“Deus é aquele que se faz menino quando o queremos todo-poderoso, faz-se frágil quando o queremos forte, faz-se compassivo quando o queremos dominador. Deus é aquele que vem, entra na nossa história, faz-se gente, pisa neste chão”.
A Igreja Católica celebra, nestes primeiros dias de dezembro o tempo do advento. É o tempo de proclamar e testemunhar que “a nossa salvação está mais próxima agora, do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11).
Esse tempo que antecede o Natal nos põe em ritmo de espera e esperança. Cria atitude de chegada e de acolhida. É o Senhor Deus que vem. Ele quer ser acolhido por cada um de nós, pelas comunidades e por toda humanidade.
A experiência da vida ensina que esperar uma pessoa querida cria uma expectativa. Há o cuidado da preparação do ambiente, da acolhida, manifestação do amor e carinho. A atitude de acolher bem as pessoas proporciona um ambiente de diálogo, de alegria e de confiança.
Esperar a chegada do Senhor é desenvolver a sensibilidade para perceber os sinais da presença do Deus na vida, na comunidade e na sociedade apesar dos desafios da realidade humana e da realidade social.
No Advento, somos chamados a manifestar os sinais de Deus no meio de um mundo marcado por fome, desigualdades sociais, guerras, violência e males que afligem a humanidade, desfiguram o rosto das pessoas e expressam a ausência de Deus na vida.
Deus que vem, quer vida. O advento é tempo para uma revisão de vida, para recriar novas relações na sociedade, criar novas estruturas em favor dos pequenos e dos pobres.
O profeta Isaias clama: “Esta é a voz que grita no deserto: preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas estradas para que todas as pessoas possam ver a salvação de Deus” (cf Lc 3,5).
A preparação da vinda do Senhor concretiza-se em gestos concretos de solidariedade. Muitas iniciativas de partilha acontecem nas famílias e nas comunidades. A preparação do Natal recria dentro de nós maior sensibilidade em favor dos que sofrem e vivem à margem da vida.
O Advento é um chamado para “endireitar os caminhos tortuosos”, para construir uma sociedade marcada pela justiça, partilha, igualdade onde todos têm acesso às necessidades básicas como alimento, saúde, moradia, educação, lazer e dignidade humana.
Deus quer nascer no “presépio do mundo” e ser sinal de vida, de esperança e de salvação. A nossa atitude é de acolhimento, de mudança das estruturas para recriar um mundo novo. “Deus vem ao nosso encontro”. A iniciativa é dele. Ele nos amou por primeiro. Mas Deus espera que cada um saiba acolher o irmão para nele ver e sentir a presença de Deus.
(*) Dom Juventino Kestering é bispo diocesano
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