O Papa Bento XVI quis hoje fazer um balanço de sua recente viagem a Malta, realizada no fim de semana passado, com os peregrinos presentes na Praça de São Pedro para a audiência geral.
Recordando que o propósito de sua viagem era a celebração do 1950° aniversário do naufrágio do apóstolo Paulo na costa do arquipélago maltês, ele assegurou que, igual ao santo, experimentou "a calorosa acolhida dos malteses - verdadeiramente extraordinária".
"Foi para mim motivo de alegria – e também de consolo – sentir o calor particular desse povo que proporciona o sentimento de uma grande família, unida pela fé e pela visão cristã da vida", afirmou o Papa.
"A célebre cruz de Malta, que todos associam a esta nação, foi tantas vezes agitada no meio de conflitos e disputas. Mas nunca perdeu, graças a Deus, o seu significado autêntico e perene: é um sinal do amor e da reconciliação, e é esta a verdadeira vocação dos povos que acolhem e abraçam a mensagem cristã!"
Dos momentos mais significativos de sua viagem, o Papa destacou sua peregrinação à gruta de São Paulo. "Pensar nesse pequeno arquipélago no centro do Mediterrâneo e em como chegou a ele a semente do Evangelho, suscita um sentimento de grande assombro frente aos misteriosos desígnios da Providência divina", afirmou.
"Foi a partir daquele naufrágio, ou melhor, da sucessiva permanência de Paulo em Malta, que nasceu uma fervorosa e sólida comunidade cristã, que, depois dois mil anos, permanece fiel ao Evangelho e se esforça por conjugá-lo com as complexas questões da época contemporânea."
Especialmente, louvou os malteses que sabem encontrar na visão cristã da vida a resposta aos novos desafios. "Disso é um sinal, por exemplo, o fato de ter mantido firme o profundo respeito pela vida não-nascida e pela sacralidade do matrimônio, escolhendo não introduzir o aborto e o divórcio no ordenamento jurídico do país." Outra das situações difíceis, a dos abusos sexuais por membros do clero, também foi enfrentada pelo Papa. "Com eles partilhei o seu sofrimento e foi comovidamente que com eles rezei, assegurando a ação da Igreja", disse.
O Papa aludiu também ao problema da imigração. "Malta está no centro de rotas de migração: como outrora São Paulo, arribam às costas de Malta homens e mulheres, por vezes impelidos por condições de vida muito duras ou por violências e perseguições, e isso comporta, naturalmente, complexos problemas no campo humanitário, político e jurídico, problemas de não fácil solução, mas que é preciso tentar resolver com perseverança e tenacidade, conjugando as intervenções a nível internacional. É bom que se faça isso em todas as nações que têm os valores cristãos na raiz das suas cartas constitucionais e das suas culturas".
Por último, recordou seu encontro com os jovens no porto de La Valletta. "Contemplei os jovens de Malta como os potenciais herdeiros da aventura espiritual de São Paulo, chamados, como ele, a descobrir a beleza do amor de Deus que nos foi dado em Jesus Cristo; a abraçar o mistério da sua cruz; a ser vencedores precisamente nas provações e nas tribulações; a não ter medo das “tempestades” da vida, nem tampouco dos naufrágios, porque o desígnio do amor de Deus é maior inclusive que as tempestades e os naufrágios".
Fonte: Zenit.
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