-se aos novos meios de comunicação católicos, são pequenos sinais de que algo está mudando em Cuba, em uma transição lentíssima rumo à democracia.
Gustavo Andújar, comunicador católico, informa que hoje, em Cuba, existem dezenas de pequenas publicações paroquiais e de diversos grupos, algumas periódicas e outras ocasionais, 46 boletins e revistas, 12 sites e 7 boletins eletrônicos.
Todos eles chegam hoje de maneira direta ou indireta a mais de 250 mil pessoas, segundo fontes católicas.
Segundo Andújar, este avanço na comunicação católica foi uma resposta da Igreja Católica "à situação de desconcerto e desesperança que a população sentia", a partir da crise econômica causada em 1991, com a queda da União Soviética.
O papel dos leigos católicos foi fundamental, ainda que "com grande apoio da hierarquia, dos sacerdotes e bispos", muitos sem uma formação profissional em comunicação. "Essa carência foi sendo suprida com cursos, seminários ou mestrados", afirmou.
Sobre o diálogo entre o presidente Raúl Castro e o arcebispo de La Habana, cardeal Jaime Ortega, afirmou que "de um diálogo dessa natureza sempre saem coisas boas".
E esclareceu que "a Igreja não é uma alternativa política nem um partido de oposição. Por sua própria natureza, não pode entrar na luta partidária".
(Nieves San Martín)
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