Bento XVI dirigiu-se hoje aos malteses convidando-os a conservar a fé que chegou à ilha com São Paulo, fato que, afirmou, “foi o maior de todos os dons que chegaram a estas costas através da histórias de seus povos”.
Perante milhares de pessoas congregadas na grande praça Granar de Floriana, ante a igreja de São Publio, o Papa recordou a passagem dos Atos dos Apóstolos, proclamada pouco antes, que narra o dramático naufrágio de Paulo nas costas de Malta, fato do qual se celebra o 1950º aniversário.
“Sei que a primeira leitura da Missa de hoje é uma das vocês mais gostam de escutar”, brincou o Papa com os fiéis.
“A tripulação do barco, para sair do apuro, viu-se obrigada a jogar fora o carregamento, os aparelhos e inclusive o trigo, que era seu único sustento. Paulo lhes exortou a colocar a confiança só em Deus, enquanto a embarcação era açoitada pelas ondas”, citou o Papa.
“Também nós devemos colocar nossa confiança só em Deus. Sentimo-nos tentados pela ideia de que a avançada tecnologia de hoje possa responder a todos nossas necessidades e nos salvar de todos os perigos que nos cercam. Mas não é assim”.
“Em cada momento de nossas vidas, dependemos completamente de Deus, em quem vivemos, movemo-nos e existimos. Só ele nos pode proteger do mal, só ele nos pode guiar através das tempestades da vida, só ele nos pode conduzir a um lugar seguro, como fez com Paulo e seus companheiros à deriva perante as costas de Malta”, afirmou o Papa.
Neste sentido, o Papa convidou os presentes a demonstrar esse mesma confiança: “mais que qualquer bagagem que podemos ter conosco – nossas conquistas humanas, nossas posses, nossa tecnologia –, o que nos dá a chave de nossa felicidade e realização humana é nossa relação com o Senhor”.
Tomando o Evangelho, no episódio em que Jesus ressuscitado pergunta três vezes a Pedro por seu amor, Bento XVI recordou que a missão da Igreja surge desse amor a Cristo, que “é o que deve dirigir todos os aspectos de nossa pregação e ensinamento, nossa celebração dos sacramentos e nossa preocupação pelo povo de Deus”.
Conservar a fé
O Papa convidou os cidadãos de Malta, país que nos últimos anos tem sofrido importantes mudanças sociais, a conservar a fé cristã. Ele afirmou que “nem tudo o que o mundo de hoje propõe é digno de ser assumido pelo povo maltês”.
“Muitas vozes tentam nos convencer de abandonar nossa fé em Deus e sua Igreja, e eleger por nós mesmos os valores e as crenças com que viver. Dizem-nos que não temos necessidade de Deus ou da Igreja”.
Perante essa tentação, o Papa recordou o episódio da pesca milagrosa narrado pelo Evangelho desde domingo, explicando que “os discípulos, todos eles pescadores experientes, tendo trabalhado toda a noite, não conseguiram um só peixe”.
“Depois, apresentando-se na margem, Jesus lhes disse onde lançar as redes, e a pesca foi tão grande que quase não conseguiam tirá-la. Abandonados a si mesmos, seus esforços resultaram inúteis; quando Jesus se pôs ao seu lado, conseguiram uma multidão de peixes”.
“Meus queridos irmão e irmãs, se colocamos nossa confiança no Senhor e seguimos seus ensinamentos, obtemos sempre grandes frutos”, exortou o Papa aos presentes.
“A pesca milagrosa manifesta que os apóstolos dependiam de Deus para o êxito de seus projetos na terra. O diálogo entre Pedro e Jesus sublinha a necessidade da misericórdia divina para curar suas feridas espirituais, as feridas do pecado”, acrescentou.
Fonte: Zenit.
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