sábado, 3 de abril de 2010

Judeus mostram solidariedade para com Papa, segundo Cantalamessa

O pregador da Casa Pontifícia, Raniero Cantalamessa, aproveitou sua intervenção por ocasião da Sexta-Feira Santa, na presença do Papa Bento XVI, para transmitir-lhe palavras de solidariedade recebidas por amigos judeus diante dos ataques midiáticos dos últimos dias.
Cantalamessa dedicou boa parte da sua pregação a refletir sobre a “lógica da violência” e sobre como Cristo a supera com seu sacrifício.
Em Cristo, “já não é o homem que oferece sacrifícios a Deus, mas é Deus quem se ‘sacrifica’ pelo homem (...). O sacrifício não mais se destina a ‘aplacar’ a divindade, mas a aplacar o homem, fazendo-o renunciar à sua hostilidade nas relações com Deus e com o próximo”.
“Somente ao abandonar a visão cristã (como fez Nietzsche) para retomar a pagã é que se perde esta conquista e volta-se a exaltar ‘o forte, o poderoso, até sua expressão mais sublime, o super-homem’, definindo-se a moral cristã como ‘uma moral de escravos’, fruto do ressentimento impotente contra os fortes.”
O pregador destacou que, “por uma rara coincidência, neste ano nossa Páscoa cai na mesma semana da Páscoa judaica, que é a matriz na qual esta se constituiu”.
“Isso nos estimula a voltar nosso pensamento aos nossos irmãos judeus. Estes sabem por experiência própria o que significa ser vítima da violência coletiva e também estão aptos para reconhecer os sintomas recorrentes.”
Neste sentido, referiu-se a uma carta de um amigo judeu, na qual este se solidariza com o Papa e com os católicos a propósito dos ataques recebidos de meios de comunicação do mundo inteiro pela suposta negligência do Papa diante de casos de pederastia no clero.
Cantalamessa quis ler um trecho desta carta na frente do Papa: o amigo judeu afirmou acompanhar “com desgosto o ataque violento e concêntrico contra a Igreja, o Papa e todos os féis do mundo inteiro”.
“O recurso ao estereótipo, a passagem da responsabilidade pessoal para a coletividade me lembram os aspectos mais vergonhosos do antissemitismo”, lê-se na carta.
O texto conclui expressando “ao Papa e a toda Igreja minha solidariedade de judeu do diálogo e de todos aqueles que no mundo hebraico (e são muitos) compartilham destes sentimentos de fraternidade”.

Fonte: Zenit.

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