quarta-feira, 7 de abril de 2010

Igrejas pedem calma aos sul-africanos

O Conselho de Igrejas (SACC) e a Organização Nacional Cívica (Sanco) da África do Sul pediram ontem aos políticos que ofereçam uma “liderança para a reconciliação”, depois da comoção que envolveu o país após o assassinato do líder branco de ultra-direita, Euegene Terreblanche. Em uma declaração divulgada ontem pelo seu Secretário-Geral, Eddie Makue, o Conselho de Igrejas pede “um passo avante” aos partidos para liderar a reconciliação “necessária para o país neste momento”.
O Secretário-Geral pede ainda que “essa liderança exclua discursos incendiários ou canções que possam levar o país a uma espiral de violência”, em referência à canção “matar os boer, matar os granjeiros”, um hino do período do “apartheid”.
Nos últimos dois meses, o líder da liga juvenil do Congresso Nacional Africano – no governo -, Julius Malema, entoa em seus encontros essa canção, que na semana passada foi proibida pelos tribunais depois de várias denuncias de organizações políticas e da defesa dos direitos humanos dos que falam africâner.
“Estamos emocionados pelo assassinato do senhor Terreblanche e condenamos e rechaçamos qualquer tentativa de justificar este ato”, indica Makue, acrescentando que este fato pode “dividir o país” e “destruir os avanços feitos para a reconciliação” desde o fim do regime segregacionista do apartheid em 1994.
Por sua vez, Sanco, influente organização presente nos bairros negros do país, também condenou ontem em um comunicado o assassinato, e pediu “calma” à população e “moderação” aos líderes políticos. “Pedimos aos nossos líderes que atuem com extrema moderação e não façam declarações incendiárias que possam incitar à violência e à anarquia”, afirma a nota, que pede que o assassinato de Terreblanche acabe com as mortes violentas de granjeiros brancos no país, cerca de 3.000 desde o fim do apartheid 16 anos atrás.
Essas declarações estão em linha com a declaração feita pelo presidente, Jacob Zuma, na qual sublinhou que “nós os líderes temos que pensar antes de fazer declarações públicas que possam ser mal interpretadas” e encoraja aqueles que são estão na oposição a trabalhar para construção de uma nova nação.
O partido de Terreblanche, o Movimento de Resistência Africâner (AWB), responsabilizou o Governo, o Congresso Nacional Africano, e diretamente, Julius Malema, pelo assassinato assegurando que ele será “vingado”.
O Congresso Nacional Africano e o Ministro para a Segurança, Nathi Mthethwa, que foi até a granja de Terreblanche, onde ocorreu o crime, procuraram esclarecer o crime, ao destacar que tudo indica que se tratou de uma disputa trabalhista, porém a emoção causada pelo assassinato indica o temor de graves conseqüências.
Terreblanche foi morto no último sábado a machadadas em sua granja no noroeste do país, e a polícia acusou do assassinato um homem de 21 anos e um menor de 15, ambos, negros, que declararam que tinham discutido com ele por causa do não pagamento do trabalho.

Fonte: Rádio Vaticano

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