quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

O Concílio Vaticano II: uma reviravolta ecumênica

Aconteceu ontem, em Milão, na Escola FAES de Monforte, um encontro intitulado "Catolicismo e a Igreja Ortodoxa Russa. Passado e Presente". Como palestrantes o Cav. Lav. Ing. Rosario Alessandrello, Presidente da Fundação Centro para o desenvolvimento das relações Itália-Russia.
A conferência percorreu a história do Cristianismo na Rússia, com especial atenção para as relações entre as Igrejas irmãs. Alessandrello começou a sua conferência recordando que o cisma de 1054 marca a separação de Roma das Igrejas Cristãs de rito bizantino fiéis aos primeiros sete concílios ecumênicos. “A mais numerosa entre elas – explicou Alessandrello - é a Igreja Russa". “As Igrejas Ortodoxas, que hoje contam com oito patriarcados e muitas Igrejas independentes (chamadas autocéfalas ou semi-autônomas), reconhecem um primado de honra ao patriarca de Constantinopla. Os fiéis são cerca de 230 milhões", disse Alessandrello.
Depois explicou que “Kiev, em particular, é o berço histórico da Ortodoxia Russa, porque aqui no século X se realizou a evangelização da antiga Russia, evento que culminou em 988 no batismo do príncipe Vladimir de Kiev, quando a povo russo recebeu a sua identidade cristã. Durante séculos, Kiev foi a sede do primaz da Igreja Russa (até sua mudança para Moscou no século XVI) e permanece até hoje cidade cheia de legado simbólico".
Em seguida, falou-se das tentativas, ao longo da história, de reunificar a Igreja Ortodoxa com a Igreja Católica, no entanto, sistematicamente, "caído em saco roto". Uma vez foi representada pelo Concílio Ecumênico II, onde o tema da unidade dos cristãos foi colocado no centro das discussões.
Acabado o Concílio, de fato, “aconteceu a abolição recíproca da excomunhão do ano de 1054 em uma reunião entre o Patriarca Atenágoras e o Papa Paulo VI", disse Alessandrello. "De fato, no século XX - disse o palestrante -, para o Cristianismo poucos dias são históricos como o 5 de janeiro de 1964. Cinquenta anos atrás, Paulo VI e o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Atenágoras, se encontraram e se abraçaram em Jerusalém. No dia 6 de Janeiro o Papa fez a visita ao patriarca. Fechava-se quase um milênio de excomunhão e de falta de comunicação. Era uma reviravolta”.
Mas novas ações são esperadas no futuro para permitir que respirem juntos os "dois pulmões da Europa" – parafraseando uma definição de João Paulo II. "A personalidade do Patriarca Kirill e o Pontificado de Ratzinger - foi lembrado - têm ajudado para mudar o eixo da relação entre Roma e a Ortodoxia sobre as questões da colocação do cristianismo no mundo contemporâneo, em particular aceitando o desafio de reavivar a relação entre o cristianismo e a Europa, em uma perspectiva que Moscou concebe como euro-russa. Uma mudança significativa também do ponto de vista geopolítico".
São do passado mais recente uma série de episódios significativos: o apelo do papa Francisco ao presidente russo Putin para que defenda os cristãos no Oriente, a manifestação de uma comum devoção de Francisco e Putin à Virgem Maria e o anúncio do Santo Padre de uma viagem à Terra Santa para celebrar com o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu, os 50 anos do encontro entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras e, portanto, reafirmar a unidade dos cristãos no mundo como essencial estímulo de paz.

(Trad.TS) - Fonte: Zenit.

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