Bento XVI não teme as confrontações nem os debates, afirma seu secretário particular, Pe. Georg Gänswein, destacando a "valentia" do Papa.
O Pe. Gänswein aproveitou a entrega do prêmio italiano Capri San Michele - pelo seu livro "Bento XVI urbi et orbi. Com o Papa em Roma e pelos caminhos do mundo" (Livraria Editora Vaticana, 2010) - para fazer um balanço dos 5 primeiros anos do pontificado de Bento XVI.
Na intervenção, publicada pelo L'Osservatore Romano, o Pe. Gänswein destaca o lado "cálido" e a "simplicidade" daquele que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Sublinha também a "valentia" que marca seu pontificado: "Ele não hesita ao falar dos defeitos e erros do Ocidente; critica essa violência que pretende ter uma justificativa religiosa", afirma.
Bento XVI "nunca deixa de recordar que, com o relativismo, o hedonismo e a imposição da religião por ameaça e violência, dá-se as costas para Deus".
O secretário particular de Bento XVI lembra que este Papa, a quem qualifica como "o Papa da palavra", tem muito interesse em reafirmar "o núcleo da fé cristã: o amor de Deus ao homem, que encontra na morte de Jesus na cruz e em sua ressurreição uma expressão insuperável".
Fé e razão no centro
No centro do pensamento do Papa, encontra-se a questão da relação entre fé e razão, entre religião e renúncia à violência.
Para Bento XVI - destaca seu secretário - "a reevangelização da Europa e do mundo será possível quando os homens entenderem que a fé e a razão não se opõem, mas se complementam".
"A mensagem do Sucessor de Pedro é simples e profunda ao mesmo tempo: a fé não é um problema por resolver, mas um dom por descobrir, dia a dia - explica. A fé dá alegria e plenitude."
O secretário de Bento XVI afirma finalmente que, "se todos os olhares e todas as câmeras se dirigem ao Papa, não é por ele (...); o Santo Padre não se coloca no centro, não anuncia a si mesmo", mas sim Jesus Cristo, "o único redentor do mundo".
"A fé ajuda a viver, a fé oferece alegria, a fé é um grande dom: eis aqui a convicção mais profunda do Papa Bento", acrescenta.
Um estilo próprio
Cada Papa responde ao chamado de Jesus com "sua personalidade" e "sua sensibilidade" - explica também o secretário particular do Pontífice.
"Bento XVI não é João Paulo II (...). Deus não gosta de repetições nem de fotocópias", recorda.
Por isso - continua -, "aqui há algo verdadeiramente singular e edificante: o Papa Bento se apresentou ao mundo como o primeiro devoto do seu predecessor; este é um ato de grande humildade, que surpreende e suscita admiração".
O Papa Bento XVI deu à Igreja e ao mundo uma maravilhosa lição de estilo pastoral: "Quem começa um serviço pastoral - eis aqui sua lição - não deve apagar as pegadas de quem trabalhou antes, mas sim colocar humildemente seus pés nas pegadas de quem caminhou e se cansou antes dele".
Assim, Bento XVI "acolheu esta herança e construiu a partir dela, com seu estilo humilde e reservado, com suas palavras tranquilas e profundas, com seus gestos discretos, mas incisivos".
E conclui: "João Paulo II foi o Papa das grandes imagens; Bento XVI é o Papa da palavra, da força das palavras: é um teólogo, mais que um homem de grandes gestos; um homem que ‘fala' de Deus".
Fonte: Zenit.
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