quinta-feira, 2 de setembro de 2010

“Biodiversidade está sendo aniquilada irreversivelmente”

Participantes de 16 países da América, além da Alemanha e da Indonésia, assistiram, de 21 a 24 de agosto, em Buenos Aires, ao Simpósio "Espiritualidade cristã da ecologia", convocado pelo Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM). Em sua declaração final, os participantes advertem que "a biodiversidade está sendo aniquilada irreversivelmente".
Os participantes destacaram também - na declaração enviada a ZENIT pelo Departamento de Justiça e Solidariedade do CELAM - que "o processo crescente de concentração da propriedade de terra em posse de poucas pessoas ameaça os territórios dos povos".
Neste sentido, expressam sua preocupação pela "ocorrência frequente de atos corruptos no processo de concessão de terras e sem a consulta devida aos povos que as habitam".
Segundo os participantes, "a enorme biodiversidade da América Latina e do Caribe oferece serviços ambientais para todo o planeta, fato que transcende o significado mercantilista atual e que oferece verdadeiros benefícios".
"Esta biodiversidade - destacam - está sendo aniquilada irreversivelmente: somente na Amazônia, mais de 17% da selva desapareceu e a taxa de extinção de espécies chega a ser mil vezes superior à histórica."
"Assistimos - destacam - a uma crescente destruição ambiental pelo desflorestamento, contaminação devido a resíduos industriais e urbanos, mineração a céu aberto, avanço da desertificação, entre outros, que afetam os recursos vitais para os povos, como a água doce e provisão natural de alimentos, especialmente entre os mais pobres."
Diante desta realidade, os participantes reafirmam sua fé "em um Deus Criador amoroso com tudo que existe, que é o único Senhor da terra. Ele confiou esta criação aos seres humanos, semeadores das qualidades de seu Criador, para sua guarda e seu cultivo. Nisso se sustenta o princípio do destino universal dos bens".
Neste sentido, constatam a "necessidade de conhecer melhor e acolher a sabedoria milenar dos povos indígenas de nosso continente; sobretudo de sua experiência de fé, que nos permite aprender de sua relação de harmonia e comunhão com Deus, os seres humanos, a natureza e os demais seres da criação. Isso supõe cultivar a atitude contemplativa diante dos bens da criação como dom de Deus".
Para isso, "é necessário denunciar o impacto negativo dos grandes projetos econômicos e de infra-estrutura, assim como promover e exigir a monitoração empresarial, estatal e civil, esclarecendo as situações ilegais e imorais. Isso nos incita encontrar mecanismos de incidência nos poderes públicos nacionais e internacionais, em defesa dos direitos humanos".
Tanto nas comunidades locais, dentro do contexto da missão continental da Igreja na América Latina e no Caribe, especialmente na família - igreja doméstica -, afirmam, "é uma tarefa importante promover uma cultura de austeridade/sobriedade, simplicidade e alegria como alternativa saudável, ecológica, tanto individual como coletiva, por meio da produção orgânica, eco-amigável, consumo responsável, reciclagem, uso adequado e aproveitamento de bens, educação no respeito à natureza que possibilita condições presentes de justiça social e de vida das gerações futuras (cf. CIV 1)".

Fonte: Zenit.

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