quarta-feira, 15 de junho de 2016

XII Domingo do Tempo Comum


Comentário sobre a liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor em Teologia Espiritual, diretor espiritual e professor de Humanidades Clássicas no Centro de Noviciado e de Humanidades da Legião de Cristo em Monterrey (México)
DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ciclo C
Textos: Zac 12, 10-11; Gal 3, 26-29; Lc 9, 18-24
Ideia principal: Seguir a Cristo nunca é fácil.
Síntese da mensagem: Seguir a Cristo requer levar a sério as condições que hoje Cristo nos coloca: “Se alguém quiser vir detrás de mim, que não se busque a si, que tome a sua cruz de cada dia e me siga”. Não buscarmos a nós mesmos, que é egoísmo, mas a vontade de Deus. Pegar cada um a sua própria cruz de cada dia, participação de alguma farpa da cruz de Cristo: cruz física, cruz psicológica, cruz moral, cruz espiritual. Seguir a Cristo, pois Ele deixou bem nítidas as pegadas no evangelho, no Sacrário e no pobre necessitado.
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugarnão foi fácil seguir a Cristo durante a sua vida terrena. Perguntemos a esse jovem rico do evangelho que deu as costas a Cristo (cf. Mc 10, 17-30). Perguntemos a esses escribas e fariseus, que embora escutavam, não se abriram à fé Nele e preferiram seguir atados aos seus pergaminhos, tradições e sobretudo, à sua soberba. Perguntemos a quantos Cristo deu de comer e encheu o estômago deles de pão material, mas quando lhes vaticinou o outro Pão, o Pão do seu Corpo (cf. Jo 6), retiraram-se muitos e o abandonaram. Perguntemos a Pedro que quando Cristo fez o se anúncio da paixão e morte, quis dissuadi-lo para mudar de ideia; e Cristo somente lhe disse bem firme: “Afasta-te de mim, Satanás, pensas como os homens e não como Deus”. Perguntemos aos mesmos apóstolos, escolhidos por Cristo, que demoraram tanto em entender a mensagem de Jesus, e falharam justamente na hora da Paixão, deixando-o sozinho, a exceção de João. Perguntemos a quantos escutaram aquelas palavras: “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, pegue a sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24); fizeram como que não ouviram e seguiram outro caminho, em busca talvez de um profeta que lhes prometa a felicidade sem cruz e sem renúncia. Com quantos amigos terminou Cristo na sua vida terrena? Podemos contar com os dedos das mãos. Sim, seguir a Cristo é difícil, porque é subida, o caminho é espinhoso em muitas ocasiões, poucos momentos de oásis e muito suor e lágrimas. Mas a presença de Cristo consola, anima, fortalece e fortifica a nossa alma e o nosso corpo. E hoje encontramos essa presença especialmente na oração, nos sacramentos e na caridade com o pobre, onde Ele se faz também carne necessitada de um gole de água, de um pedaço de vestido, de um teto para abrigar-se.  
Em segundo lugarnão foi fácil seguir a Cristo durante os primeiros séculos do Cristianismo, quando Jesus subiu ao céu. “Crucifica-o”. Este grito dos judeus contra Jesus continua sendo escutado durante três primeiros séculos contra os cristãos. “Christiani ne sint” (morram os cristãos), reza o edito imperial. Mas os discípulos de Cristo crucificado, sem outras armas que a sua paciência e a sua verdade, superam todas as ciladas. Até o governo de Nero a Igreja pôde se propagar com certa liberdade. Deste este imperador até o século IV se perseguiu à morte os cristãos, procurando aniquilá-los por todos os meios. Eles mantiveram firmes a sua fé até a morte, com o auxílio divino: homens, mulheres e crianças sofreram alegres os tormentos e a morte por se confessarem cristãos. Muitos pagãos se converteram ao ver o seu valor nos tormentos e o exemplo na sua vida impecável: Quantas perseguições? Houve 10 perseguições gerais, que se estendiam por todo o Império; e muitas perseguições locais que afetavam só tal o qual província. Que tormentos? Às vezes serviam de espetáculo à plebe ávida de sangue e emoções fortes: crucifixão, bestas no circo, fogo lento, tochas… Estes tormentos foram sem dúvida terríveis nas últimas perseguições, nas que se pretendia quebrantar a vontade e conseguir a sua apostasia: fome, dentes de ferro, flagelação até deixar descobertos os ossos, azeite fervendo e pele derretendo, etc. Como sofriam e morriam os primeiros cristãos? Serenos e em paz, com ânsias de se unirem a Cristo. Humildes e caridosos, perdoando os seus verdugos e rogando pela sua salvação. Às vezes discutiam com os seus juízes demonstrando-lhes a verdade da religião. O Espírito que neles habitava colocava na boca deles as palavras que tinha que responder. Causas das perseguições? A verdadeira causa era que a vida exemplar dos cristãos constituía uma constante repreensão dos vícios pagãos. Jesus tinha anunciado claramente: “Sereis perseguidos porque não sois do mundo”.Os pretextos que punham os perseguidores eram: são inimigos do estado, poia não acatam às ordens do imperador, são ímpios e atraem as maldições dos deuses, não querem tributar-lhes culto. Tertuliano lhes respondeu: “Ide aos vossos cárceres e vede quantos pagãos criminais há neles e quantos criminais cristãos: depois julgai vós”. Outros pretextos: cometem crimes tremendos na celebração dos seus mistérios: p.e., comem crianças… São causa de divisão dentro do império.       
Finalmentenão será fácil para cada um de nós, os seus seguidores. Seguir a Cristo na política não é fácil. Como acabou sir Thomas Moro, primeiro ministro, na Inglaterra do século XVI, com o rei adúltero Henrique VIII? Seguir a Cristo na medicina não é fácil. Quantos médicos diante da objeção de consciência, por não aceitar o aborto, foram despedidos das clínicas! Seguir a Cristo na economia não é fácil. Como acabam os economistas que fazem luz às corrupções? Seguir a Cristo no meio pagão e descristianizado, não é fácil; esses cristãos honestos não conseguem postos e são marginalizados e humilhados. Seguir a Cristo no matrimônio e na família, não é fácil. Seguir a Cristo como jovem que não se deixa levar por esses ambientes que oferecem “pão e circo”, não é fácil. Seguir a Cristo como religiosas e freiras, não é fácil. Seguir a Cristo como sacerdotes fiéis ao celibato, não é fácil. Seguir a Cristo cuidando e dedicando-se aos pobres, enfermos e anciãos, não é fácil.      
Para refletir: Penso seguir a Cristo desde a comodidade? Levo a minha cruz com serenidade e amor, unida à cruz de Cristo? Já coloquei os meus pés nas pegadas que Cristo deixou no evangelho?
Para rezar: Nem sempre sois o meu tesouro, Senhor. Nem sempre tenho-vos no centro da minha vida. Porém, quero lutar para optar cada vez mais por Vós. Quero descobrir-vos e ter-vos como o único e mais prezado tesouro da minha vida. Nem sempre sois o meu Senhor. As riquezas, o ter, o consumo… me atraem demais e me acostumam ao cômodo, ao que é fácil. Sei que seguir-vos exige sacrifício, que deixar-me levar por esses senhores, afastar-me-á irremediavelmente de Vós. Quero ser livre e ter-vos como o meu único Senhor.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
Fonte: Zenit.

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