O presidente do Conselho Nacional de Leigos da Venezuela, Manuel Arcaya, publicou um comunicado no dia 7 de julho, no qual expressa sua solidariedade com o cardeal Jorge Urosa Savino, após os insultos sofridos por ele da parte do presidente do país, Hugo Chávez.
A origem desta nova crise Igreja-governo aconteceu nesta segunda-feira, 5 de julho, quando o presidente venezuelano Hugo Chávez e seu colega equatoriano, Rafael Correa, assistiam a uma sessão solene na Assembleia Nacional para comemorar os 200 anos da independência da Venezuela.
O presidente Chávez acusou o cardeal arcebispo de Caracas, Jorge Urosa, qualificando-o como "indigno". Disse que é um "troglodita" que está tentando "colocar medo no povo, falando do comunismo"; por isso disse que "não merecemos um cardeal como esse, este povo merece outro cardeal".
Durante o ato oficial, transmitido em rede nacional de rádio e televisão e em companhia de Correa, disse que "o povo já não é manipulável por nada nem ninguém" e disse que aqueles que são simpáticos ao processo revolucionário se sentem "bem longe da hierarquia eclesiástica católica".
Em seu comunicado, o presidente dos leigos venezuelanos, Manuel Arcaya, afirma:
"Novamente, agora na vanguarda de nosso cardeal Jorge Urosa Savino, a Igreja tem sido vítima de uma cruel tentativa de desacreditar e dividir pela máxima autoridade civil e política do país".
"Como presidente do Conselho Nacional de Leigos da Venezuela - acrescenta -, na representação dos leigos venezuelanos, dos movimentos laicais, dos Conselhos Diocesanos de Leigos e a título pessoal, manifestamos nossa maior solidariedade com Sua Eminência e rejeitamos categoricamente os adjetivos e as palavras impróprias das quais foi vítima."
Manuel Arcaya garante que, "nas atuais circunstâncias, o país está sendo submetido a uma intensa, consciente e perversa campanha do governo para gerar desesperança".
Neste sentido, cita as palavras do Papa Bento XVI por ocasião da XIII Assembleia plenária do Conselho Pontifício para os Leigos, quando recordou a "necessidade e urgência da formação evangélica e do acompanhamento pastoral de uma nova geração de católicos comprometidos na política, que sejam coerentes com a fé professada, que tenham rigor moral, capacidade de julgamento cultural, competência profissional e paixão pelo serviço ao bem comum".
Em Roma, onde assistia às reuniões da Santa Sé, o cardeal Jorge Urosa emitiu um comunicado no qual não só rejeitava os ataques de Chávez, mas também reiterava sua preocupação pelas consequências que o modelo socialista que impulsiona o governo poderiam trazer sobre o sistema democrático vigente a partir de 1958.
O cardeal Urosa respondeu às palavras de Chávez afirmando que "o presidente não tem licença para insultar, difamar nem injuriar nenhum venezuelano".
Ainda que o presidente Chávez garanta que seu projeto não é igual à extinta União Soviética ou Cuba, para o cardeal há sinais, como as constantes expropriações ou nacionalizações de empresas, que revelam o contrário.
O cardeal também denunciou que, embora o governo esteja empenhado em estabelecer seu modelo "socialista marxista", descuida de tarefas como garantir a segurança dos cidadãos, oferecer melhores serviços de saúde e educação, constituir infraestruturas.
Por sua vez, o jornal vaticano L'Osservatore Romano publicou na quarta-feira passada um artigo chamado "Liberdade de expressão para a Igreja na Venezuela", no qual informava sobre os ataques ao cardeal Urosa.
Fonte: Zenit.
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