Como observado pela agência ‘AsiaNews’ na sexta-feira, 18 de março, a comunidade cristã da Malásia criticou duramente a decisão das autoridades do país asiático de colocar o selo oficial do Ministério do Interior em quase 5,1 mil cópias da Bíblia em língua malaia,importadas da Indonésia em nome da Sociedade Bíblica da Malásia (BSM) e bloqueadas desde 20 de março de 2009 no porto de Klang, no Estado de Selangor (Malásia Peninsular).
Mesmo que a BSM não tenha dado permissão, o Ministério (Kementerian Dalam Negeri ou KDN, na sigla em malaio) informou à organização que, em 16 de março passado, colocou na capa de cada exemplar o seguinte texto: "Advertência: Esse 'Al Kitab Berita Baik' é somente para uso dos cristãos. Por ordem do Ministério do Interior". Segundo as autoridades da Malásia, "carimbar" e numerar cada exemplar para garantir o "rastreamento" é a única maneira de desbloquear as cópias das Sagradas Escrituras ou "Al Kitab" ("O escrito" ou "O livro", em árabe e malaio).
A reação da BSM foi imediata e mais que explícita. Também foi clara a rejeição da Federação Cristã da Malásia (CFM), organização fundada em 1985, que reúne quase todas as denominações cristãs do país, incluindo a Conferência Episcopal da Malásia. "Qualquer pessoa que respeite as Escrituras ficaria horrorizada com esta ação. Não aceitaremos uma profanação da Bíblia, porque a Palavra de Deus é sagrada para nós", afirma um comunicado do presidente do CFM, Ng Moon Hing (‘AsiaNews’, 18 de março).
Para o bispo anglicano da Malásia Ocidental, a intervenção do Ministério do Interior dá a entender que a Bíblia em bahasa (língua comum da Malásia) é "agora tratada como um produto controlado, e a palavra de Deus é objeto de controle por parte do homem. Isto é completamente ofensivo para os cristãos".
Na raiz dos bloqueios repetidos da Bíblia em língua malaia está a questão do uso, pelos cristãos, da palavra "Alá" para referir-se a Deus, o que explodiu no último dia 7 de janeiro de 2009, quando o Ministério do Interior proibiu a arquidiocese de Kuala Lumpur de usar o termo na seção de idioma malaio do seu informativo semanal, o ‘Herald Weekly’. Segundo o Ministério, o uso do termo por parte de não-muçulmanos pode "criar confusão e prejudicar a ordem pública (‘AsiaNews’, 25 de fevereiro de 2009); e também pode induzir os muçulmanos a se converterem ao cristianismo.
As fontes confirmam o fato de que os cristãos da Malásia usavam a palavra "Alá" antes do nascimento do Estado Federal da Malásia, que ocorreu em 1963. Um dicionário latim-malaio do século XVII demonstra, sem equívocos, o uso do termo em sentido cristão. Trata-se do ‘Dictionarium Malaicum-Latinum’ e ‘Latinum-Malaicum’, publicado no distante 1631, em Roma, e reeditado recentemente, com a intenção de manter a posição da Igreja Católica. "E também para demonstrar que o cristianismo leva muito tempo aqui: 400 anos", disse o diretor do ‘Herald’, Lawrence Andrew (‘AsiaNews’, 22 de janeiro).
Fonte: Zenit - (Paul De Maeyer)
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