O secretário-geral da Conferência Episcopal da Colômbia manifestou que o governo não leva a sério os problemas das vítimas do conflito armado, milhões de desabrigados. Suas declarações são feitas no marco da campanha da Igreja a favor dos afetados pela violência, lançada esta semana.
A Conferência Episcopal da Colômbia (CEC) e o Secretariado Nacional da Pastoral Social (SNPS/Cáritas Colombiana) lançaram na última segunda-feira, em Bogotá, a Campanha a favor das vítimas da violência: "Porque nenhuma vítima é alheia a mim".
O evento aconteceu na sede da CEC. O diretor do SNPS/Cáritas Colombiana, Dom Héctor Fabio Hanao, explicou que esta campanha começou há vários anos, recolhendo as expressões de diversas entidades e pessoas que apoiam os esforços de paz na Colômbia.
Esta é a terceira edição desta campanha, que pretende destacar o caráter ético que existe na situação das vítimas, particularmente da população desabrigada.
Durante o lançamento da campanha, o SNPS/Cáritas Colombiana fez a apresentação do relatório "Revivendo a esperança: um olhar crítico na reconstrução da dignidade das pessoas vítimas do conflito armado colombiano".
Por sua vez, o secretário-geral da CEC, Dom Juan Vicente Córdoba, considerou, em declarações à Rádio RCN, que o governo "não leva a sério" os 3,5 milhões de pessoas que, segundo seus cálculos, se viram obrigadas a abandonar suas casas pelo conflito armado, número que qualificou como "alarmante".
Ainda que o governo de Juan Manuel Santos contemple um projeto legal de reparação às vítimas e a restituição dos mais de cinco milhões de hectares usurpados dos desabrigados, Dom Córdoba destacou que os desabrigados "aumentam, aumentam, aumentam e não há planos".
"Estamos improvisando coisas, por meio de ações políticas, para levar adiante planos municipais, governamentais e nacionais, e estão indo bem, mas o problema não está sendo levado a sério", afirmou.
Neste sentido, o prelado recomendou um plano de "grandes" projetos que pretendem focar em moradia, ação social, formação, trabalho, acompanhamento e prevenção da criminalidade.
"Sejamos realistas: não devemos esconder as coisas, devemos enfrentá-las com realidade; a restituição de terras deve ser feita com um projeto, um programa vindo do governo nacional, com pessoas objetivas, técnicas, que possam realmente e com autoridade exercer uma ação concreta para devolver as terras às pessoas", sugeriu Dom Córdoba.
A Corte Constitucional Colombiana alertou, na semana passada, que entre 2004 e 2009 o número de desabrigados passou de 1,5 para mais de 4 milhões.
O número é maior para a Consultoria para os Direitos Humanos e Deslocamento Forçado. Segundo a agência EFE, o número calculado por esta organização não-governamental é de 4,5 milhões de desabrigados - um dado que faz que a Colômbia sofra uma das maiores tragédias humanitárias no contexto internacional.
Fonte: Zenit.
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