quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

III Domingo da quaresma

Ciclo C
Textos: Ex 3, 1-8a.13-15; 1 Co 10, 1-6.10-12: Lc 13, 1-9
Ideia principal: A figueira da nossa vida está dando frutos de penitência e conversão?
Síntese da mensagem: Continuamos no ano da Misericórdia. Sem dúvida alguma que todos os males que sofremos a nível pessoal, familiar, social, eclesial, mundial… devem-se aos nossos pecados. Não é que Deus está nos castigando. Mas os nossos pecados não ficam impunes. Pagamos as consequências dos nossos extravios. Por isso, urge dar frutos de conversão. Somente se nos arrependermos, obteremos a misericórdia de Deus (Evangelho) e Ele nos encherá de frutos de santidade. Quaresma é o tempo da experiência da misericórdia e da libertação de Deus (1 leitura). Quem crer que está firme, que tome cuidado para não cair (2 leitura).
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, Cristo nesta Quaresma, e durante toda a nossa vida, chama-nos àconversão e a dar frutos de conversão. Só desse jeito chegaremos preparados para a Páscoa. Somos figueiras que Ela plantou no jardim do mundo. Deus nos dotou com a capacidade de fazer o bem, de cultivar a justiça e de manter umas relações sãs com os demais e com Deus mesmo. Mas como dono e Senhor dessas figueiras que somos nós, pode exigir de nós e pedir contas. A conversão leva consigo a renúncia ao pecado e ao estado de vida incompatível com o ensinamento de Cristo, e a volta sincera a Deus. Não bastaria o nosso simples propósito de mudar de vida, se não existir dor pelas faltas cometidas. A conversão não é só fazer penitência, no sentido de realizar umas obras de jejum e de esmola. A palavra grega para penitência é “metánoia”, que significa mudança de mentalidade. O que Deus nos pede nesta Quaresma é uma mudança num nível bastante mais profundo do que no nível das meras obras externas. Uma conversão, se for autêntica, “faz dano”, porque significa meter o “dedo na chaga” e corrigir as raízes dos nossos males. Se tiver que “operar”, temos que estar dispostos a pegar o bisturi e cortar o que for necessário, e não nos conformar com a aplicação de um pomada suave que não chega às raízes do nosso mal. E o que temos que cortar sem contemplações são as causas dos nossos pecados que ofendem a Deus e os nossos irmãos.
Em segundo lugar, Cristo espera frutos concretos de conversão da nossa figueira (evangelho). Paulo na segunda leitura aos cristãos de Corinto jogou na cara deles que alguns dos israelitas que fizeram o caminho com Moisés pelo deserto não agradaram a Deus, nem foram fiéis à Aliança, deixando-se levar pelas tentações dos povos vizinhos. Procuraram outros deuses permissivos. Por isso não entraram na terra prometida. Para Paulo isso deveria servir para nós de escarmento. Não basta com pertencer ao povo de Deus, ou com dizer umas orações ou levar umas medalhas ou ir de peregrinação a um Santuário. Algo tem que mudar na nossa vida para que a nossa figueira pessoal dê os frutos que Deus espera. Temos que ser sinceros e entrar na nossa horta interior e matar todo bicho ou praga que estiver destruindo a nossa figueira: egoísmo, indiferenças, protestas, rebeldias interiores, maltrato ao próximo, infidelidade matrimonial ou sacerdotal, mentiras e trapaças. Se tiver que fumigar com adubo eficaz a horta, o que estamos esperando? Se tiver que regar com a oração, por que vamos dando mais tempo ao assunto? Se tiver que podar, peguemos as tesouras e cortemos sem contemplações. A paciência de Deus pode ter um limite: “corte essa figueira”.       
Finalmente, quantos séculos faz que Deus vem pedindo frutos! Pensemos naquela Europa cristã[1], que recebeu a primeira semente da fé por boca dos mesmos apóstolos, regada com o sangue de inumeráveis mártires, protegida pelos santos pastores, civilizada pela multidão de monges, enriquecida com toda classe de dons. Beneficiária, ela também, de um amor de grande predileção da parte do Senhor. E o que encontra esse Dono? Alguns frutos bons, bendito seja Deus! Mas quanto fruto mau: ateísmo, agnosticismo, indiferentismo, relativismo, descenso da fé e fechamento de igrejas e mosteiros, avanço de outras religiões fanáticas e blasfemas, como disse o Papa Francisco, que em nome de Deus perpetram atentados desumanos. Onde estão as virtudes cristãs que fizeram possível a edificação das magnificas catedrais, a criação das escolas e das universidades, a construção de uma sociedade que tinha por lei o Evangelho, os tesouros da arte, as obras mestras da literatura cristã, o governo de príncipes santos: São Fernando III de Castilla, Santa Margarita da Escócia, São Vladimiro de Kiev, São Luís IX da França, Santa Matilde de Ringelheim, e tantos outros? Oremos pelos cristãos fiéis que na velha Europa, mãe da nossa cultura e da nossa fé, continuam combatendo o bom combate, e peçamos com eles ao dono do campo que conceda àquela bendita terra “um ano mais”, e a graça de que os seus corações se abram à penitência que dá frutos de vida eterna.
Para refletir: Nosso Senhor Jesus Cristo é um Rei misericordioso que perdoará a quem confessar humildemente os seus pecados; não perdoará a quem se recusar a abandonar-se nas suas mãos bondosas. Abramos as nossas almas ao presente da sua misericórdia! Só assim poderemos dar frutos de conversão, de santidade e de vida eterna. Olhemos o nosso coração, quais frutos estamos dando a nível pessoal, a nível familiar, a nível laboral, a nível paroquial?
Para rezar: Senhor e Deus nosso, tende paciência de mim, pois quero dar fruto abundante para maior glória vossa. Não me maldigais, como maldissestes aquela figueira na que só encontrastes folhas (cf. Mt 21,19). Não quero que me tireis o vosso Reino, para entregá-lo a um povo que produza frutos que esperais (cf. Mt 21,43). Que seja consciente, Senhor, que o vosso Pai Deus será glorificado quando eu der muito fruto e mostre assim que sou o vosso discípulo (cf. Jo 15,8).
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org
[1] Ideia pega do padre Alfredo Saénz no seu livro “Palabra y vida”, Gladius 1994.

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