O arcebispo de San Salvador, José Luis Escobar Alas, lamentou no último domingo a aprovação de uma lei que converte em crime a imigração ilegal no Arizona, EUA, e pediu que sejam respeitados os direitos fundamentais dos imigrantes flagrados sem documentos.
A lei SB1070, que criminaliza a imigração ilegal, foi promulgada nessa sexta-feira pela governadora do Estado, Jan Brewer. Converte em delito a presença ilegal no Estado e confere à polícia a autoridade de questionar a condição de uma pessoa sempre que existir “suspeita razoável” de que seja um imigrante ilegal.
“Expressamos nosso total desacordo com relação à lei recentemente aprovada no Estado do Arizona, EUA, por ser gravemente injusta, uma vez que incrimina nossos irmãos sem documentos, imigrantes, como se fossem delinquentes", declarou Dom José Luis Escobar Alas em uma coletiva de imprensa.
Na visão do arcebispo, e entrada em vigor da nova lei representará uma violação dos direitos fundamentais dos imigrantes, e por isso “é repudiável em todos os sentidos”.
O prelado expressou a esperança de que seja aprovada nos EUA “uma reforma migratória integral” que permita revogar tais leis arbitrárias, e destacou que os imigrantes são “pessoas honestas, trabalhadoras e de grande dignidade”.
A aprovação da lei provocou a reação de diversos governos de países latino-americanos e várias manifestações pelas ruas. Grupos de defesa dos direitos humanos e representantes dos latinos planejam um boicote ao Estado do Arizona em resposta à aprovação da lei. Como parte do boicote, caminhoneiros deixarão de transportar produtos pelo território do Arizona.
México, Guatemala, Honduras e El Salvador reagiram em uníssono – são os países de origem da maior parte dos imigrantes dos EUA.
O México alertou que a nova legislação “representa um obstáculo para a solução dos problemas comuns na região fronteiriça com os EUA”, e que pode comprometer a relação com o Arizona.
O chanceler hondurenho, Mario Canahuati, disse que a lei “pisoteia” os direitos dos imigrantes; o governo guatemalteco assinalou que “ameaça as noções básicas de justiça”, enquanto o chanceler salavadorenho, Hugo Martínez, disse temer que lei deflagre uma “perseguição contra pessoas que trabalham, contribuem para a economia e pagam seus impostos nos EUA”.
O Arizona é um dos principais pontos de entrada para os imigrantes ilegais nos EUA, e ali vivem mais de 1,8 milhão de latinos – cerca de 29% da população total – dos quais, estima-se, 420 mil não tenham documentação.
O Fundo Mexicano-Americano de Defesa Legal e Educação anunciou que entrará na justiça contra a nova legislação migratória, enquanto a Coligação Nacional do Clero Latino e o Fundo de Dirigentes Cristãos para a Defesa Legal, que reúne igrejas evangélicas em todo os EUA, assinalaram que recorrerão à justiça federal para impedir que a lei seja aplicada no Arizona.
Fonte: Zenit.
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