Multiplicam-se no mundo católico expressões de condenação pela campanha do "Dove World Outreach Center", uma comunidade evangélica dos Estados Unidos cujos membros decidiram queimar os textos do Alcorão, por ocasião da comemoração de 11 de setembro, aniversário dos atentados contra as torres gêmeas de Nova York. A comunidade pretende que este gesto se multiplique no mundo inteiro.
A Santa Sé também manifesta, em um comunicado do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, sua "profunda preocupação" pela proposta: "Estes lamentáveis atos de violência não podem ser remediados opondo um gesto de grave ultraje ao livro considerado como sagrado por uma comunidade religiosa".
"Cada religião, com os respectivos livros sagrados, lugares de culto e símbolos, têm direito ao respeito e à proteção: trata-se do respeito devido à dignidade das pessoas que aderem a ela e às suas decisões livres em matéria religiosa", indica o dicastério vaticano presidido pelo cardeal Jean-Louis Tauran.
Os protestos mais insistentes contra este ato aconteceram entre expoentes da Igreja Católica na Ásia, segundo informa o L'Osservatore Romano.
Um dos primeiros em levantar a voz foi o arcebispo de Bombaim, cardeal Oswald Gracias. Depois, também o presidente da Conferência Episcopal do Paquistão, o arcebispo de Lahore, Dom Lawrence John Saldanha.
O prelado afirmou, segundo a agência missionária Fides, da Congregação para a Evangelização dos Povos: "Condenamos com decisão esta campanha, contrária ao respeito devido a todas as religiões e contrária à nossa doutrina e à nossa fé".
Nazir S. Bhatti, presidente do Pakistan Christian Congress, pediu ao líder desta iniciativa, reverendo Terry Jones, que a anulasse, pois "poderia afetar gravemente as minorias cristãs nos países de maioria islâmica".
"O Dia da Queima do Alcorão será utilizado pelos radicais islâmicos como pretexto para atacar os cristãos", afirmou.
Esta grande preocupação se estendeu também à Indonésia, país com o maior número de muçulmanos no mundo, onde, no último final de semana, foram registradas marchas de grupos muçulmanos que protestaram pela iniciativa.
Há alguns dias, a conferência episcopal organizou um encontro com os membros do movimento radical islâmico FPI (Frente Islâmica de Defesa), no qual se ressaltou o dever do respeito recíproco entre cristãos e muçulmanos.
Dom Johannes Pujasumarta, bispo de Bandung e secretário-geral da Conferência Episcopal da Indonésia, explicou que nesse encontro "manifestamos nossa oposição e lançamos um apelo para que voltem atrás. Continuaremos rezando para que não aconteça nada desagradável, nem na Indonésia nem em nenhum lugar do mundo, por causa de um ato tão irresponsável".
Fonte: Zenit.
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