terça-feira, 31 de março de 2009

Brasil: religiosa ameaçada de morte no Pará




O secretariado da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) no Pará, norte do país, denunciou que uma religiosa vinculada ao organismo está sofrendo ameaças de morte.
O secretariado divulgou nota na sexta-feira em que torna pública «sua indignação e repúdio em relação às ameaças sofridas por Ir. Marie Henriqueta Cavalcante, coordenadora da Comissão de Justiça de Paz» local.
Segundo a nota, Ir. Henriqueta e outros membros das pastorais sociais da CNBB no Pará desempenham nos últimos meses «um papel primordial nos procedimentos de denúncia e acompanhamento das investigações de casos de abuso e exploração sexual de menores» no Estado.
São casos que –destaca o texto–, «infelizmente, têm acontecido com participação de pessoas influentes em nossa sociedade».
De acordo com secretariado da CNBB, na semana passada foi registrada uma ameaça, via telefone, à coordenadora. Ela atua no acompanhamento da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pedofilia, instalada pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará.
«O secretariado executivo do Regional interpreta a ameaça como um ato desesperado e como uma tentativa, não apenas de atingir a coordenadora da CJP, mas sim como uma forma de calar a voz da Igreja diante da sua incessante luta pela defesa da vida», afirma a nota.


Fonte: Zenit.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Fé em alta: quadruplica o número de novos padres



Ano passado, o Brasil ganhou 220 sacerdotes, contra média de 55 da década anterior. Seminário de Niterói que completa 100 anos é um dos polos que mais formam religiosos


POR CAROL MEDEIROS, RIO DE JANEIRO


Rio - Quem apostava que posições firmes e polêmicas da Igreja Católica, como a condenação do uso da camisinha, afastavam da instituição candidatos à vida sacerdotal, perdeu. O número de jovens que entram nos seminários todos os anos sugere que, ao contrário, há uma retomada da vocação religiosa brasileira. Só ano passado, o País ganhou 220 novos sacerdotes. O número é quatro vezes superior à média de ordenações feitas por ano até o fim da década de 90.
Um exemplo é o Seminário São José, em Niterói, que abriga 92 seminaristas — o maior número de sua história centenária, comemorada este mês. Lá, foi preciso construir um prédio anexo para atender à procura crescente. O local é um dos que mais formam padres no Brasil: foram 6 por ano desde 2003. Até 2000, eram 2.
Hoje, pelo menos 30% do clero de Niterói é composto por padres jovens, com até 15 anos de ordenação. “Quando assumi o seminário, há três anos, eram 65 seminaristas. O crescimento é fruto do trabalho nas paróquias. Os padres novos saem daqui cheios de entusiasmo e despertam isso na juventude de suas igrejas”, explica padre Wellington Dahan, 35 anos, sacerdote há 10.Os encontros vocacionais realizados ao longo do ano no Seminário São José reúnem mais de 40 rapazes. São garotos como Felipe Lopes, que, aos 19 anos, começou sua preparação há um mês: “Terminei os estudos, trabalhava, tinha namorada e queria fazer faculdade de Cinema. Mas o padre me convidou para os encontros e pensei: ‘Por que não?’. Depois de 6 meses, senti o chamado”. Felipe ainda tem nove anos de muito estudo, orações e renúncias pela frente. Caminho difícil, mas recompensador, diz Bruno Guimarães, que, aos 31, já percorreu praticamente todo o percurso e será ordenado no ano que vem. Para chegar lá, abandonou emprego público e promissora carreira de advogado, formado pela Uerj. “O mais difícil foi terminar com minha namorada e abrir mão de construir uma família. Mas, toda vez que pensava nisso, me vinha à cabeça ser padre. Hoje sou completamente feliz com minha escolha”.
Candidatos rejeitados por falta de vagasEm todo o Brasil, seminários abarrotados já têm fila de espera de novos candidatos ao sacerdócio, por não haver espaço físico para todos os aspirantes à vida religiosa. O do Rio é um deles: lá vivem 115 jovens e por ano chegam 30 candidatos. “Não temos mais seminaristas porque não temos condições de abrigá-los. Os que não conseguem vaga voltam no ano seguinte”, afirma padre Leandro Cury, assessor de imprensa da Arquidiocese do Rio.
Padre Reginaldo Lima, da comissão episcopal para Ministérios Ordenados e Vida Consagrada da CNBB, confirma a tendência. “Desde 2000 tem havido uma retomada das vocações. O novo milênio trouxe uma nova religiosidade. As pessoas têm se voltado mais para Deus”, explica.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Santa Sé renova pedido em favor dos cristãos da Terra Santa



A Congregação para as Igrejas Orientais envia uma mensagem a todos os bispos do mundo

O cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, dirigiu uma carta a todos os bispos do mundo, na qual renova o pedido anual de ajuda aos cristãos da Terra Santa, frente à coleta da próxima Sexta-feira Santa.
Na carta, que foi divulgada hoje pelo L'Osservatore Romano, o cardeal Sandri manifesta a «forte preocupação» da Santa Sé pela situação dos cristãos, especialmente após o conflito de Gaza, e recorda os contínuos pedidos do Papa neste sentido.
Um dos objetivos principais da Coleta «Pro Terra Santa», que na maior parte das dioceses do mundo acontece na Sexta-Feira Santa, é o de melhorar as condições da comunidade cristã local, para evitar a migração.
No texto da carta, o purpurado exorta a ajudar os «irmãos cristãos da Terra Santa, os quais, junto a outros habitantes de vastas regiões do Oriente Médio, aspiram há muito tempo à paz e à tranquilidade, hoje tão ameaçadas».
«A alegria do Natal foi, de fato, ferida pela violenta ruptura das hostilidades na Faixa de Gaza», recordou, sublinhando que «entre as inumeráveis vítimas, há muitas crianças inocentes».
«Precisamente no Natal se ofuscou a esperança que trouxe o Menino de Belém, após o alentador apoio espiritual e material recebido da parte dos peregrinos, que em 2008 haviam inclusive superado em número os do Jubileu do ano 2000», denunciou.
«A ferida aberta pela violência agrava o problema da migração, que inexoravelmente priva a minoria cristã de seus melhores recursos para o futuro», constata o cardeal Sandri. «A terra que foi berço do cristianismo corre o risco de ficar sem cristãos.»
Neste contexto, é necessário confirmar a fé das comunidades cristãs, coisa que Bento XVI tem muito presente, confortando «constantemente os cristãos e todos os habitantes da Terra Santa com palavras e gestos de extraordinária atenção, unidos a seu desejo de ir como peregrino seguir as pegadas históricas de Jesus».
A Congregação para as Igrejas Orientais, afirma o cardeal Sandri, interpreta «a amorosa solicitude» do Papa, «renovando a exortação a todos os católicos para que contribuam também materialmente ao apoio de que precisam os Santos Lugares».
«As Igrejas de rito latino e dos diversos ritos orientais, que se beneficiam desta ajuda indispensável, expressam seu reconhecimento na oração constante pelas Igrejas particulares de todo o mundo», declara.
O cardeal Sandri acrescenta à carta um documento preparado pela Custódia da Terra Santa e uma nota da própria Congregação, que detalham as obras realizadas com o obtido na Coleta de 2008.
Neste exercício se deu uma especial atenção às instituições escolares, e também ao programa deste dicastério que proporciona bolsas a sacerdotes e seminaristas procedentes dos Santos Lugares que estudam nas Universidades Pontifícias.
Também se levaram a cabo restaurações em diversos lugares, entre eles Jerusalém, Betânia, Belém, Jaifa, Magdala, Nazaré e Nablus (a antiga Siquém).
Foram distribuídas também 300 bolsas a estudantes da região, assim como projetos de assistência médica e apoio às famílias, por exemplo, através da construção de apartamentos para casais jovens e ajuda às paróquias.
Também se distribuíram os fundos a obras culturais através da Custódia da Terra Santa, como a Faculdade de Ciências Bíblicas e de Arqueologia do Studium Biblicum Franciscaum de Jerusalém.
A Custódia mantém também o Franciscan Media Center, uma forma de apostolado que distribui conteúdos televisivos sobre os Santos Lugares e sobre a vida das comunidades cristãs locais, assim como do Instituto musical Magnificat.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 24 de março de 2009

Dom Romero



os últimos dois anos de sua vida, dom Romero fazia um diário. Todas as noites, registrava em um gravador os principais fatos do dia. Lembrava-se deles e os comentava. O registro transformou-se em uma fonte única, necessária sobretudo para conhecer o lado mais profundo e íntimo de sua personalidade, que surge diferente da imagem pintada pelas alas políticas e eclesiais, tanto da direita como da esquerda.
Instrumento de Deus
“Rezo ao Espírito Santo, para que me faça caminhar nas estradas da verdade e me mantenha sempre guiado unicamente por Nosso Senhor; jamais pelos elogios, nem pelo temor de ofender” (13/03/80). Tais palavras, pronunciadas dez dias antes da sua morte, resumem o seu projeto de vida. Respondendo a alguns jornalistas, que elogiavam uma homilia feita por ele na catedral, afirma: “Eu sei apenas que a graça do Espírito Santo guia sua Igreja e torna fecunda sua palavra. A isso eu credito o sucesso que vocês atribuem à minha homilia.
Todo o meu trabalho pastoral é feito com esse espírito. Confio no Espírito Santo e procuro ser seu instrumento, amando e servindo sinceramente o povo, a partir do Evangelho” (27/11/79). Esse amor coloca-o literalmente no meio do povo: “Das pessoas que vieram às audiências de hoje, a maioria era muito pobre. Muitas dessas pessoas estavam angustiadas por causa da situação de injustiça. Algumas eram mães de desaparecidos. Procurei lhes dizer palavras de conforto, ou dar-lhes orientações que as ajudassem a enfrentar as dificuldades” (19/09/79).
Amigo do povo
O povo retribui com carinho e fé o amor do arcebispo. Logo depois de voltar da Conferência de Puebla, dom Romero reza uma missa na catedral. “O povo interrompeu várias vezes minha homilia com carinhosos aplausos. Terminada a missa, cumprimentei os sacerdotes presentes e saí, acompanhado pelas aclamações do povo, para saudar os que tinham ficado do lado de fora da Igreja. Foi um momento carinhoso. (...) Tive a sensação de estar numa família” (16/02/79). O relacionamento de dom Romero com seus sacerdotes é ainda mais profundo.
Ele os acompanha pessoalmente desde o tempo do seminário, dedica-lhes grande parte de seu tempo, reúne-os para momentos de oração e de confraternização e os consulta continuamente à procura de ajuda para enfrentar a difícil situação do país e da arquidiocese. Oscar Romero, não é um herói solitário, mas um pastor, um homem de comunhão. “Fui visitar o grupo de sacerdotes que está fazendo o retiro espiritual no seminário. Falamos da situação atual do país e do papel da Igreja, dos diferentes aspectos e opiniões que existem no próprio clero e entre os cristãos.
Insisti sobre o fato que nossa perspectiva deve ser totalmente pastoral, sem, evidentemente, ignorar os problemas políticos, que devemos iluminar. Mas gostei mais da segunda parte, quando falamos dos aspectos humanos de nossos relacionamentos como presbíteros. Há boa vontade. (...) Agradeci-lhes por terem evidenciado minhas deficiências, que podem ser um obstáculo a esses relacionamentos” (14/11/79). “Hoje de manhã fizemos a reunião do senado presbiteral. (...)
Mergulhamos totalmente na análise da situação política do país. Nessa reflexão cheia de realismo, tive muito prazer em ver a maturidade de meus sacerdotes. Apesar da diversidade de seus critérios políticos, há uma única visão pastoral. Percebi um notável crescimento do sentido de Igreja. Pedi-lhes que continuem a me dar seus conselhos, de modo que, neste mar tempestuoso da política da pátria, nossa Igreja seja guiada por critérios evangélicos e pastorais” (14/01/80).
Homem da unidade
Dom Oscar Romero arriscou tudo pela unidade. Depois do encontro em uma paróquia da diocese, comentou: “Convidamos todos a compreender qual é a verdadeira missão e o verdadeiro papel da Igreja. A partir dessa verdade, discutimos sobre a divisão que existe entre os fiéis da paróquia. Houve intervenções muito diretas de setores tradicionais, como de setores mais avançados, que trabalham na pastoral da maneira como a arquidiocese deseja. Todas as contribuições foram úteis. Recomendei várias vezes a unidade, o sentido transcendental do trabalho eclesial e o estudo atento sobre o que é a Igreja, para embasar o trabalho pastoral, tendo em vista a construção da verdadeira Igreja de Jesus Cristo” (23/04/79).
Este amor pela unidade da Igreja e do povo é o principal motivo do seu sofrimento, principalmente quando ele é incompreendido e acusado de ser fonte de divisão. Este sentimento é percebido inclusive entre os bispos. Na Conferência Episcopal de E1 Salvador, dom Romero se encontra sempre em minoria, apoiado apenas por dom Arturo Rivera y Damas (que o sucederá). Ele enfrenta a situação com fé, espírito de comunhão e firmeza: “Também dom Rivera me fez a grata surpresa de vir encontrar-me. Conversamos sobre o documento secreto de denúncia contra mim, assinado por quatro bispos.
O documento me acusa, perante a Santa Sé, de atitudes contrárias à fé, de politização, de fazer pastoral com bases teológicas falsas e de um conjunto de outros argumentos que põem em cheque meu ministério episcopal. Apesar da gravidade do fato, senti uma grande paz. Reconheço, diante de Deus, minhas deficiências, mas acredito que trabalhei com boa vontade e muito distante das coisas graves, das quais me acusam. Deus dirá a última palavra, que aguardo com tranqüilidade, mantendo o trabalho com o entusiasmo de sempre. Sirvo com amor a Santa Igreja” (18/05/79).
“A reunião dos bispos na Nunciatura confirmou a divisão que existe entre nós. Só houve acordo em relação à necessidade de fazer uma denúncia oficial pelo assassinato do padre Macias (...). Quando se tratou de analisar as causas do crime, a reunião se deixou arrastar pela suspeita de uma infiltração marxista na Igreja. Não obstante todos os meus esforços, não foi possível afastar esses preconceitos. Esforcei-me para explicar que a perseguição, infligida aos sacerdotes, deve-se ao fato de eles buscarem permanecer fiéis ao espírito do Concílio Vaticano II. (...) Ofereci a Deus essa prova da paciência, já que a culpa do mal que acontece ao país foi imputada, em grande parte, à minha pessoa” (11/08/79).
Filho da Igreja
Há um momento em que dom Romero percebe que o próprio papa tem reservas em relação à sua ação pastoral. Depois de uma audiência com João Paulo II, comenta: “Acho que foi um colóquio muito útil, porque muito franco. Bem sei que não se deve sempre esperar uma aprovação plena, pois é mais útil receber advertências que podem melhorar nosso trabalho” (07/05/79). Naquele mesmo período escreve: “Entreguei tudo nas mãos de Deus, dizendo-lhe que procurei fazer toda a minha parte e que, apesar de tudo, amo a Santa Igreja e, com a sua ajuda, serei sempre fiel à Santa Sé, ao magistério do Papa.
Todavia compreendo a parte humana, limitada, defeituosa da Igreja – que é o instrumento de salvação da humanidade – à qual quero servir sem reserva alguma” (04/05/79). Um mês antes de morrer, encontra-se novamente com João Paulo II: “Senti que o Papa está de acordo com tudo o que eu digo. No final, ele me abraçou muito fraternalmente e disse-me que rezava todos os dias por El Salvador. Naquele momento, tive a sensação de que o próprio Deus confirmava e dava forças ao meu pobre ministério” (30/01/80).
Diálogo com todos
Dom Romero não fecha nenhuma oportunidade de diálogo com as partes em conflito. Depois de uma reunião com seus assessores, afirma: “Entendi que, tanto a Junta de governo, como as organizações populares que lutam contra ela, têm aspectos positivos e negativos. A posição da Igreja é evidenciar e apoiar o que possa ser positivo. (...) A Igreja, por amor à pátria e pelo bem da justiça, deve também denunciar todos os obstáculos a esse processo revolucionário que parece já se ter iniciado” (29/10/79). “Hoje de manhã, recebi o secretário-geral da União Democrática Nacional, um partido marxista. Ele elogiou o trabalho da Igreja.
Disse que esse trabalho é muito diferente do que havia em outras épocas, quando seu marxismo chamava a Igreja de ‘ópio do povo’. Agora, pelo contrário, é o melhor ‘despertador’ do povo, pois grande parte do que está acontecendo em favor da transformação do país é obra da Igreja” (29/11/79). “Jantei com o coronel Majano e com o doutor Morales Erlich, membros do governo. Falamos sobretudo da reforma agrária. Eles têm grande esperança. Mas aproveitei também para apontar os perigos e as dúvidas que suscitam as minhas críticas (...): antes de mais nada, a conjunção da reforma agrária, com essa onda de evidente repressão violenta, nascida nos órgãos de segurança.
Também perguntei por que eles não garantem apoio popular mais decidido, favorecendo o diálogo com as forças populares, com o desejo de descobrir os verdadeiros interesses do povo e de acolher as reivindicações em favor da justiça. Não é o caso, certamente, da extrema direita, que não trabalha em favor dessas reivindicações, mas para manter seus privilégios”. (14/03/80). Dom Romero nunca permitiu que se confundisse sua ação com a dos grupos políticos. Em inúmeros pontos do seu diário ele afirma claramente essa distinção:
“À noite, os representantes do FAPU, uma organização popular, vieram para expressar seu desejo de ajudar a Igreja. Eu os adverti com a maior clareza: ‘Sem o perigo de querer manipulá-la’. Eles concordaram. (...) Insisti muito nessa autonomia da Igreja e no fato de que ela, a partir de sua perspectiva evangélica, apóia todas as iniciativas, cuja finalidade seja a de construir a justiça, o bem-estar, a paz dos homens”. (12/06/78).
O sangue
Dom Romero inspira-se somente no Evangelho. Nele, encontra a força e a luz de sua luta e de suas propostas. A um grupo de jornalistas que o interrogam sobre uma solução pacífica para a violência no país, responde com simplicidade evangélica: “Eu digo sempre que a melhor solução pacífica é um retorno ao amor e um verdadeiro desejo de busca de um diálogo. Isso deve basear-se em um clima de confiança – que tem de ser demonstrado com os fatos – para que o povo possa expressar as próprias opiniões em total liberdade e todos sejam admitidos ao diálogo”.
O arcebispo é morto enquanto celebra a Missa. Indefeso, porque sempre recusara as ofertas de proteção do governo. “Quero correr os mesmos perigos que o meu povo corre”, costumava repetir. Poucos minutos antes do crime, disse na homilia: “Neste cálice o vinho se torna sangue, que foi o preço da salvação. Possa este sacrifício de Cristo nos dar a coragem de oferecer nosso corpo e nosso sangue pela justiça e pela paz do povo”.

«Não existirá novo feminismo sem Deus», diz cardeal Martino



A mulher cristã está chamada a responder aos desafios atuais


As mulheres cristãs devem protagonizar a descoberta e a promoção de um novo feminismo que responda aos desafios atuais a partir de um humanismo integral. Foi o que afirmou o cardeal Renato Raffaele Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, em suas conclusões sobre a 1ª Conferência Internacional sobre mulher e direitos humanos.
A conferência, com o lema «Vida, família, desenvolvimento: o papel das mulheres na promoção dos direitos humanos», foi realizada neste fim de semana em Roma, organizada por Justiça e Paz em colaboração com as organizações femininas católicas World Women's Aliance for Life and Family, e World Union of Catholic Women's Organizations.
O cardeal explicou às representantes de organizações católicas de todo o mundo, reunidas pela primeira vez, o perfil de um novo feminismo, que recolhe as melhores intuições do processo de emancipação da mulher, negando aquilo que é contrário à verdadeira dignidade da pessoa.
«Não haverá nenhum novo feminismo sem Deus, sobretudo se não se descobre Deus como Amor – afirmou. O velho feminismo se fundava no individualismo egocêntrico e, com frequência, egoísta; o novo feminismo deve ser tecido de amor pela vida, pela família, pelos demais; um feminismo regulado pela rainha das virtudes, a caridade.»
Trata-se, explicou, de promover um «feminismo do sim: do sim a Deus, Pai de toda a humanidade e Criador do homem e da mulher à sua imagem e semelhança; do sim à vida, a toda vida e à vida de todos, sempre; do sim à família fundada sobre o matrimônio por amor, unitivo e fecundo, entre o homem e a mulher; do sim às mulheres e a seu gênio».
Referindo-se ao debate que aconteceu durante as sessões de trabalho, o purpurado sublinhou que «a emancipação feminina foi e é um evento histórico, marcado por significados ambivalentes, sobre os quais é preciso exercer um discernimento cristão constante, paciente, inteligente e sábio, para extrair o bom, combater o mal, orientar o incerto».
Este discernimento deve ser «inspirado e guiado por um humanismo íntegro e solidário, firmemente dirigido a fazer avançar a civilização do amor», acrescentou.
O primeiro desafio ao qual este feminismo deve responder, explicou o cardeal Martino, refere-se à relação entre natureza e cultura, «onde se encontra, de fato, a questão fundamental: o que é a pessoa humana, a diferença sexual, a identidade do matrimônio e da família etc.».
«Negar a natureza, ou seja, negar que a pessoa humana é antes de tudo um projeto querido e realizado por Deus Criador, que não é bom subverter arbitrariamente, é o ponto central que é preciso ter bem claro. Quando se nega a natureza, a pessoa humana já não é um projeto, mas se converte inexoravelmente em um produto da cultura ou da tecnologia.»
As mulheres cristãs devem promover «um feminismo inspirado por uma concepção da pessoa entendida como projeto de Deus e rejeitar o feminismo inspirado em uma concepção da pessoa entendida como produto do variado e mutável panorama cultural atual, com frequência expressão de maiorias mutáveis habilmente manipuladas».
«Quando estão em jogo os princípios da lei moral natural ou a própria dignidade de toda criatura humana, não pode haver compromisso», declarou.
Outro desafio é o da formação. «É necessário livrar-se valentemente de todos os empecilhos culturais – esses típicos do subdesenvolvimento e do superdesenvolvimento – que mortificam a dignidade integral da mulher e de seus direitos fundamentais como pessoa», afirmou.
«Os empecilhos – que devem ser denunciados como estruturas de pecado – ainda são muitos, e todos negam o projeto de Deus. O caminho chave para livrar-nos deles é o de investir de forma abundante nas mulheres, através da educação e da formação.»
O terceiro âmbito ao qual se referiu foi a necessidade de responder ao «escândalo inaceitável da pobreza», que hoje afeta sobretudo mulheres e crianças.
«Se for preciso propor um novo feminismo, este não pode não ter como objetivo um mundo mais justo e solidário», concluiu.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Angola: visita do Papa pode impulsionar rádio católica




O diretor da Rádio Ecclesia, padre Maurício Kamutu, espera que a visita do Papa a Angola ajude a desbloquear as emissões da emissora católica angolana para todo o país.
Segundo informa Agência Ecclesia, do episcopado de Portugal, a Rádio Ecclesia, a emitir atualmente apenas para Luanda, de acordo com a lei em vigor, aguarda há 10 anos que o Governo permita a cobertura nacional.
Padre Maurício Kamutu informou a Rádio Ecclesia apresenta já neste momento um prejuízo superior a três milhões de dólares em material nas províncias que se está a degradar por falta de uso.
«Os nossos técnicos que foram enviados para fazer a vistoria do material constataram que há muito material que já não serve», disse. Segundo o diretor, será necessário necessário adquirir novos equipamentos.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Igreja na Colômbia comovida pelo assassinato de dois sacerdotes




Dirigiam um internato para indígenas


A Conferência Episcopal da Colômbia reprovou nesta terça-feira, com dor, o assassinato dos religiosos redentoristas Gabriel Fernando Montoya Tamayo (40) e Jesús Ariel Jiménez (45 anos), ocorrido na noite de 16 de março, no município de La Primavera (Vichada).
Os sacerdotes foram assassinados por um desconhecido em um internato indígena do setor ambiental colombiano.
O Pe. Montoya estava há pouco mais de sete anos como diretor do internato e estava passando a direção ao Pe. Jiménez, que havia chegado a La Pascua como novo responsável.
O crime foi denunciado às autoridades em Puerto Carreño, a capital de Vichada, pelo sacerdote Francisco Ceballos, provincial da Congregação do Santíssimo Redentor nessa cidade, a mais de 500 km de Bogotá e fronteiriça com a Venezuela.
Os redentoristas dirigem o Internato de La Pascua há dez anos, quando o receberam de seus fundadores, os Missionários Montfortianos. No estabelecimento estudam 120 indígenas de vários povos aborígines das selvas do leste colombiano.
O episcopado, em uma nota assinada por Dom Rubén Salazar Gómez, arcebispo de Barranquilla e presidente da Conferência Episcopal, «expressa seu sentimento de solidariedade ao reverendo Pe. Francisco Antonio Ceballos Escobar, pró-vigário apostólico de Puerto Carreño, aos familiares das vítimas, aos missionários redentoristas e às comunidades a cujo serviço estavam os dois religiosos».
«Ao condenar estes crimes que mais uma vez comovem a Igreja Católica e todo o país, confia em que se estabeleçam logo os motivos e autores deste fato violento e sacrílego, que atenta contra os anseios de reconciliação e de paz que a Igreja vem pregando.»
«Exortamos todos a orarem pelos dois sacerdotes assassinados e a pedir que o Senhor, Príncipe da Paz, toque o coração de quem semeia a morte na Colômbia», conclui o comunicado.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Na África, papa verá onde a Igreja está em alta



Por Rachel Donadio


Cidade do Vaticano - Quando o papa Bento 16 embarcar para sua primeira viagem à África como pontífice na terça-feira, em que irá para Camarões e Angola, ele visitará o futuro da Igreja, se não o presente.Com uma das maiores populações católicas do mundo, estimada em mais de158 milhões de pessoas, a África é o continente onde a Igreja é ao mesmo tempo mais forte -em termos de números e vitalidade devocional- e mais fraca, inevitavelmente atingida pela pobreza, corrupção, conflito e doenças que afligem a sociedade como um todo.Espera-se que Bento toque nessas duas realidades em sua visita, que dá início a um ano de atenção à África, que culminará em outubro, quando os bispos do mundo se encontrarão para seu sínodo anual de um mês em Roma. Este ano, o tema é "A Igreja na África a Serviço da Reconciliação, Justiça e Paz".Na primeira parade em sua viagem de seis dias, em Camarões, país que fala inglês e francês, o papa deve apresentar o documento de trabalho do sínodo, que foi pedido pelo papa João Paulo 2º antes de sua morte em 2005.O documento deve tocar no papel da Igreja em promover a democracia e a justiça social; "aculturação", ou encontrar um equilíbrio entre o dogma católico ditado por Roma e as variedades de práticas locais; saúde; e as tensões na África entre católicos, muçulmanos e a população pentecostal de rápido crescimento no continente.Há muita coisa em jogo. Em 2025, um sexto dos católicos do mundo, ou cerca de 230 milhões de pessoas, deverá ser de africanos. O maior seminário do mundo fica na Nigéria, que faz fronteira com Camarões na África ocidental, e, no geral, a África produz uma grande porcentagem dos padres do mundo. O papa João 23 nomeou o primeiro cardeal africano em 1960. Agora há 16 cardeais da África, entre 192.Para a Igreja, a África é o continente "onde a Igreja aparece mais viva, aparece numa fase de expansão", diz Sandro Magister, um veterano jornalista italiano do Vaticano. "Mas essa expansão é muito frágil".Ele acrescentou que "mostra as características típicas da juventude e da adolescência: grandes ondas de sentimento e emoção, mas com raízes fracas"."Às vezes, dizem que o principal problema do Vatiano é que ele fica a 2 mil milhas ao norte", diz Philip Jenkins, professor da Universidade Estadual da Pensilvânia e autor de "The Lost History of Christianity"["A História Perdida do Cristianismo"], sobre a história antiga do cristianismo na África e na Ásia.Em seus mais de 25 anos como papa, João Paulo 2º fez 16 viagens à África, visitando 42 países. Sob vários aspectos, a África deveria parecer uma prioridade improvável para Bento 16, que em seus quatro anos de papado esteve profundamente preocupado em fortalecer a Igreja na Europa, onde seu status está cada dia menor.Ainda assim, em comparação com a Europa e os Estados Unidos, as Igrejas africanas tendem a assumir uma linha mais tradicional em assuntos como o homossexualismo e a família."Não só o cristianismo está prosperando naquela parte do mundo, mas parece ser um tipo de catolicismo bem conservador", diz o professor Jenkins. "Acho que ele tem grandes esperanças nas Igrejas mundiais do sul" e as vê "como um equilíbrio muito importante para as tendências liberais do norte".Mas a situação no local é rica e complexa. Muitos bispos africanos precisam estabelecer seus próprios parâmetros para equilibrar o catolicismo com o curandeirismo e os sacrifícios animais praticados por muitos paroquianos.A Igreja Católica também teme que o tribalismo possa enfraquecer sua autoridade mais universal, especialmente se os clérigos são vistos como pessoas com uma ligação forte com alguma etnia ou grupo tribal.Da mesma forma, pregar o evangelho na língua local pode atá-lo a um grupo étnico específico, mas ler na língua colonial apresenta outras complicações.Bento 16 vem tentando tomar medidas duras contra a tendência de muitos padres africanos se casarem. Falando aos bispos africanos em 2005, Bento 16 implorou a eles que "selecionassem com consciência os candidatos ao sacerdócio", e para encorajá-los "a se abrirem totalmente a servirem às pessoas assim como Cristo fez, abraçando a vocação do celibato".No mesmo discurso, Bento 16 falou da Aids pela primeira vez enquanto papa, classificando-a de "uma epidemia cruel" que "não só mata como também ameaça a estabilidade econômica e social do continente".Ele também declarou a posição do Vaticano em proibir o uso de preservativos. "O ensinamento tradicional da Igreja já provou ser a única forma segura de prevenir a disseminação do HIV/Aids", disse Bento então, reforçando seu aval ao "casamento cristão e a fidelidade"e à "castidade".Em sua viagem à África, o papa não deve falar novamente sobre a posição do Vaticano em relação aos preservativos, de acordo com o assessor de imprensa do Vaticano, reverendo Federico Lombardi. "A posição que temos é que é uma ilusão pensar que se pode solucionar o problema da Aids com preservativos", disse Lombardi. Em vez disso, acrescenta, a Igreja continuará a apoiar a educação, incentivar uma "sexualidade mais regular" dentro dos limites do casamento.Em muitos lugares da África, incluindo a Nigéria, o catolicismo e o Islã estão lutando por almas. Em Camarões, que faz fronteira com a Nigéria e tem uma significativa população muçulmana, o papa deve se reunir com clérigos muçulmanos.Na Nigéria e no resto da África, a Igreja está cada vez mais preocupada em perder terreno para as Igrejas carismáticas pentecostais. Nos últimos anos, essas Igrejas transformaram radicalmente a paisagem religiosa na América Latina, que tem a maior população católica do mundo.Nos anos 90, os bispos africanos foram chamados para ajudar a moderar os conflitos no Burundi e Moçambique, mas recentemente a Igreja tem desempenhado um papel cada vez menor nessas situações.Em Angola, que em 2002 emergiu de 15 anos de guerra civil, Bento 16 deve encontrar-se com políticos e diplomatas para falar contra a corrupção e afirmar o papel renovado que a Igreja espera desempenhar para cultivar a democracia e a sociedade civil na África.Ele também destacará os 500 anos da chegada do catolicismo na antiga colônia portuguesa e encontrará grupos que promovem o papel das mulheres na África.


Tradução: Eloise de Vylder

quinta-feira, 12 de março de 2009

Crise econômica: cardeal Stafford convida banqueiros a pedir perdão

Reconhece que os sacerdotes hoje enfrentam casos de consciência complicados

O cardeal americano James Francis Stafford, penitenciário maior, fez nesta quarta-feira um convite a que os banqueiros assumam a responsabilidade nesta crise financeira e econômica e peçam perdão.
O purpurado que preside o tribunal vaticano fez estas declarações aos microfones da Rádio Vaticano à margem do curso sobre fórum interno (questões de consciência) que se está celebrando em Roma.
O curso procura formar os sacerdotes diante de casos de consciência muito complexos e delicados que hoje devem enfrentar.
«Nosso mundo é complexo – afirma. Pensemos no mundo econômico, que agora é chamado de global: os pecados neste mundo econômico e global são diferentes em sua complexidade e profundidade com relação ao passado.»
«Por exemplo – acrescenta –, esta crise econômica está arraigada na falta de respeito, por parte dos líderes do mundo, pelas demais pessoas. Os banqueiros devem assumir responsabilidades morais e pedir de Deus o perdão por estes pecados complexos.»
Segundo o cardeal, «é importante descobrir a dimensão teológica e pastoral do pecado», que «não é uma ofensa contra a lei, mas antes de tudo uma ofensa contra uma pessoa, uma pessoa divina, contra a Trindade de Deus e contra as pessoas humanas. É importante para nós, ministros ordenados, redescobrir a fé quando indicamos que Jesus Cristo é o Salvador, o Redentor de nossos pecados».
Este tribunal da Santa Sé nasceu no século XII, com a tarefa fundamental de receber a confissão dos pecados, em nome do Papa, que só podiam ser perdoados diretamente por ele, dada sua gravidade, ou para conceder dispensas e graças reservadas ao Sumo Pontífice.
A constituição apostólica Pastor Bonus que rege a Cúria Romana, publicada por João Paulo II, confirma que a competência do Tribunal da Penitenciaria compreende tudo o que se refere ao fórum interno (as questões de consciência), assim como tudo o que corresponde às indulgências.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Bento XVI viaja à Terra Santa para promover a paz no Oriente Médio



De 8 a 15 de maio, informa a Santa Sé

Bento XVI pediu este domingo "apoio espiritual" na preparação de sua viagem à Terra Santa, que acontecerá de 8 a 15 de maio, segundo ele explicou, para promover a paz no Oriente Médio.
Em sua visita a Jordânia, Israel e Territórios Palestinos, o Santo Padre visitará Amã, Jerusalém, Belém e Nazaré.
O próprio bispo de Roma assegurou que empreenderá essa peregrinação "para pedir ao Senhor o precioso dom da unidade e da paz".
Segundo um comunicado emitido pela Sala de Informação da Santa Sé, o Papa realizará a visita acolhendo o convite que lhe apresentaram o rei da Jordânia, o presidente de Israel, o presidente da autoridade nacional palestina, assim como os pastores católicos da Terra Santa.
O comunicado de imprensa da Santa Sé não oferece outros detalhes. Em dias passados, um porta-voz da Igreja católica na Jordânia, o Pe. Riffat Bader, precisou que em seu país o Papa visitará o monte Nebo (40 km ao sul de Amã), e inaugurará uma igreja no lugar do batismo de Jesus, no Jordão.
Segundo o porta-voz, está prevista também uma reunião com dirigentes islâmicos jordanianos na mesquita do rei Hussein (Amã). O Papa participará de uma cerimônia de recordação das vítimas da Shoá em Yad Vashem e manterá encontros com os mais altos representantes religiosos judeus e muçulmanos.
Em Jerusalém manterá vários encontros com Shimon Peres, presidente de Israel, e em Belém com o presidente da autoridade palestina, Mahmud Abbas.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Três dias de oração dedicados aos mártires do século XX



Por iniciativa de Ajuda à Igreja que Sofre

In Memoriam Martyrum é o título dos três dias de oração e reflexão sobre a paixão de Cristo e da Igreja, organizados pela seção italiana da organização internacional Ajuda à Igreja que Sofre, que acontecerão da sexta-feira, dia 13, ao domingo, 15 de março.
A iniciativa está dedicada aos mártires do século XX e aos sofrimentos da Igreja no mundo contemporâneo, e acontecerá na sede da Universidade Pontifícia da Santa Croce de Roma.
Os três dias de oração, assegura um comunicado de Ajuda à Igreja que Sofre recebido pela Zenit, representa a evolução das tradicionais «48 horas de oração pela Igreja que Sofre, realizada pela AIS em anos anteriores em Roma e em numerosas dioceses italianas.
Entre as diversas propostas do programa, cabe destacar a exposição «na vida e na morte», que percorre o dramático caminho dos mártires do século XX, e da qual participarão algumas escolas, e a Via Sacra dedicada aos mártires, que acontecerá na sexta-feira à tarde, na antiga basílica de Santo Apolinário; realizar-se-á também a adoração do Santíssimo Sacramento na capela da Universidade,.
Haverá espaço também para testemunhos da experiência da Igreja na Índia, Vietnã, Eritreia e Iraque.
Na conferência «Sede minhas testemunhas» participarão os sacerdotes Luis Romero, reitor da Universidade que acolhe o evento, e Tone Presern, vice-decano da Faculdade de Ciências da Comunicação da Universidade Pontifícia Salesiana; também Pierre-Marie Morel, secretário-geral da AIS, e Dom Sante Babolin, presidente de AIS na Itália.


Fonte: Zenit.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Possibilidades do jejum

Entrevista com Jean-Christophe Normand, animador de retiros

Por Marine Soureau

«Sempre se sente muita angústia diante da idéia de privar-se de comida», constata Jean-Christophe Normand, animador de retiros, nesta entrevista sobre o jejum.
Ele reconhece que nesta prática «encontra-se em jogo uma autêntica conversão espiritual», ainda que «os frutos sejam diferentes segundo as pessoas». «O que está claro é que o jejum oferece respostas».
Jean-Christophe Normand é um leigo, pai de família, consultor em recursos humanos, assistente de direção de empresas, que anima retiros de iniciação ao jejum desde 2007.
Ele retomou o projeto lançado pelo teólogo suíço Harri Wettstein, que apresentava no mosteiro beneditino francês de Pierre-qui-Vire a experiência de um jejum de seis dias, segundo um método adaptado à nossa época. Normand oferece esta experiência também na abadia de São Guénolé de Landévennec, em Bretanha.
Zenit o entrevistou ao começar esta Quaresma na qual Bento XVI propôs redescobrir o valor do jejum, que «pode ajudar-nos a mortificar nosso egoísmo e a abrir o coração ao amor de Deus e do próximo, primeiro e sumo mandamento da nova lei e compêndio de todo o Evangelho.
Benefícios espirituais
Antes de tudo, explica que o jejum é um campo adaptado para permitir uma «autêntica conversão espiritual».
«As pessoas que vão aos nossos retiros, às vezes não crentes, estão em busca. Uma busca que tomará corpo durante a semana e à qual não sempre são capazes de dar um nome. Diante desta proposta da mudança, o jejum oferece recursos para dar este passo.»
«Para ajudá-los, se propõem-se momentos de acompanhamento individual com um monge, ainda que não se impõe nada. As pessoas que vêm têm necessidade de ser guiadas. Durante o retiro, realiza-se um trabalho considerável em cada pessoa e, em geral, têm necessidade de expressar o que sentem.»
«Este retiro oferece também a oportunidade de acompanhar os ofícios litúrgicos dos monges beneditinos e a vida de sua comunidade. Nós lhes propomos procurar viver a liturgia e entrar nela, ver como se desenvolve.»
«No dia em que nos despedimos, fazemos um balanço. Então, as pessoas conseguem colocar um nome ao que vieram buscar. Os frutos dependem de cada pessoa, mas o certo é que o jejum oferece respostas.»
Superar o medo e a privação
No âmbito psicológico, continua dizendo Normand, o jejum permite enfrentar «o medo da privação».
«É muito estimulante dar-se conta de que é possível conseguir. Em último termo, isso dá uma confiança pessoal muito forte: meu corpo tem recursos para viver períodos de escassez!»
Através do jejum, percebemos também as disfunções da nossa alimentação. Há pessoas que fazem excessos: isso permite tomar distância, reencontrar uma forma de higiene de vida, de bem-estar.
Normand reconhece que o jejum não é algo natural, pois «sempre provoca muita angústia a idéia de privar-se de alimentação».
«Ao colocar-nos em uma posição de humildade, renunciamos ao nosso apetite de poder. Vamos compreender o que é realmente necessário em nossas vidas e o que não é. Neste trabalho de introspecção e de distanciamento se compreende o que é excessivo em nossas vidas.»
Dimensão caritativa
Segundo o animador dos retiros, o jejum não é algo egoísta. «Não se jejua para si mesmo – adverte. O jejum nos abre aos demais e à vida de caridade. Por este motivo, propomos sistematicamente, ao final do retiro, que façam uma doação, que apoiem uma obra.»
«Assim, vivemos plenamente os carismas associados à vida de Cristo – conclui. Além da alegria do bem-estar físico, experimentamos a alegria de estar em comunhão com nossos irmãos e irmãs.»

Fonte: Zenit.