terça-feira, 27 de agosto de 2013

Cardeal Cipriani: Já perdoei os agravos que me fizeram



“Acho que, sobre as mentiras e injustiças, nem vale a pena polemizar. É melhor estender a mão, perdoar e dizer: ‘não se preocupe, eu já perdoei, e a honra que você quis arranhar está mais clara e iluminada, porque o tempo foi revelando a verdade’”, disse o cardeal peruano Juan Luis Cipriani no programa Diálogo de Fé, do último sábado, 24 de agosto.
Cipriani se referiu às críticas e falsidades ditas contra ele e contra a função da Igreja Católica nos anos em que o terrorismo açoitava a cidade de Ayacucho, no Peru. O cardeal comentou também o trabalho de muitos religiosos e leigos que ajudaram os mais desfavorecidos, entre eles a Madre Covadonga.
“Com a simplicidade dominicana, ela foi uma mulher sem duas caras, sem máscaras, muito generosa, que valorizava muito a dignidade da pessoa humana. Fomos muito amigos, como os ronderos e tantos outros personagens daquela época. Com eles, nós conseguimos iluminar de paz e de alegria um povo inteiro”, afirmou.
“Foram anos bem duros, que maltrataram muito esse querido povo de Ayacucho. A Igreja, com os seus padres e religiosos, teve que passar por momentos muito difíceis e de enorme risco de vida. Nós mantemos tudo isso no coração com muito silêncio e muita paz. Por isso, nosso Senhor saberá perdoar e abençoar tanta gente que, nos momentos difíceis, serviu com simplicidade à fé católica no meio desse povo querido de Ayacucho”.
Cipriani aprovou a iniciativa do governo de iniciar um diálogo com diversos representantes políticos do país e os exortou a dialogar com a verdade.
“Do líder, você espera um compromisso sério com a verdade. Às vezes, pedem tolerância e diálogo. Eu pediria verdade”, declarou.
“É uma característica que ajuda esses líderes a ter liberdade, porque não tem preço a palavra que é verdade. Eu espero que eles iluminem não só no Peru, mas no mundo todo, onde se vê tanta mentira”, continuou o cardeal.
Cipriani pediu que todos promovam o bem comum que os peruanos exigem, lembrando-se das grandes maiorias que muitas vezes não são ouvidas nem consideradas.
“Não procurem votos, opiniões ou conjunturas. Que a verdade ilumine, e não uma simples tolerância que, às vezes, parece o contrário. Um amor pelas pessoas mais humildes e mais pobres; um desejo de desenvolvimento que promova uma justiça maior. É isto o que a Igreja nos pede hoje e o que a fé do nosso povo espera com tanta esperança”.
Por sua vez, o pe. Luis Gaspar, vigário episcopal da Família e Vida, narrou o próprio testemunho da época do terrorismo em Ayacucho.
“Eu vivi em carne própria a dor e o sofrimento dos meus irmãos, assim como a indiferença de uma parte do país naqueles tempos em que nós, ayacuchanos, éramos vistos como se todos fizéssemos parte do Sendero Luminoso”, declarou Gaspar.

Fonte: Zenit.

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