sábado, 4 de abril de 2015

Vigília Pascal e Domingo de Páscoa

Vigília Pascal, Ciclo B
 
Textos: Gn 1, 1- 2, 2; Gn 22, 1-18; Ex 14, 15 - 15, 1; Is 54, 5-14; Is 55, 1-11; Ba 3, 9-15. 32 – 4, 4; Ez 36, 16-28; Rm 6, 3-11; Mc 16, 1-7

Ideia principal: Deixar-nos conquistar e envolver pela alegria desta noite, para entrar na Páscoa, junto com Jesus.

Síntese da mensagem: Na Sexta-feira Santa e no Sábado Santo sentimos uma grande ausência e tristeza. Altares despojados. Imagens cobertas com um pano roxo. Nem sequer uma flor. Nada de lâmpadas acesas. E toda a Igreja, e com ela nós, permanecemos silenciosos ao pé do sepulcro de Cristo meditando emocionados até o momento da Vigília pascal onde o choro se transforma em alegria, a tristeza em gozo e a solidão em presencia do Ressuscitado. A terra estéril e seca da humanidade, agora regada com a água e o sangue do flanco de Cristo, está fazendo brotar novos filhos de Deus e fecundidade espiritual.

Pontos da ideia principal:

Em primeiro lugar, as mulheres do evangelho de hoje viviam na tristeza por causa da perda de Cristo. Santas mulheres que na vida de Cristo o seguiram com fidelidade, serviram-no com carinho oferecendo os seus bens e com a morte de Cristo se sentiam perdidas e sem rumo. Tanto era o amor por Jesus! Deus as premiou e lhes enviou um anjo que lhes anunciou a notícia mais importante: “Cristo ressuscitou!”. E elas, no começo, temerosas, pois não estavam preparadas para escutar algo tão inaudito. Aliás, quem tiraria delas essa pedra que pesava no seu coração? Mais tarde, elas se encheram de alegria e foram para anunciar e contagiar este gozo profundo. Experimentaram na sua alma a presencia invisível de Cristo ressuscitado, invisível aos olhos humanos e só perceptível aos olhos da fé.

Em segundo lugar, muitos hoje também vivem na sua tristeza e angustia existencial, no seu cepticismo mental, no seu ateísmo prático, no seu indiferentismo religioso, no seu pragmatismo fácil, no seu hedonismo sensual. Também estas pessoas necessitam escutar hoje da boca da Igreja que Cristo vive e ressuscitou. Nós devemos ser esses “anjos” que os animem e abram para eles a esperança da ressurreição de Cristo. Só assim converterão a sua angústia existencial em serenidade, o seu cepticismo e ateísmo em fé sobrenatural, o seu indiferentismo em interesse positivo pela religião, o seu pragmatismo em gratuidade e adoração, o seu hedonismo em busca do sentido da cruz de cada dia. Que aconteça em nós o diz o Papa Francisco: “O grande risco do mundo atual, com a sua múltipla e esmagadora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração cômodo e avaro, da busca doentia de prazeres superficiais, da consciência isolada” (Evangelii gaudium, 2).

Finalmente, quem sabe nós necessitamos escutar esta esplêndida notícia: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira dos que se encontram com Jesus. Quem se deixa salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo sempre nasce e renasce a alegria” (Evangelii gaudium, 1). Na carta “Alegrem-se”, dedicada aos consagrados, nos diz: “A alegria não é um enfeite supérfluo, é uma exigência e fundamento da vida humana. Na peleja de cada dia, todo homem e mulher tende a alcançar e viver a alegria com todo o seu ser. No mundo com frequência chega a faltar a alegria. Não estamos chamados a realizar gestos épicos nem a proclamar palavras altissonantes, mas a testemunhar a alegria que provem da certeza de nos sentir amados e da confiança de ser salvos”. “Todo cristão, especialmente nós, consagrados, estamos chamados a sermos portadores desta mensagem de esperança que dá serenidade e alegria: a consolação de Deus, a sua ternura para com todos. Porém, só poderemos ser portadores se experimentarmos antes a alegria de ser consolados por Ele, de ser amados por Ele” (Papa Francisco 7 de julho de 2013 aos noviços e seminaristas em Roma).

Para refletir: Deixo-me contagiar pela alegria de Cristo ressuscitado? Ou vivo num contínuo tédio, tristeza e angustia? Por quê? Transmito a alegria de Cristo ao meu redor, na minha família, no trabalho, na paróquia, nas comunidades?

Para rezar: Rezemos com o Papa Francisco: “Este é o momento para dizer a Jesus Cristo: Senhor, deixei-me enganar, de mil formas fugi do vosso amor; mas aqui estou de volta para renovar a minha aliança convosco. Necessito-vos. Resgatai-me de novo, Senhor, aceitai-me uma vez mais entre os vossos braços redentores” (Evangelii gaudium, 3). Livrai-me do egoísmo e da auto referência. Em Vós e no serviço ao meu irmão encontro a verdadeira alegria.

***
Domingo de Páscoa, Ciclo B

Textos: Atos 10, 34.37-43; Col 3, 1-4; Jo 20, 1-9
Ideia principal: Vivamos uma vida pascal, pois há em nós um desejo de ser imortais.
Síntese da mensagem: Páscoa é muito mais que uma festa ou tempo litúrgico. É um estilo de vida, um modo de pensar, de sentir, de querer, de agir, de falar, que começa aqui na terra e se prolonga na eternidade. Páscoa é compromisso com uma nova vida com Cristo Ressuscitado, que implica um morrer ao homem velho e um viver segundo o homem novo. E este compromisso começou no dia do batismo. E se prolonga na eternidade.


Pontos da ideia principal:

Em primeiro lugar, antes da Páscoa os apóstolos atuavam de modo muito humano na sua vida. Pensavam com categorias humanas. Reagiam e se comportavam muito humanamente. Buscavam só as coisas daqui de baixo, como nos lembra hoje são Paulo na sua carta aos colossenses. Agora entendemos tantos defeitos destes apóstolos de Jesus: as suas invejas e ambições, as suas brigas e intransigências, as suas fraquezas e debilidades, medos e covardias. A ressurreição de Cristo lhes deu a força, a coragem e a valentia que necessitavam para levar uma vida nova de maior entrega aos demais, uma energia para o bem, maior valentia na luta contra mal, uma fé e esperança mais firmes. E depois da ressurreição se lançaram a serem testemunhas da ressurreição de Cristo por todo o mundo com ousadia, até sofrer o martírio por Ele. Sim, por convencidos pregaram essa ressurreição que eles presenciaram; por pregá-la eles puseram em jogo a vida e, por pôr em jogo a própria vida, perderam-na, dando o seu sangue por Cristo. E agora vivem eternamente essa vida do Ressuscitado.
  
Em segundo lugar, pela força do testemunho e da vida destes apóstolos, detrás deles correram à fé milhões de todas as raças, séculos, culturas, continentes, civilizações... Por dois mil anos, como heróis. E também mudaram de vida. De uma vida talvez dissipada a uma vida boa. De uma vida boa a uma vida melhor. De uma vida melhor a uma vida santa. Isto é viver segundo a Páscoa. Que nos falem santa Maria Madalena e santo Agostinho, que falem santa Catarina de Sena e são Bernardo de Claraval; que falem santa Teresa e santo Inácio de Loiola. E que fale cada um de nós. Cada ano nós entramos no sepulcro como são João: “vemos e cremos
”. E graças a essa fé podemos viver uma vida nova, por ter morto ao homem velho e passional.
  
Finalmente, para quem vive como disse o poeta alemão Hans Thomma: “Venho e não sei de onde, sou e não sei quem sou, vivo sem saber quanto, morro e não sei quando, parto sem saber para onde, maravilha-me ser feliz”, eu sim sei responder a isto: Cristo ressuscitado dá a resposta; ou melhor, Ele é a resposta. E se a ressurreição for mentira? Confesso que não tenho uma só razão filosófica para rejeitar essa ideia, mas desafio a qualquer um que me mostre pelo menos uma razão para eu refutá-la. E se a ressurreição for verdade? Confesso que não tenho uma só razão filosófica para demonstrá-la, mas desafio a qualquer um que me mostre uma só razão para eu refutá-la. Eu não tenho razões humanas. Mas tenho razão: os testemunhos, vidas heroicas, mortes soberanas, das testemunhas do ressuscitado. E quando doze homens e, milhões depois deles, morrem por alguém é que morrem por algo: pela verdade. Quem dá mais? Levamos dentro a ânsia de uma vida nova e o desejo de ser imortais.
   
Para refletir: Percebe-se em mim a vida nova de Cristo ressuscitado? Em que: nos meus pensamentos limpos e nobres, nos meus afetos ordenados e puros, nas minhas palavras sinceras e autênticas, nas minhas decisões honestas e retas?

Para rezar: Senhor, que também eu dê testemunho da vossa ressurreição para que os que me cercam creiam que Vós estais vivo e eles vos sigam.

Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: arivero@legionaries.org

Nenhum comentário:

Postar um comentário