Os bispos da Venezuela manifestaram sua preocupação com as recentes declarações do presidente Hugo Chávez contra o arcebispo de Caracas, cardeal Jorge Urosa Savino. Os prelados se manifestaram por meio de comunicado, publicado dia 12 de julho pela Conferência Episcopal Venezuelana, após a conclusão das sessões da Assembleia Plenária Ordinária.
No dia 5 de julho, durante a comemoração dos 200 anos da independência da Venezuela, Hugo Chávez acusou o arcebispo de Caracas de ser “um troglodita” e “indigno”, por tentar “colocar medo no povo contra o comunismo”. Disse também que a Venezuela “não merece um cardeal como esse”.
Os bispos afirmaram que a “polarização ideológica-política de diversos atos não contribui para a criação de um ambiente favorável”.
“Dos altos cargos e dos funcionários é esperado que em suas declarações sejam dados exemplos de respeito que todos os cidadãos merecem”, destaca o comunicado.
“Rejeitamos as reiteradas e injustas agressões por parte do presidente da República a pessoas e instituições, ferindo inclusive o sentimento religioso de diversas confissões”. Os prelado expressaram sua solidariedade ao cardeal Urosa.
Apelo à paz
O purpurado, que retornou de Roma no domingo passado, foi abordado no aeroporto de Maiquetía, em Caracas, por alguns jornalistas que lhe perguntaram sobre as declarações. Ele respondeu que não queria continuar com a polêmica. “Esse não é meu papel. Eu defendo a paz e a união entre irmãos. Espero que o bom senso prevaleça”, disse o cardeal venezuelano. Dezenas de jovens o esperavam com cartazes para lhe manifestar apoio.
Por sua parte, Dom Diego Padrón, arcebispo de Cumaná, disse anteontem, em entrevista coletiva, que é necessário “virar essa página”. Ele convidou à reconciliação, “ainda que tenhamos ideias diferentes”.
“Exortamos tanto o povo quanto as autoridades a depor toda essa situação de confronto, de divisão”, disse o prelado.
Os bispos venezuelanos convidaram à experiência do “diálogo sereno, como meio necessário para uma autêntica convivência cidadã”.
“É necessário aprender novamente a compartilhar como cidadãos” – afirmaram – “que se preocupam com toda comunidade nacional, debatendo entre todos os setores e resolvendo junto os problemas em todas as instâncias nacionais, regionais, municipais e vizinhança”.
Os bispos consideram que os anseios do povo venezuelano, de um país onde reina o diálogo e a democracia, às vezes parecem contrapostos com “o clima de violência e corrupção que reina em muitas esferas da vida do país, fatos que têm sido demonstrado em mortes violentas, tanto nas ruas como nas prisões, e em escandalosas perdas de alimentos e medicamentos”.
Fonte: Zenit.
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