segunda-feira, 14 de abril de 2014

Francisco pede perdão pelos casos de abusos e reitera tolerância zero

O Santo Padre pediu perdão pelos danos perpetrados pelos sacerdotes que abusaram sexualmente de menores. Francisco recebeu uma delegação do Escritório Internacional Católico da Infância (BICE, na sigla em francês) e os incentivou na defesa dos direitos dos menores e na urgência de impulsionar projetos contra "o trabalho escravo, contra o recrutamento de crianças-soldados e contra qualquer tipo de violência".
Agradecendo as palavras do presidente do BICE, Francisco expressou a sua dor pelos abusos contra menores cometidos por homens da Igreja, pediu perdão e assegurou com firmeza que a Igreja não retrocederá diante deste mal:
"Eu me sinto interpelado a enfrentar todo o mal feito por alguns sacerdotes; muitos, muitos em número, mas não em comparação com a totalidade; enfrentar e pedir perdão pelo dano que eles causaram com os abusos sexuais contra crianças. A Igreja é consciente deste dano, que é um dano pessoal, moral, cometido por eles, mas como homens de Igreja. E não vamos dar nenhum passo para trás no tratamento destes problemas e nas punições que devem ser aplicadas. Pelo contrário, acredito que devemos ser muito fortes. Com as crianças não se brinca". 

Como já fez em outras ocasiões, o pontífice argentino destacou a importância de privilegiar crianças e idosos na sociedade, pois o futuro de um povo está nas mãos deles. Do mesmo modo, falou do direito das crianças de crescer em uma família com pai e mãe, “capazes de criar um ambiente idôneo para o seu desenvolvimento e para a sua maturidade afetiva. Continuar amadurecendo numa relação com a masculinidade de um pai e com a feminilidade de uma mãe, para ir consolidando a sua maturidade afetiva”.
O Santo Padre manifestou ainda firme rejeição a todo tipo de experimentação educativa: “Com as crianças e com os jovens não podemos experimentar. Eles não são cobaias de laboratório”. E observou que “os horrores da manipulação educativa que vivemos nas grandes ditaduras genocidas do século XX não despareceram; conservam a sua atualidade sob roupagens diversas e sob propostas que, com pretensão de modernidade, forçam crianças e jovens a caminhar pela estrada ditatorial do 'pensamento único'".
Francisco também afirmou que “trabalhar pelos direitos humanos pressupõe manter sempre viva a formação antropológica, estar bem preparados na realidade da pessoa humana e saber responder aos problemas e desafios das culturas contemporâneas e da mentalidade difundida pelos meios de comunicação social”.
Obviamente, "não se trata de nos encolhermos em cantos protegidos que hoje são incapazes de dar vida, que dependem de culturas que já estão ultrapassadas. Não, não é isso! É questão de encararmos com os valores positivos da pessoa humana os novos desafios das novas culturas. Para vocês, é questão de oferecer para os seus dirigentes e funcionários uma formação permanente sobre a antropologia da criança, porque é lá que os direitos e as obrigações se fundamentam. Dela depende o planejamento dos projetos educativos, que, obviamente, têm que ir progredindo, amadurecendo, se acomodando aos sinais dos tempos, respeitando sempre a identidade humana e a liberdade de consciência".
Recordando o logotipo da Comissão da Proteção da Infância e da Adolescência de Buenos Aires, a Sagrada Família que escapa rumo ao Egito, Francisco explicou que, “às vezes, para defender, é preciso escapar. Às vezes temos que ficar e proteger. Às vezes temos que brigar. Mas sempre temos que ter ternura”.
O BICE nasceu da intervenção do papa Pio XII em defesa das crianças após a Segunda Guerra Mundial. Desde então, a organização sempre se comprometeu com os direitos do menor, inclusive na Convenção das Nações Unidas de 1989. O BICE colabora constantemente com os escritórios da Santa Sé em Nova Iorque, Estrasburgo e Genebra.

Fonte: Zenit.

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