O Papa Bento XVI recordou hoje a importância de "amar a Sagrada Escritura" e "crescer na familiaridade com ela", aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para a audiência geral.
O Santo Padre quis introduzir hoje a figura de São Lourenço de Brindes, retomando assim o seu ciclo de Doutores da Igreja, interrompido com o início da Quaresma.
Deste santo italiano, o Pontífice destacou sobretudo seu "grande amor pela Sagrada Escritura, que ele conhecia de memória", assim como sua convicção "de que a escuta e o acolhimento da palavra de Deus produzem uma transformação interior que nos conduz à santidade".
"A Palavra do Senhor - citou o Papa, dos escritos do santo - é luz do intelecto e fogo para a vontade, para que o homem possa conhecer e amar a Deus. Para o homem interior, que, por meio da graça, vive do Espírito Santo, é pão e água, mas pão doce como o de mel e água melhor do que o vinho e o leite. (...) É um martelo contra um coração duramente obstinado nos vícios. É uma espada contra a carne, o mundo e o demônio, para destruir todo pecado".
São Lourenço de Brindes "nos ensina a amar as Sagradas Escrituras, a crescer na familiaridade com ela, a cultivar cotidianamente a relação de amizade com o Senhor na oração, para que todas as nossas ações, toda a nossa atividade tenham n'Ele seu começo e seu cumprimento".
"Esta é a fonte à qual recorrer para que o nosso testemunho cristão seja luminoso e capaz de conduzir os homens do nosso tempo a Deus", acrescentou.
Este insigne teólogo nasceu em Brindes (Itália) em 1559 e, ainda muito jovem, entrou na Ordem dos Capuchinhos. Foi um homem de grande cultura, que dominava vários idiomas, assim como línguas antigas (grego, hebraico, siríaco).
Graças a isso e ao seu conhecimento da literatura rabínica e dos Padres da Igreja, Lourenço "foi capaz de realizar um intenso apostolado, com diversas categorias de pessoas", incluindo o diálogo com os judeus e os seguidores de Lutero.
"Em sua apresentação clara e tranquila, mostrava o fundamento bíblico e patrístico de todos os artigos de fé postos em discussão por Martinho Lutero. Entre eles, o primado de Pedro e de seus sucessores, a origem divina do episcopado, a justificação como transformação interior do homem, a necessidade das boas obras para a salvação."
"O êxito de Lourenço nos ajuda a compreender que, também hoje, levar adiante o diálogo ecumênico com tanta esperança e a confrontação com as Sagradas Escrituras, lidas segundo Tradição da Igreja, são parte irrenunciável e de fundamental importância", acrescentou o Papa.
Evangelização e oração
O Papa também falou de São Lourenço como modelo de apóstolo, afirmando que, "também hoje, a nova evangelização tem necessidade de apóstolos bem preparados, com zelo e coragem".
Este testemunho, disse, é necessário "para que a luz e a beleza do Evangelho prevaleçam sobre as tendências culturais do relativismo ético e da indiferença religiosa, e transformem os modos de pensar e agir em um autêntico humanismo cristão".
Em meio a tantos trabalhos, "cultivou uma vida espiritual de fervor excepcional, dedicando muito tempo à oração e, especialmente, à celebração da Santa Missa".
"Na escola dos santos, cada sacerdote, como muitas vezes se sublinhou durante o recente Ano Sacerdotal, pode evitar o perigo do ativismo, de agir esquecendo das motivações profundas do ministério, somente se cuidar de própria vida interior", sublinhou o Pontífice.
Rezar, explicou, "é o primeiro serviço a prestar à comunidade. Por isso, os momentos de oração devem ser, na nossa vida, uma verdadeira prioridade. (...) Mas se não estivermos em comunhão com Deus, nada poderemos dar também aos outros. Por isso, Deus é a primeira prioridade".
Por último, destacou o trabalho do santo em favor da paz, recordando que lhe foram repetidamente confiadas "importantes missões diplomáticas para resolver controvérsias e promover a concórdia entre os Estados europeus, naquele momento ameaçados pelo Império Otomano".
"Hoje, como nos tempos de São Lourenço, o mundo precisa de homens e mulheres pacíficos e pacificadores. Todos os que creem em Deus devem ser sempre fontes e construtores de paz", concluiu o Papa.
Fonte: Zenit.
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