"Em uma época de dúvidas crescentes, de incerteza sobre como transmitir a fé numa Europa profundamente confusa sobre a própria identidade cristã", Bento XVI quis levar os homens a Jesus.
Esta foi a reflexão central de Dom Gerhard Ludwig Müller, bispo de Ratisbona, falando na última quinta-feira em Roma, na Basílica de São João de Latrão, no encontro realizado com o título "Jesus de Nazaré: apresentação do livro de Bento XVI", dentro do ciclo "Diálogos na Catedral 2011".
O cardeal Vallini, que presidiu o encontro, agradeceu ao Papa "por refutar as interpretações de Jesus de Nazaré que nos foram dadas pelas teorias e teologias da revolução e por ter nos explicado de forma convincente a natureza de Cristo Messias".
"E já se disse - recordou o purpurado - que este livro não foi escrito por um professor, mas por um enamorado que dá ao leitor um testemunho comovente; e depois de ler o livro, acho que isso é verdade."
Tomando a palavra, Dom Müller explicou que "tornar a figura de Jesus acessível aos homens que estão em risco de ser atingidos pelas tempestades do nosso tempo e da história é, certamente, uma empresa que vai além da paixão de um ex-professor de Teologia, cuja ocupação preferida é escrever livros".
"Aqui não se trata de mais um livro sobre Jesus", e sim de "ocupar-se do próprio Jesus e, através dele, da nossa relação com Deus e do encontro com Jesus". "A fé cristã é um encontro com uma pessoa" e, "substancial e essencialmente, uma relação de pessoa a pessoa, e não entre uma pessoa e uma ideia ou lei moral, ou espírito objetivo de direito ou ciência, religião, cultura e filosofia"; portanto, "Jesus é decisivo para o êxito ou fracasso da minha vida".
Em sua reflexão, Marcello Pera, senador italiano, reconhecendo que não é um especialista em exegese bíblica, perguntou-se: "Qual seria o papel da figura e da mensagem de Jesus na vida individual e coletiva?", já que o livro de Bento XVI é "um encontro com a pessoa de Jesus, e não uma visão reducionista ligada a um homem importante". Portanto, em resumo: para que serve Jesus?
"Para o crente - respondeu Pera -, Jesus serve para a nossa salvação. E para os outros, para a nossa liberdade. (...) O que o tornou importante penalmente? Uma revolução, uma revolta contra as autoridades políticas, afirmar-se como uma autoridade?" Não, disse Pera; embora se tratasse de "uma nova religião para Pilatos, que fazia parte de um império tolerante", o seu não era um crime. Pilatos "lava as mãos diante do problema da verdade".
E aqui fez uma observação: "Como Pilatos, também nós não estamos preparados para o problema da verdade". Além disso, uma corrente de pensamento "nos deu uma teoria de consolo: a verdade não compete à política, à ética, à religião, mas à ciência e a tudo o que é cientificamente verificável". Portanto, segundo Pera, "para os leigos modernos, Pilatos estava certo ao lavar suas mãos, visto que não existe nenhum outro reino após a morte: não existe ou é irrelevante".
"O terno 'pilatesco' se aplica bem ao leigo moderno que não assume a responsabilidade da verdade." E como o Papa no livro, Pera também se perguntou "se a política pode assumir a verdade como uma qualidade própria ou se deve abandonar a verdade, buscando a objetividade, procurando a paz e a justiça com as ferramentas de que dispõe". E concluiu recordando que "a laicidade não é suficiente para si mesma. A verdadeira laicidade envolve o cristianismo".
Fonte: Zenit.
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