"Não existe cristianismo sem cruz" e esta é, por sua vez, sede da "autêntica esperança", disse o cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, no domingo passado, ao presidir uma Missa em sufrágio por Shahbaz Bhatti, o ministro paquistanês assassinado em 2 de março.
"A cruz nos leva a dar a vida pelos irmãos", recordou o cardeal, na homilia da celebração realizada no Colégio Pontifício de São Pedro Apóstolo, de Roma. "Ela nos lembra que o amor é mais forte que o ódio", "ajuda-nos a compreender melhor que há mais alegria em dar do que em receber".
"A cruz significa que Deus é sempre maior do que nós, os homens, e, sobretudo, que a vida é mais forte que a morte", acrescentou.
Em Jesus crucificado, prosseguiu o cardeal, "descobrimos também um pouco da imensidão do amor divino que redime. A cruz nos revela o rosto misericordioso de Cristo, que sempre nos abre o caminho da esperança".
Testemunha exemplar
"Ser um cristão é fazer sempre uma escolha - recordou: entre a luz e a escuridão, entre a fé e a lei, entre a vida e a morte, entre o Deus revelado por Jesus e a sabedoria humana, entre servir e dominar."
Para o cardeal, "a vida luminosa de Shahbaz Bhatti" é um exemplo: "ele escolheu Cristo como salvador, a Igreja como mãe, cada ser humano como irmão. Foi coerente até o final. Sua vida foi e será sempre uma vida imolada, um sacrifício oferecido a Deus".
"Já que, desde criança e como homem, Shahbaz deixou que Jesus crucificasse seu olhar e abrisse seu coração, ele não teve medo algum, inclusive teve a coragem de servir seus irmãos cristãos e não-cristãos, seu país, oferecer seus serviços à Igreja, arriscando sua própria vida."
"Agradeçamos a Deus por ter colocado em nosso caminho este autêntico 'mártir', ou seja, 'testemunha' da fé cristã, que soube ‘dizer' e 'fazer'."
"Não existe cristianismo sem a cruz", recordou o cardeal Tauran.
"A mensagem do Evangelho sempre incomodará. Mas o amor dos cristãos por todos será sempre conforto, luz e solidariedade em meio à violência", disse ele.
"Não faltarão jamais cristãos capazes de portar a luz do Evangelho em sua pessoa, sem destruí-lo, mas purificando-o."
O purpurado recordou as duas Missas celebradas em Islamabade e Lahore, em novembro passado: "No domingo, 28 de novembro, o ministro Bhatti me recebeu no aeroporto de Lahore e me disse: ‘Eu sei que vou ser assassinado. Ofereço a minha vida por Cristo e pelo diálogo inter-religioso'", confessou.
"No fundo - concluiu ele -, o pecado, o mistério do mal que parece dominar o cenário mundial, tem, talvez, simplesmente a função de dar a Deus a alegria de perdoar, e nos exorta a ser, nos caminhos da vida, em que Jesus vai à nossa frente, anunciadores da sua presença, certos de que agora recebemos a reconciliação, para sermos também conciliadores dos homens com Deus, por meio da cruz."
Fonte: Zenit.
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