quinta-feira, 22 de julho de 2010

Redução de investimento atrasará 20 anos de ajuda contra AIDS

A Cáritas Internacional adverte que um corte nos fundos para programas de luta contra o HIV no mundo fará retardar em 20 anos a campanha contra a AIDS. O comunicado foi dado na Conferência Internacional sobre esta doença que, acontece de 18 a 23 de julho em Viena.
A Conferência Internacional reúne em Viena especialistas de saúde, cientistas, governos e ativistas.
Entre as questões mais delicadas da agenda, estão as políticas das grandes empresas farmacêuticas a respeito dos países do Sul do mundo, em especial africanos, entre os mais afetados pelo HIV/AIDS.
Dom Robert Vitillo, representante especial sobre HIV e AIDS da Cáritas Internacional, foi palestrante em uma sessão sobre "Acesso Universal", em uma "pré-conferência" da rede católica, em 16 e 17 de julho, na qual também participou a secretária-geral de Cáritas Internacional, Lesley-Anne Knight.
O programa contra a AIDS das Nações Unidas, UNAIDS, estima que é necessário neste ano conseguir 27 milhões de dólares para abordar a pandemia, mas as estimativas otimistas sobre os fundos disponíveis preveem um corte de mais de um terço. Os custos aumentam à medida que mais pessoas são infectadas, especialmente se cortarem também a prevenção e os programas de teste.
Dom Vitillo disse que já existem pessoas que foram excluídas do tratamento em países que visitou, como Uganda, por causa de falta de fundos.
"Descuidar o HIV e a AIDS colocará em risco milhões de vidas humanas nos países pobres - afirma Dom Vitillo. Se as pessoas não tiverem acesso ao tratamento, voltaremos aos anos 80, nos quais não havia suficientes camas de hospital e as pessoas morriam sem receber nenhuma atenção."
Os efeitos deste corte de fundos vão desde a denegação de tratamento as pessoas afetadas até políticas que bloqueiam que se inscrevam novos pacientes nos programas de medicação. Junto aos cortes de fundos para os serviços de saúde, as ajudas para órfãos e crianças vulneráveis também poderão ser afetadas.
Cáritas esteve promovendo o acesso universal ao tratamento para as pessoas com HIV e AIDS, assim como oferecendo tratamento e atenção.
A campanha da Cáritas "HAART para Crianças" está motivando os governos e empresas farmacêuticas a melhorarem os testes e tratamento para crianças com HIV e tuberculose nos países pobres. HAART quer dizer em inglês Terapia Antirretroviral Altamente Ativa, a combinação de remédios que ajudam a prolongar a vida de crianças e adultos que vivem com HIV. Sem acesso a tais medicamentos salva-vidas, mais da metade das crianças com HIV morrerão antes de seu segundo ano de vida.
Durante a Conferência Internacional sobre AIDS, como sua última ação na Campanha "HAART para Crianças", a Cáritas entregará 20 mil assinaturas para representantes do governo austríaco.
Segundo Dom Vitillo, estas assinaturas mostram a preocupação do povo austríaco por seus irmãos e irmãs que vivem com AIDS nos países desenvolvidos.
A exigência de um maior compromisso por parte das potências industriais para garantir o acesso universal à atenção e aos fármacos mais eficazes caracterizaram a abertura este domingo em Viena da Conferência.
"As promessas não mantidas matam", dizia um dos cartazes dos manifestantes que protestavam pelo atraso e tarefas não cumpridas dos países do G8.
Há cinco anos, na cidade escocesa de Gleneagles, os representantes das oito maiores economias do planeta se comprometeram a garantir o acesso universal à atenção sobre o HIV/AIDS antes de 2010.
No mês passado, no Canadá, os governos destes mesmos países admitiram não ser capazes de respeitar o prazo dado.
Neste domingo, a falta de "vontade política" foi o tema central da intervenção de Julio Montaner, presidente da International Aids Society, sociedade que organiza a conferência de Viena.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2008 as pessoas afetadas pelo HIV eram mais de 33 milhões. No mesmo ano, o número de mortes havia diminuído em relação com 2004 em 2,2 milhões. Segundo estimativas apresentadas na semana passada pela ONU em Accra, na região subsaariana, a incidência da AIDS foi reduzida entre 2001 e 2008 em cerca de 17,4%.

Fonte: Zenit.

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