quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

“O que é que vocês estão procurando?”




SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM


Jo 1, 35-42


“O que é que vocês estão procurando?”
O autor do quarto Evangelho organizou o material dos versículos de 1, 19 - 2, 12 num esquema de sete dias, culminando com o primeiro sinal de Jesus - as bodas de Caná - que teve como conseqüência que “os seus discípulos creram nele” (2, 11). Assim, fez lembrar os sete dias de criação, pois com Jesus acontece a nova criação. Jesus não quis agir sozinho - e desde o início chamou para si um grupo de seguidores. Embora seja mais conhecido o relato dos Sinóticos, que descreve o chamado dos primeiros discípulos à beira do mar de Galiléia, talvez o relato do quarto Evangelho guarde uma tradição mais histórica - que os primeiros discípulos de Jesus eram seguidores de João, o Batista. O texto de hoje relata a vocação dos primeiros três discípulos - André, um discípulo anônimo (o Discípulo Amado?) e Simão Pedro. O chamado dos primeiros discípulos nos apresenta um retrato de vocação válido para todos os tempos e todas as pessoas. A primeira pergunta que Jesus fez é fundamental - “o que é que vocês procuram?” São as primeiras palavras de Jesus no Evangelho de João. Uma pergunta muito importante para todos nós hoje - o que é que nós procuramos na vida? O que é o mais importante para nós? Onde procuramos a nossa felicidade e realização? Não é uma pergunta meramente teórica - é a base da nossa vivência. Essa pergunta nos interroga - como interrogou os primeiros discípulos - sobre a busca que dá sentido à nossa vida. A resposta dos dois “Mestre, onde moras?” mostra que eles queriam criar comunhão com Jesus - e Ele lhes lança um desafio com o convite “venham e vejam”! Em João, “ver” tem o sentido de “crer” (Jo 6, 40). Não se trata simplesmente de conhecer o endereço d’Ele, mas algo muito mais profundo - descobrir quem é Jesus, descobrir que Ele veio do Pai e volta para o Pai através de uma vivência de comunhão com Ele, em comunidade de discipulado. Ambos escolhem unir as suas vidas e os seus destinos a Jesus, pois “ficaram com Ele”. Não é possível ser discípulo de Jesus sem que demos tempo para ficarmos com Ele - na oração, na reflexão, na leitura da sua Palavra. Mas, não basta conhecer Jesus de uma maneira intimista e individualista para ser discípulo. Logo, André procura partilhar a sua descoberta, fazendo com que o seu próprio irmão chegue a conhecer Jesus. Hoje também é fundamental que os cristãos testemunhem Jesus, para que outros possam crer n’Ele - e esse testemunho é dado muito mais pela nossa maneira de viver e agir do que com as nossas palavras. O terceiro discípulo do texto é Simão, que ganha o novo nome de “Pedro” - mudar o nome de uma pessoa, na Bíblia, muitas vezes, significa uma nova identidade, uma nova vocação (e.g. Abrão/Abraão, Jacó/Israel, Sarai/Sara etc). Pedro vai dar muitas cabeçadas antes de descobrir a sua verdadeira identidade. Aliás, só a encontra no fim do evangelho em Capítulo 21, quando confessa o seu amor incondicional para com Jesus e a comunidade, e ouve o convite definitivo do Mestre “Siga-me”. Pedro simboliza a experiência de todo discípulo - o seguimento de Jesus é uma caminhada de uma vida toda, com muitos erros e desvios. Mas, o amor incondicional de Deus é capaz de vencer todas as fraquezas e pecados. Ser discípulo é um aprendizado permanente - e para que façamos essa caminhada, é necessário que sigamos os passos dos primeiros discípulos - que saibamos com clareza o que procuramos na vida, que busquemos criar comunhão com Jesus e com a sua comunidade, e, que gastemos tempo com Ele. Assim, teremos a alegria imensa de fazer a grande descoberta da vida - e como os discípulos, chegarmos a realmente “crer n’Ele” - não de uma maneira teórica e difusa, mas através de uma experiência real do Deus da vida.


Fonte: Tomaz Hughes, SVD

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