Bento XVI afirmou nesta quarta-feira que o homem, para estabelecer uma reta relação com a natureza, deve primeiramente reconhecer sua condição de criatura.
O Papa enviou uma mensagem à Igreja no Brasil nesta Quarta-Feira de Cinzas, quando inicia no país a tradicional Campanha da Fraternidade, que todo ano visa a despertar a solidariedade dos católicos e da sociedade em relação a um problema concreto. Este ano discute-se durante a Quaresma o tema “Fraternidade e vida no Planeta”.
Na mensagem enviada ao presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Geraldo Lyrio Rocha, Bento XVI expressou sua “viva satisfação” em se unir “uma vez mais, a toda Igreja no Brasil que se propõe percorrer o itinerário penitencial da quaresma”, pedindo “a mudança de mentalidade e atitudes para a salvaguarda da criação”.
Citando o lema da Campanha – "a criação geme em dores de parto" – o Papa afirmou que se pode “incluir entre os motivos de tais gemidos o dano provocado na criação pelo egoísmo humano”.
“Contudo – prosseguiu o pontífice –, “é igualmente verdadeiro que a ‘criação espera ansiosamente a revelação dos filhos de Deus’”. “Assim como o pecado destrói a criação, esta é também restaurada quando se fazem presentes ‘os filhos de Deus’, cuidando do mundo para que Deus seja tudo em todos”.
Bento XVI indicou que o primeiro passo para “uma reta relação com o mundo que nos circunda é justamente o reconhecimento, da parte do homem, da sua condição de criatura”.
“O homem não é Deus, mas a Sua imagem; por isso, ele deve procurar tornar-se mais sensível à presença de Deus naquilo que está ao seu redor: em todas as criaturas e, especialmente, na pessoa humana há uma certa epifania de Deus.”
O homem “só será capaz de respeitar as criaturas na medida em que tiver no seu espírito um sentido pleno da vida; caso contrário, será levado a desprezar-se a si mesmo e àquilo que o circunda, a não ter respeito pelo ambiente em que vive, pela criação”, afirma o Papa.
Segundo Bento XVI, a primeira ecologia a ser defendida é a "ecologia humana".
O Papa explicou que nunca se poderá falar de uma autêntica defesa do meio ambiente “sem uma clara defesa da vida humana, desde sua concepção até a morte natural; sem uma defesa da família baseada no matrimônio entre um homem e uma mulher”.
E também “sem uma verdadeira defesa daqueles que são excluídos e marginalizados pela sociedade, sem esquecer, neste contexto, daqueles que perderam tudo, vítimas de desastres naturais”.
De acordo com o Papa, o dever de cuidar do meio-ambiente “é um imperativo que nasce da consciência de que Deus confia a Sua criação ao homem não para que este exerça sobre ela um domínio arbitrário, mas que a conserve e cuide como um filho cuida da herança de seu pai, e uma grande herança” confiada por Deus.
Fonte: Zenit - (Alexandre Ribeiro)
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