O jornal da Santa Sé criticou o anúncio feito pelos EUA de que desenvolverá uma nova bomba, definida como “potentíssima”, capaz de atingir em uma hora qualquer alvo sobre a superfície do planeta.
“L'Osservatore Romano” observa que o novo clima de cooperação internacional que vem estreitando os laços entre EUA e a Federação Russa, e a crise econômica global, deveriam servir de oportunidade para que superpotência destinasse mais recursos ao desenvolvimento, e não na expansão de seu arsenal.
No artigo de título “A nova super-bomba norte-americana”, assinado por Giuseppe Fiorentino, destaca-se que o anúncio se deu poucos dias após a celebração, em Praga, da assinatura do novo tratado entre os EUA e a Federação Russa.
O jornal destaca a contradição da decisão tomada pelo presidente Barack Obama, prêmio Nobel da paz de 2009 e que disse “sonhar com um mundo livre da ameaça atômica”.
O artefato, dotado de uma ogiva convencional de grande poder de destruição, isto é, não nuclear, e cujo programa de desenvolvimento foi denominado Conventional Prompt Global Strike (CPGS), será propelido por mísseis Minuteman, capazes de voar a mais de 115 quilômetros de altitude, e será dotado do mais sofisticado sistema de navegação por satélite, que o permitirá atingir qualquer alvo na superfície terrestre com altíssima precisão.
O projeto foi inicialmente proposto no governo Bush, mas foi suspenso devido a protestos de Moscou.
O jornal destaca as preocupações expressas pelo Kremlin: “Se os Minuteman usados como vetor são capazes também de transportar ogivas nucleares, como é possível estabelecer se o lançamento de um míssil CPGS não constitui na verdade um ataque nuclear?”.
“Mas, provavelmente, a administração Obama considera hoje poder dar à Rússia – e talvez também à China – as garantias necessárias para evitar qualquer mal-entendido: os silos dos CPGS estariam localizados em áreas diferentes daqueles que contém mísseis nucleares, e poderiam ser inspecionados periodicamente”.
“Uma abertura devida à atmosfera de confiança que hoje se verifica nas relações entre Washington e Moscou, e também à aproximação que a crise econômica global impôs entre os EUA e a China”, acrescenta o “L'Osservatore Romano”.
“Mas talvez este clima inédito de cooperação entre as potências pudesse ser aproveitado de maneira diversa”, por exemplo “no favorecimento das políticas de desenvolvimento que, de acordo com os especialistas, seriam realmente capazes de livrar o mundo da recessão”, sustenta Giuseppe Fiorentino.
Os testes com o novo armamento norte-americano devem ser iniciados em 2014. Por volta de 2017, já deve estar operacional.
“Até lá, Obama já terá deixado a Casa Branca. Mas a super-bomba poderá se transformar numa herança discutível de sua causa contra a proliferação nuclear”, conclui o artigo.
Fonte: Zenit.
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