sexta-feira, 9 de julho de 2010

Surpresas arqueológicas de São Paulo Fora dos Muros

O peregrino pode descobrir em sua plenitude, a partir de agora, o patrimônio histórico e espiritual da Basílica de São Paulo Fora dos Muros de Roma, testemunha fiel de dois milênios da história do cristianismo, graças aos novos achados arqueológicos.
O Papa Bento XVI inaugurou, no último dia 28 de julho, um importante complexo arqueológico, com peças da antiga basílica, construída por ordem de Constantino no século IV. ZENIT percorreu o complexo basilical junto ao seu arcipreste, Dom Francesco Monterisi.
Dentro das novidades que pudemos descobrir, destaca-se uma galeria que vai da abadia beneditina (onde vivem os monges que, há 1.300 anos, se encarregam da atenção pastoral da basílica), até a entrada às recentes escavações e um edifício dedicado aos turistas e peregrinos que contém uma livraria e uma cafeteria.
Nessa galeria, podem ser vistas peças encontradas recentemente nas escavações feitas pelo Pontifício Instituto de Arqueologia Cristã e pelos Museus Vaticanos. As vitrines que exibem estas peças estão separadas por desenhos que mostram a evolução da basílica: desde sua consagração, no século IV, até nossos dias.
Umas escadas conduzem ao sótão, que ainda não está aberto ao público, mas no qual se espera que em breve possam contemplar algumas peças arqueológicas dos primeiros mosteiros beneditinos de São Paulo Fora dos Muros.
Sua história em três etapas
Esta basílica foi consagrada em 324 pelo Papa Silvestre I. Constantino mandou construí-la logo depois de que se permitiu no Império Romano o culto público por parte dos cristãos.
Entre os anos 384 e 385, os imperadores Teodósio, Valentino II e Arcádio construíram a "segunda basílica", que tinha as dimensões da basílica atual, porque a constantiniana era pequena demais. Nos séculos seguintes, enriqueceu-se com novos elementos, como o Baldaquino de Arnolfo di Cambio e a base do círio pascal de Nicola D'Angelo e Pietro Vassalletto, os quais ainda se conservam.
Um incêndio, em 1823, destruiu quase sua totalidade. "As colunas se consumaram quase totalmente pelas chamas. O teto já não podia se sustentar", explica Dom Monterisi. Depois, o Papa Leão XII fez um convite ao mundo inteiro, para reconstruí-la de maneira idêntica.
Não somente os católicos responderam com doações, mas também cristãos de outras denominações.
"A basílica foi consagrada pelo Papa Pio IX, em 10 de dezembro de 1854, dois dias depois da proclamação do dogma da Imaculada Conceição", recordou o arcipreste. Esta é a construção que pode ser vista atualmente.
O túmulo de São Paulo
Uma das novidades do Ano Paulino foi a abertura do lugar onde, segundo a tradição e as últimas investigações, jazem os restos de São Paulo. Cada dia, dezenas de peregrinos descem umas escadas que se encontram justamente na frente do baldaquino.
No território onde hoje está a basílica, encontrava-se antes o cemitério Ostiense, o mais próximo da atual Abadia das Três Fontes, a qual foi construída no lugar em que São Paulo foi decapitado, segundo a tradição. Lá foi achada uma lápide que está formada por várias peças e tem a inscrição "Paulo, apóstolo, mártir", sobre o túmulo de Saulo de Tarso.
"Em 2002, o túmulo sofreu uma primeira intervenção - disse o arcipreste. O sarcófago de São Paulo estava escondido por um muro muito profundo para protegê-lo das inundações do rio Tibre. A primeira intervenção consistiu em tirar uma parte do muro para tornar visível a pedra do sarcófago que agora aparece no fundo, em uma janela aberta na frente do túmulo."
A segunda intervenção aconteceu em 2008.
"Em um buraco no sarcófago - explica -, introduziu-se uma câmera minúscula e uma pinça para operações cirúrgicas, com as quais foi extraído um pedaço de tecido verde e vermelho com fios de ouro, sinal de que cobriam o corpo de uma pessoa importante; do outro lado, foi extraído um osso minúsculo."
A investigação demonstrou que isso pertencia a "um homem que morreu entre os séculos I e II d.C. É a confirmação da tradição, disse o Papa na homilia de encerramento do Ano Paulino, segundo a qual os restos do apóstolo Paulo são conservados nesse túmulo".
A basílica sofreu outras intervenções artísticas em 1931, com a porta de bronze de Antonio Mariani, e a Porta Santa, que foi colocada durante o Jubileu do ano 2000 por Enrico Manfrini.
Apesar da sua distância do centro histórico de Roma, o que faz que alguns percorridos turísticos a ignorem, São Paulo Fora dos Muros adquire cada vez mais importância por ser um ponto de referência para o ecumenismo, pelos grandes tesouros da arte e da arquitetura que se encontram lá, pelos medalhões de todos os papas, de São Pedro a Bento XVI - que dão fé da continuidade da sucessão de Pedro - e agora pelas novas peças arqueológicas, que testemunham a história do cristianismo na Cidade Eterna.

Fonte: Zenit.

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